Eu não sou bajulador

Por vezes sorrimos, com um sorriso muito amarelo de tristeza, ao observar o anquilosamento mental de vários kapangas ao serviço dos órgãos oficiais de comunicação social do Estado, pagos com o dinheiro de todos os angolanos, especialmente aqueles que não conseguem ver os angolanos que se encontram socialmente negligenciados e atirados para a pobreza. Desta vez o nosso grito de escárnio vai para um indivíduo que se intitula jornalista, colaborador do Jornal da Angola do MPLA, de nome Carlos Calongo.

Por Domingos Kambunji

Diz o Carlitos que, na perspectiva da sua tacanhez de matumbo intelectual, se deveria realizar uma campanha massiva de marketing social em que o slogan seria “Eu Sou Bajulador”, com o objectivo de moralizar a sociedade para combater a corrupção e outros males nocivos à sã convivência social. Isso quer dizer, por outras palavras, que se deve defender o conformismo perante o combate selectivo à corrupção e outros males nocivos que provocam muitas injustiças sociais?

Na Universidade Assassino Agostinho Neto, seguindo o modelo da Coreia do Norte, onde bajular é Lei, não se ensina Observação Crítica Construtiva? Quem critica a Monarquia imposta pelo MPLA é menos angolano do que os que bajulam a rebaldaria que tem sido a governação deste partido ao longo de 45 anos?

O Carlitos não consegue ver para além do horizonte da sua sanzala intelectual e, por isso, quem critica é traidor à Pátria? Quem vive mal é traidor à Pátria? Quem morre devido à fome é traidor à Pátria por não poder ser bajulador? Quem está desempregado, por não ter tempo e oportunidade de bajular, porque anda a tentar lutar pela subsistência ou sobrevivência, é traidor à Pátria?

O Carlitos anda bastante equivocado. A Pátria não é propriedade da Matilha de Predadores Ladrões de Angola. A Pátria é de todos. Muitos membros militantes nessa matilha, corruptos, ditadores e demagogos, são os maiores traidores à Pátria, porque têm ao longo dos anos desempenhado um papel de proxenetas, tentando prostituir a Pátria para benefício pessoal, para poderem ostentar no país e no estrangeiro como novos ricos.

O Carlinhos do Jornal da Angola do MPLA disse que “ser diferente não significa ser inferior ou superior”. Este rapazito, o Carlinhos, está enganado ou sofre de miopia cerebral para chegar a uma conclusão precipitada tão estúpida. Com este disparate, tão evidente, até pensamos em convidar o Carlos Calongo a mudar de nome e optar por se apresentar no Jornal da Angola do MPLA como Carlos Kacurto, devido às suas ideias raquíticas e matumbas.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA ser diferente significa que muitíssimos milhares de crianças angolanas ficam fora do sistema escolar enquanto os filhos do presidente e ministros estudam nas universidades mais caras do estrangeiro.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA ser diferente significa poder morrer nos hospitais de fraca qualidade enquanto os dirigentes do MPLA são tratados em clínicas de luxo, no país ou no estrangeiro.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA ser diferente significa poder morrer devido à fome (o MPLA chama-lhe subnutrição) enquanto os dirigentes e filhos dos dirigentes do MPLA andam a passear as suas narcisísticas adiposidades pelo país e pelo estrangeiro.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA ser diferente é poder pedir empréstimos aos bancos no valor de 10 milhões de dólares e não pagar, enquanto falta kumbu a muitos milhões de angolanos para poderem gerir os seus recursos familiares.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA ser diferente é poder pedir empréstimos ao estrangeiro no valor de muitos biliões de dólares para alimentar a ostentação da Matilha, e depois exigir sacrifícios ao povo para tentar pagar o fiado recebido em nome do país.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA ser patriota é bajular um presidente que participou na corrupção, beneficiou da corrupção e agora apresenta-se como o Imperador do Paternalismo, dono de todos os saberes e o Empresário da Razão?

Na realidade, na Re(i)pública da Angola do MPLA ser diferente é ser-se muito rico, porque se beneficiou dos cambalachos de roubalheira implementados pela Matilha, ou ser-se muito pobre porque não se é presidente, vice-presidente, governador provincial ou primeiro secretário do MPLA.

Será que o Carlos Kacurto decidiu desistir e optar pelo lema “Eu Sou Bajulador” porque lhe faltam capacidades de processamento mental para poder desenvolver um sentido crítico inteligente e construtivo?

O Carlos Kacurto sugere que se siga uma campanha sob o lema “Eu Sou Bajulador”, como aquelas muito normalizadas na Coreia do Norte, mas esqueceu-se de que essa é já a prática do Jornal da Angola do MPLA há 45 anos? O Carlitos anda distraído?

Carlos Kacurto, ser jornalista é ter um sentido de observação inteligente, não é ser conformista perante tanta miséria e tanta injustiça social implantadas pela Matilha dos Predadores Ladrões de Angola.

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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