Elegia para Sérgio Rescova

Há poucos dias, muitíssimo poucos dias, ouvimos o governador de Luanda, sentado no sofá da adiposidade, da ostentação e da demagogia, prometer ser muito eficiente nas sinergias de prevenção e combate à Covid-19. Entre muitas outras falácias, prometeu criar um “Centro Temporário” para alojar as crianças, os adolescentes e os adultos que vivem abandonados e humilhados pelas falsas promessas dos Senhores da Guerra, que participaram e beneficiaram da corrupção no tempo de José Eduardo dos Santos e agora se apresentam como virgens, arautos do combate às injustiças sociais no nosso país.

Por Domingos Kambunji

Sérgio Rescova é um desses elementos que fizeram e fazem parte do bando ou da matilha das falsas promessas, que transportam os angolanos para uma terra prometida de muito lodo e lixo espalhado pelas ruas, poluindo as mentes dos que vivem mal com vómitos e lengalengas de coerência e honestidade ocas. Talvez por isso mesmo Sérgio Rescova foi condecorado com uma medalha, na Rússia de Putin, pelas futilidades e sofismas que vulgarizou como “alto” representante da Juventude do MPLA.

Putin, para quem não saiba, é aquele rapazola, czar da Rússia, da subespécie onde se poderão incluir os 3 presidentes, até agora, da Re(i)pública da Angola do MPLA. Putin é aquele cangaceiro que invade e rouba territórios aos países vizinhos e manda matar opositores e jornalistas que desmascarem os seus cambalachos, mete na cadeia os líderes da oposição e, copiando as práticas dos sobas do MPLA, oferece ajuda humanitária ao estrangeiro com bens que escasseiam ou faltam para os cidadãos nacionais. Não poderia haver uma metáfora mais objectiva do que a condecoração da JMPLA do Rescova pela Rússia do Putin.

Rescova também, após os testes vocais cacafónicos, foi admitido no coro do “corrigir o que está mal”, onde parasitam, engordam, e ascendem na hierarquia da ostentação, engodando os angolanos negligenciados e abandonados.

O comandante-chefe das promessas abortadas, o que condecora o Putin com medalhas do Assassino Agostinho Neto, o que baixa ordenas superiores para o Rescova receber, cumprir e fazer cumprir, também andou pela Rússia a tirar u “curso de General” na Academia Lenine, onde aprendeu a matar melhor par usar esses conhecimentos durante a Guerra Civil em Angola, iniciada pelo MPLA.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA a demagogia apresenta-se com muitíssimos nomes e pseudónimos. Um desses nomes, bem acomodado e engravatado, sentado na poltrona das falácias, é o de Sérgio Luther Rescova. Há muitíssimos outros nomes de kapangas hospedados nas residenciais dos tribunais, ministérios, governos provinciais e Assembleia Nacional, obedientes serventes de todas as ordens superiores emanadas pelo soba máximo.

A desculpa para a incompetência vai mudando todos os dias. A culpa nunca é dos actuais sobas, que foram cúmplices, formatados no passado. A culpa que é mais apontada agora é a da governo anterior, onde o soba máximo que ocupa o poder foi Ministro da Defesa da corrupção.

A governação actual está povoada de muitos mascarados de competentes, feiticeiros de virtudes. Agora só falta mesmo culpar os próximos governos pela inépcia e rebaldaria da situação de miséria da grande maioria de cidadãos pobres que sobrevivem no país.

Rescova é apenas um aprendiz de feiticeiro de virtudes hipócritas, principiante como arauto de sofismas e falácias. Já aprendeu a prometer para depois se esquecer das promessas que fez e faz.

O rapaz, governador provincial de Luanda, prometeu criar um Centro Temporário para alojar as crianças, adolescentes e adultos que sobrevivem nas ruas de Luanda. Os alojáveis continuam e continuarão desalojados, abandonados a um destino de pobreza e miséria arrepiante.

Um dos órgãos oficiais do Re(i)gime do MPLA, servente obediente do partido do governo, que passa o tempo a propagandear as medidas do executivo para criar os alicerces sólidos para o desenvolvimento e melhoria da economia, criticando o anterior executivo devido à incompetência, elenco governamental do qual fez parte o actual soba máximo e foi sempre muito elogiado pelo Rescova, publicou um reportagem de uma das muitas situações de miséria extrema de angolanos que se arrastam nas ruas de Luanda.

Um pai, doente, é um sem-abrigo em Luanda, acompanhado de seis filhos, numa situação de pobreza extrema. Estas crianças fazem parte do grupo das cerca de 700 mil crianças abandonadas que não têm casa e não frequentam uma escola, por falta de estabelecimentos escolares e de professores. Tudo isto acontece num país que compra material de guerra bastante moderno e caro e lançou um satélite, comprado ao czar da Rússia, para ficar perdido no espaço, surdo e mudo, que se recusa a comunicar e a obedecer às ordens superiores do presidente do Executivo, ao presidente do MPLA e de todos os tribunais e capataz da Assembleia Nacional.

Onde anda Rescova para não construir o tal Centro Temporário para crianças, adolescentes e adultos abandonados nas ruas de Luanda? Estará à espera que a polícia nacional mate mais uma zungueira para depois ir muito apressadamente, acompanhado da vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, arranjar um emprego para o viúvo desempregado. Ou estará a escrever o discurso laudatório para a próxima apresentação pública elogiando João Lourenço, plagiando os discursos bajulatórios que fazia sobre a governação de José Eduardo dos Santos?

Alguém, bem informado em organogramas, disse que nos Estados Unidos, no tempo do presidente John Fitzgeral Kennedy, a hierarquia do poder presidencial tinha 17 degraus. Agora, a hierarquia de Donald Trump possui 72 níveis. Em Angola a hierarquia é muito mais simples, o Presidente manda e os Rescovas obedecem. O partido do governo quer que a população acredite que só o Presidente é capaz de pensar, planear, decidir e baixar ordens superiores para todos os Rescovas obedecerem.

É por isso que há tantas crianças em situação de pobreza extrema, porque na Academia Lenine se aprende a matar e, pelo que observamos, não se aprende a melhorar a qualidade de vida das populações, em geral nem a construir Centros para os sem-abrigo.

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