E que tal conhecer o país real?

O projecto saúde móvel “Nascer Livre para Brilhar” iniciou um programa de formação para técnicos de saúde, com o objectivo de reforçar os conhecimentos ligados ao atendimento clínico adequado para a prevenção da transmissão de HIV da mãe para o filho.

Em Luanda serão capacitados 30 técnicos de saúde de 10 unidades sanitárias entre os dias 30 de Junho e 2 de Julho, no Instituto de Técnicos de Saúde de Luanda. Na província do Cunene serão formados 25 técnicos de 10 unidades de saúde.

Além dos técnicos de saúde, o projecto irá também formar parteiras tradicionais e Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (Adecos).

A meta é aposta em conhecimentos mais actualizados relacionados com o acompanhamento das gestantes e o incentivo ao comparecimento às consultas pré-natais e procura pelo parto institucional, o que contribuirá para que casos de mães seropositivas possam ser detectados a tempo.

O projecto “saúde móvel Nascer Livre para Brilhar”, implementado pela Unitel e pela Organização Não-Governamental People in Need, é liderado pela primeira-dama, Ana Dias Lourenço.

Filhos da fome algum dia irão ser livres e brilhar?

Recorde-se que a primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, convidou a duquesa Meghan Markle, mulher do príncipe Harry, a apoiar o projecto “Nascer Livre para Brilhar”, que visa eliminar a transmissão à nascença do vírus do HIV.

Será possível que quem é gerado com fome, nasce com fome e cresce com fome algum dia seja livre e possa brilhar?

O convite, recorde-se, foi feito em Setembro de 2019 durante o encontro que Ana Dias Lourenço manteve com o príncipe Harry, no Palácio Presidencial, após ter sido também recebido pelo Presidente João Lourenço, segundo a embaixadora britânica, Jessica Hand.

Em declarações à imprensa, no aeroporto internacional 4 de Fevereiro, após a partida do príncipe Harry, a diplomata, considerou o encontro “interessante” para abordar o problema do HIV/SIDA em Angola, nomeadamente o projecto levado a cabo pela primeira-dama para benefício das famílias.

“Foi interessante. Foi um encontro de informação durante o qual o príncipe entendeu o trabalho de muitos sectores das organizações angolanas e ele recebeu um convite para a duquesa, para apoiar em conjunto o processo aqui”, disse Jessica Hand.

A campanha nacional “Nascer Livre para Brilhar” foi lançada em Dezembro de 2018 pela primeira-dama angolana, na província do Moxico, e visa reduzir a taxa de contaminação do HIV de mãe para o filho dos actuais 26% para 14%, em três anos.

Ao contrário do que parece ser a filosofia basilar do seu marido, acreditamos que Ana Dias Lourenço prefira ser “salva” pela crítica do que “assassinada” pelos elogios.

Angola pretendia reduzir, até ao fim deste ano, dos actuais 26% para 14%, a taxa de contaminação do HIV de mãe para o filho, no âmbito da Campanha “Nascer Livre para Brilhar”, anunciou a própria primeira-dama. Vá lá. Desta vez não foi o Presidente. Mas o Governo está imparável. Às segundas, quartas e sextas lança novas iniciativas, às terças, quintas e sábados novos planos. Aos domingos… abre candidaturas (no sei do MPLA) para potenciais governadores de… Luanda.

A campanha, uma iniciativa da União Africana, liderada por Ana Dias Lourenço, foi lançada no Luena, província do Moxico, em Dezembro de 2018, e a apresentação do Plano Operacional para a Prevenção da Transmissão do HIV de Mãe para Filho 2019-2021 aconteceu no dia 11 de Abril, tal como o Folha 8 noticiou na altura.

Na sua intervenção, Ana Dias Lourenço, citando dados da ONUSIDA de 2017, referiu que Angola regista uma baixa cobertura dos serviços de transmissão do HIV da mãe para o filho, onde apenas 34% das mulheres grávidas, que vivem com o vírus, recebe terapia com anti-retrovirais para não contaminar o bebé.

Ana Dias Lourenço indicou também, segundo dados do Ministério da Saúde, que em Angola existiam 650 unidades sanitárias que oferecem o programa de prevenção da transmissão vertical, contudo, em 2017 apenas 40% das grávidas fez a primeira consulta pré-natal durante o primeiro trimestre de gravidez e 18% não fez qualquer consulta pré-natal, como aponta o Inquérito dos Indicadores Múltiplos de Saúde do Instituto Nacional de Estatística.

Segundo a primeira-dama, 70% das mulheres declarou ter enfrentado problemas de acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente, problemas financeiros (63%), distância do centro de saúde (51,8%) e necessidade de autorização para ir à consulta (30,5%).

Relativamente ao tratamento pediátrico, estima-se que apenas 14% das crianças dos zero aos 14 anos que vivem com o HIV está em tratamento com anti-retrovirais.

O estigma, a discriminação, a não-aceitação e a falta de conhecimento ou de informação sobre a doença, são ainda desafios que se enfrentam no combate a esta endemia.

“As estatísticas e os factos acima mencionados preocupam-nos, assim, a campanha “Nascer Livre para Brilhar” pretende reduzir a taxa de transmissão do HIV de mãe para o filho, de 26%, em 2019, para 14%, em 2021, aumentar a utilização do preservativo pelos jovens dos 15-24 anos e melhorar a qualidade dos cuidados pediátricos até 2021″, disse Ana Dias Lourenço.

De acordo com a primeira-dama, é obrigação das pessoas envolvidas no plano consciencializar a população e as famílias, em particular as mulheres em idade fértil, grávidas, adolescentes e jovens, sobre “o que pode ser feito para prevenir a transmissão do HIV da mãe para o filho”.

“Vamos abordar o estigma e discriminação relacionados ao HIV, nas escolas, igrejas e na comunidade”, disse Ana Dias Lourenço, lembrando que esses males fazem com que muitas grávidas vivendo com o HIV não beneficiem dos serviços de saúde disponíveis.

Ana Dias Lourenço pediu a colaboração das organizações da sociedade civil, dos líderes religiosos, das autoridades tradicionais, entre ouros, na execução do Plano Operacional de Prevenção da Transmissão do HIV de Mãe para o Filho 2019-2021.

Na apresentação do referido plano, a directora do Instituto Nacional de Luta contra a Sida, Lúcia Furtado, recordou que a prevalência nacional de VIH é de 2%, contudo, as províncias de fronteira apresentam uma prevalência até três vezes mais do que a média nacional, como é o caso do Cunene (6%). Segundo Lúcia furtado, as mulheres têm uma prevalência de 2,1% e os homens uma prevalência de 1,2%.

“Em Angola estima-se que 300 mil pessoas vivam com o HIV, destas 190 mil são mulheres e destas 21 mil estima-se que sejam gestantes seropositivas e 120 mil são crianças dos zero aos 14 anos”, disse a responsável. Sobre novas infecções em crianças, a directora indicou que as estimativas apontam para 5.500 que nascem já contaminadas.

Lúcia Furtado referiu que apenas 54% das pessoas que iniciam o tratamento com anti-retrovirais dão continuidade até um ano, enquanto os restantes abandonam o tratamento por vários motivos.

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