Governo admite que ainda há muitas crianças fora do sistema de ensino

A ministra de Estado para a Área Social de Angola admitiu hoje, no lançamento do ano lectivo, que há ainda muitas crianças fora do sistema de ensino, apelando também ao reforço das regras de higiene e segurança contra a Covid-19.

“O PIIM [Plano Integrado de Intervenção nos Municípios] construiu mais de 500 escolas e mesmo assim não vão ser suficientes para os meninos todos. Ainda vamos ter muitos meninos fora do sistema de ensino, mas a ministra da Educação e a equipa dela estão a trabalhar para ver como é que através de aulas virtuais, das novas tecnologias [podem ultrapassar esses desafios]”, disse Carolina Cerqueira no acto de lançamento do ano lectivo 2021/2022, numa intervenção veiculada pela rádio pública angolana.

Citada também pela agência noticiosa angolana, Angop, Carolina Cerqueira, que procedia hoje em Menongue, capital da província do Cuando Cubango, à abertura oficial do ano lectivo 2021/2022, disse que é preciso, a partir de agora, não descurar as regras de higiene e de biossegurança, que o novo coronavírus causador da Covid-19 obrigou a reforçar.

A governante considerou que é necessário incentivar a adesão maciça ao programa de vacinação contra o coronavírus, bem como o cumprimento das recomendações das autoridades sanitárias, para que se tenha “um ano lectivo com mais saúde e bem-estar”.

Segundo a ministra, apesar da pandemia, o executivo angolano encontrou formas de minimizar os seus impactos negativos com a paralisação do ano lectivo, recorrendo à difusão de aulas através de parcerias com as televisão e rádio públicas, tendo para o efeito sido formados 1.173 professores em métodos de ensino aberto e à distância.

De acordo com a ministra de Estado para a Área Social, além dos constrangimentos relacionados com o calendário escolar e a programação das aulas, a pandemia causou também dificuldades acrescidas no que diz respeito à conclusão dos programas curriculares, nos vários níveis de ensino.

O número de alunos angolanos que ficaram fora do sistema de ensino este ano não foi divulgado, mas só na província do Cuando Cubango chegam a 30.000, sendo necessárias 600 salas de aulas para reversão deste quadro.

Na sua intervenção na cerimónia de lançamento do novo ano lectivo, o governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, referiu que o investimento no capital humano e nas infra-estruturas tem que continuar, “porque muito há ainda por fazer” para se reduzir o défice de salas de aulas e, consequentemente, o número de crianças fora do sistema escolar.

“De igual modo, pretendemos superar nos próximos tempos o défice de salas de aulas no primeiro e segundo ciclos, que é de 50% no primeiro e cerca de 90% no segundo ciclo. Queremos com isso dizer, que cinco em cada dez crianças que terminam o ensino primário não prosseguem os seus estudos e nove em cada dez crianças não atingem o segundo ciclo”, indicou Júlio Bessa.

Lusa

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