Uma academia para formação e capacitação de jovens empreendedores “com iniciativas inovadoras e negócios com potencial de crescimento”, que se propõe também a “apoiar os jovens na constituição de microempresas”, foi inaugurada hoje em Luanda.
A Academia do Empreendedor de Luanda (AEL), localizada no município do Talatona, sul da capital angolana, e com capacidade para 250 alunos em três turnos, foi inaugurada pela governadora da província de Luanda, Joana Lina.
A EAL, que conta com o apoio do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (Inefop), vai capacitar jovens nos domínios das tecnologias, corte e costura, cabeleireiro, culinária, literacia financeira, incubadoras de empresas, entre outros.
“Findo o prazo de formação teórico prática [três meses] a academia vai facilitar a constituição das sociedades e dos negócios, quer em nome individual ou em nome colectivo, e vai, então, pegar as ideias com maior potencial para entrarem na nossa incubadora”, afirmou o director da AEL, Inocêncio das Neves.
A academia após a fase de incubação, explicou, “vai fazer trabalho de diplomacia institucional, vai fazer facilitação com os investidores, com financiadores que têm recursos disponíveis, mas têm dificuldades de identificar iniciativas com potenciais”.
A governadora de Luanda, Joana Lina, considerou a AEL como um “presente muito esperado” para os jovens da capital angolana em Abril (mês da juventude em Angola).
“Um sonho que precisava de ser realizado. Todos nós sabemos o que esperamos da academia, as parcerias que forem firmadas, realizadas, terão o condão de fornecer as capacidades técnicas e profissionais que os jovens necessitam para caminhar”, sublinhou.
O empreendimento conta também com o apoio do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Segundo a representante adjunta do PNUD em Angola, Mamisoa Rangers, que interveio na cerimónia de inauguração da instituição, a agência das Nações Unidas “vai apoiar na operacionalização da AEL, visando fomentar o empreendedorismo e o auto-emprego”.
Esta cooperação entre as instituições, assinalou a representante do PNUD, prevê “apoiar a AEL em todos dos seus pilares fundamentais, entre eles um modelo de funcionamento estratégico sustentável, que inclui a estruturação da sua incubadora”.
Já a ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula do Sacramento Neto, recordou que a instituição pública era aguardada pelos jovens desde 2019, considerando que a sua concretização constitui um “factor motivador” para os jovens.
“Isto vai trazer motivação para os jovens que tentam empreender e às vezes não têm formação para tal e aqui vão transformar os seus sonhos em realidade”, afirmou.
A academia, cujas aulas arrancam na próxima semana, tem como público-alvo adolescentes e jovens com mais de 14 anos e com habilitações mínimas ao nível da 8.ª classe, e domínio de matemática, ciências e artes.
O Executivo de João Lourenço não está com meias medidas, sobretudo quando algum dos seus ministros lhe diz que há dinheiro (se possível muito) a rumar a Luanda. Todos os dias, às vezes mais do que uma vez por dia, saca do rol de promessas a manda-as correr mundo.
Em Julho de 2018, segundo o então ministro do Comércio, Jofre Van-Dúnem Júnior, o Governo iria capacitar 10 mil jovens no âmbito do programa “Empreendedorismo na comunidade” e mais de 48 mil em empreendedorismo no âmbito do programa “Geração de futuro” até 2022. Os 500 mil empregos também estavam a caminho, mas como viajam de bicicleta estão a demorar um pouco mais…
Vamos lá digerir esta promessa porque, a todo o momento, outra surgirá. Ao discursar na abertura do “Workshop de Formação em Empreendedorismo – Empretec”, Jofre Van-Dúnem Júnior, sublinhou que, essas metas estavam estabelecidas no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2018/2022), que tem como um dos objectivos do quinquénio “apoiar a iniciativa e o espírito empreendedor, através do reforço à criação de pequenos negócios, para incremento das possibilidades de geração de emprego”.
Estes programas estão alinhados com o “workshop” piloto de formação em empreendedorismo – Empretec, no âmbito do programa conjunto UE-CNUCED para Angola, Trainfortrade II, de formação de quadros, financiados pela União Europeia, que se propunha formar 350 empreendedores locais, durante quatro anos.
O projecto estava orçado em 12 milhões de euros, disponibilizados pela União Europeia (UE), para os “workshops” e seminários e para enviar aos especialistas angolanos aos países mais experientes com programas implementados pela CNUCED.
Deste modo, o ministro do Comércio frisou que o contexto económico actual remete a um exercício profundo de reflexão e criatividade, em busca de novas formas e modelos de actuação para diversificação da economia nacional.
“Consideramos imprescindível o fortalecimento do papel do sector privado, com o foco no empreendedorismo e o desenvolvimento de micro, pequenas e medias empresas”, disse o então ministro.
No novo modelo de actuação do governo, disse o ministro do Comércio que foram definidas políticas voltadas para o desenvolvimento de programas de formação com o objectivo de valorizar a mão-de-obra qualificada e conferir aos jovens um trabalho decente.
Os referidos programas potenciarão o sector privado, com informação e técnicas de modo a permitir que possa beneficiar do investimento estrangeiro e da transferência de conhecimento.
Em paralelo, como parceiro, o sector privado apoiará o governo na identificação das lacunas em capacidades das infra-estruturas comerciais do país.
No quadro do objectivo de diversificação das exportações, o Executivo tem vindo a elaborar um conjunto de instrumentos legais e programas tendentes à criação de mecanismos e instituições de apoio ao sector privado com o intuito de transformar as empresas nacionais focadas fundamentalmente no mercado doméstico para uma orientação também voltada para o mercado internacional.
Por seu turno, o então Embaixador da União Europeia em Angola, Tomás Ulicny, entendeu que o momento actual de mudança de paradigma em Angola requer um perfil de cidadania ajustado aos desafios de uma sociedade moderna, promotora do desenvolvimento sustentável e com capacidade de intervenção para a mudança.
Tomás Ulicny acrescentou que, nesse sentido, o empreendedorismo constitui uma resposta concreta às necessidades desta nova sociedade, com vista a aproveitar o seu potencial de mudança, estimulando as motivações, a pro-actividade e a capacidade de liderança.
O Empretec é um programa emblemático da conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), aplicado actualmente em 40 países do mundo, consubstanciada em uma metodologia que tem como foco principal desenvolver características de comportamento empreendedor e identificar novas oportunidades de negócio.
Com o lançamento do Empretec, o Ministério do Comércio pretendia juntar-se aos esforços dos demais departamentos ministeriais e instituições públicas e privadas na materialização da visão doe executivo de dinamização do empreendedorismo, baseado em metodologias aplicadas com sucesso em outras partes do Mundo.
Pretende-se fomentar o diálogo público-privado que sirva de base para o desenvolvimento de uma estratégia nacional de promoção da cultura de empreendedorismo, e deste modo permitir o surgimento de mais pequenas e médias empresas.
Folha 8 com Lusa