Ainda a vacinação contra a covid-19 não começou a sério em toda a Europa e já circulam anúncios de vacinas falsificadas à venda na internet. Como avança hoje o Jornal de Notícias (Portugal), um estudo da Checkpoint Research, empresa internacional especializada em cibersegurança, identificou anúncios que prometem vacinas a 300 euros. No passado dia 3 o Folha 8 noticiou que a Interpol emitira um alerta global aos seus 194 países membros, incluindo Portugal, alertando-os para se prepararem para ataques das redes de crime organizado que em breve vão actuar nas vacinas contra a Covid-19.
Em Portugal, segundo o JN, até agora não foram sinalizadas quaisquer vacinas falsificadas contra a Covid-19, mas as autoridades portuguesas estão preocupadas com este fenómeno. “Não acreditem nas vacinas que são vendidas na Internet”, avisou a Polícia de Segurança Pública, recordando que a vacinação decorre apenas através do Serviço Nacional de Saúde.
O perigo da venda de falsas vacinas é tanto que a Interpol, a Europol e a Agência Europeia do Medicamento (AEM) lançaram alertas sobre as ameaças da compra online de medicamentos para tratar o coronavírus, chamando ainda a atenção para campanhas de phishing (roubo de dados informáticos) à conta da pandemia.
De acordo com o JN a investigação da Checkpoint Research, uma empresa internacional especializada em cibersegurança, localizou vários sites alojados na darknet (internet alternativa usada por criminosos) com venda de vacinas – um deles prometia 14 doses, por 300 euros. Estas vacinas falsificadas podem colocar em risco a saúde pública, uma vez que são produzidas em laboratórios que não estão certificados. A Europol chama a atenção para o facto de “algumas organizações criminosas poderem, inclusive, roubar frascos vazios usados pelas farmacêuticas para os reabastecer com substâncias ilegais”.
Como o Folha 8 escreveu, o “aviso laranja” da Interpol descreve possíveis actividades criminosas como falsificação, roubo e publicidade ilegal sobre as futuras vacinas contra a Covid-19 e contra a gripe, comportamentos criminosos que já foram detectados durante o período pandémico com outros produtos. O aviso também abrange exemplos criminosos nos quais as pessoas que os cometem anunciam, vendem e administram vacinas falsas.
Com uma série de vacinas contra a Covid-19 a serem já ministradas e com distribuição a nível global, é essencial os países garantirem a segurança da cadeia de abastecimento e identificar os sites ilícitos que vendem produtos falsificados, tal como já aconteceu com máscaras e álcool gel.
Uma boa coordenação entre os órgãos de polícia criminal e as diversas entidades reguladoras de saúde terá, segundo a Interpol, um papel vital para garantir a segurança das pessoas e o bem-estar das comunidades neste período de pandemia.
“Enquanto os governos se preparam para lançar as vacinas, as organizações criminosas planeiam infiltrar-se ou interromper as cadeias de abastecimento”, alertou o secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock.
Para o responsável da organização internacional de polícia criminal, “as redes criminosas também terão como alvo o grande público, através de sites falsos e curas falsas, o que pode representar um risco significativo para a saúde e até mesmo para a vida”.
“É essencial que a polícia esteja tão preparada quanto possível para o que será um ataque violento de todos os tipos de actividades criminosas ligadas à vacina contra a Covid-19, razão pela qual a Interpol emitiu este alerta global”, concluiu Jürgen Stock.
Além das vacinas, e à medida que as viagens internacionais recomeçam gradualmente, é provável que os testes para a detecção do novo coronavírus se tornem da maior importância, resultando na produção e distribuição paralelas de kits de teste não autorizados e falsificados.
Com uma quantidade crescente de fraudes relacionadas com a doença, a Interpol aconselha também o público a ter um especial cuidado nos acessos à rede de Internet para pesquisar equipamentos médicos ou medicamentos.
Além dos perigos de solicitar produtos potencialmente fatais, uma análise da Unidade de Crimes Cibernéticos da Interpol revelou que há cerca de três mil sites associados a farmácias online sob suspeita de vender medicamentos ilícitos e dispositivos médicos e que 1.700 continham ameaças cibernéticas, como vírus informáticos.
Angola registou hoje 18 casos positivos, uma morte e a recuperação e 74 pessoas, anunciaram as autoridades sanitáris, que referiram igualmente o total de 16.644 infecções, 387 óbitos e 9.592 doentes recuperados.
Segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, os dados apontam igualmente para um total até à data de 6.665 casos activos, dos quais cinco em estado crítico, três graves, 71 moderados, 136 leves e 6.450 assintomáticos. Nos centros de tratamento, estão a ser acompanhados 216 doentes.
No que se refere ao trabalho dos laboratórios, foram processadas nas últimas 24 horas, apenas 879 amostras, razão que explica o reduzido número de casos confirmados, em consequência de nem todos os laboratórios terem conseguido reportar os dados, indicou Franco Mufinda.
Até à data, foram registados um cumulativo de 285.699 amostras processadas, remetendo para uma taxa cumulativa de positividade de 5,8%.
Franco Mufinda referiu que numa comparação dos dados nas duas últimas semanas demonstram um decréscimo de casos, contudo, não significa a possibilidade de levar a um relaxamento das medidas de biossegurança.
“Mesmo com o uso da vacina devemos sempre continuar e havemos de assim proceder a observar as medidas de protecção individual e colectiva”, defendeu.
Sobre a testagem nos pontos de entrada e saída da província de Luanda, sob cerca sanitária, o governante afirmou que nas últimas 24 horas há a registar 967 pessoas testadas, sendo 854 homens e 113 mulheres, dos quais 47 tiveram resultado reactivo, uma taxa de exposição de 4,9%, contudo, na testagem de confirmação não foi encontrado nenhum caso positivo.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.685.785 mortos resultantes de mais de 76,2 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.