Génios aMPLAmente (in)competentes

A Polícia do MPLA (eufemisticamente chamada “angolana”) impediu hoje uma manifestação de jovens activistas, em Luanda, que pretendiam “exigir alternância política” em Angola. Que melhor alternativa é que os jovens poderão querer quando o país tem o mesmo partido no governo apenas há… 45 anos?

No local esteve um grande dispositivo policial com vários meios, incluindo brigada canina e cavalaria, e foram erguidas barricadas de pneus incendiados nas estradas, com os serviços de bombeiros chamados a extinguir o fogo.

Os propósitos e motivações desta marcha, que devia culminar a 100 metros do sagrado, divino, celestial etc. palácio presidencial, foram apresentados esta semana em conferência de imprensa, em Luanda, por um grupo de jovens activistas da denominada Sociedade Civil Contestatária.

“45 anos é muito, MPLA fora” era o lema da manifestação agendada para hoje, feriado nacional em Angola, em celebração do 60.º aniversário do Dia do Início da Luta de Libertação Nacional.

“Entendemos que 45 anos de governação é muito tempo e, ao longo desse tempo, o MPLA quase nada fez, antes pelo contrário, piorou, com várias assimetrias sociais, brindou o povo com assassínios em série, com desemprego, com uma saúde e educação deficitárias, com a corrupção e outros males”, afirmou na quarta-feira o activista e um dos organizadores da marcha, Geraldo Dala.

Não é bem assim, recorde-se. Ao longo de 45 anos o MPLA continua a plantar as couves com a raiz para cima, não conseguiu produzir riqueza mas bateu recordes na produção de milionários, criou 20 milhões de pobres, e teve sucesso na tentativa de ensinar os angolanos a viver sem comer… Além disso, promete que nos próximos 55 anos conseguirá colocar Angola ao nível do que os portugueses deixaram a então colónia em… 1974.

Segundo o activista, o MPLA “já não tem nada para dar para o país”, considerando ser “um projecto político falhado em Angola cujo propósito dos seus dirigentes é apenas a manutenção no poder”.

Geraldo Dala disse que esta é a segunda manifestação que o movimento organiza visando “despertar os angolanos” e, por outro lado, “mostrar que o povo quer alternância política”.

Na verdade, se for dada a possibilidade de o MPLA chegar ao centenário de governação ininterrupta (“só” faltam os tais 55 anos) Angola atingirá os níveis de 1974, altura em que era o terceiro maior produtor mundial de café; o quarto maior produtor mundial de algodão; o primeiro exportador africano de carne bovina; o segundo exportador africano de sisal e o segundo maior exportador mundial de farinha de peixe.

Angola, em 1974, por via do Grémio do Milho tinha a melhor rede de silos de África; o CFB – Caminho de Ferro de Benguela, do Lobito ao Dilolo-RDC; o CFM – Caminho de Ferro de Moçâmedes, do Namibe até Menongue; o CFA – Caminho de Ferro de Angola, de Luanda até Malange e o CFA – Caminho de Ferro do Amboim, de Porto Amboim até à Gabela.

Angola, em 1974, tinha no Lobito estaleiros de construção naval da SOREFAME; pelo menos três fábricas de salchicharia; quatro empresas produtoras de cerveja, de proprietários diferentes; pelo menos quatro fábricas diferentes de tintas; pelo menos duas fábricas independentes de fabricação ou montagem de motorizadas e bicicletas; pelo menos seis fábricas independentes de refrigerantes, nomeadamente da Coca-Cola, Pepsi-Cola e Canada-Dry, bebidas alcoólicas à base de ananás ou de laranja. E havia ainda a SBEL, Sociedades de Bebidas Espirituosas do Lobito.

Angola, em 1974, tinha a fábrica de pneus da Mabor; três fábricas de açúcar, a da Tentativa, a da Catumbela e a do Dombe Grande, sendo que, como estas fábricas depois começaram a criar ferrugem por culpa dos malandros dos colonos que se foram embora, os amigos cubanos do MPLA lá as empacotaram e as levaram para a terrinha deles.

Angola, em 1974, era o maior exportador mundial de banana, graças ao Vale do Cavaco…

Tinha ainda a linha de montagem da Hitachi, dos óleos alimentares da Algodoeira Agrícola de Angola, e da portentosa indústria pesqueira da Baía Farta e de Moçâmedes, e da EPAL, fábrica de conservas de sardinha e de atum, e…, e…

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