Louvados sejam os pobres
(de espírito… mas não só!)

O Presidente da República, em consonância com o Presidente do MPLA e com o Titular do Poder Executivo, sugeriu, hoje, o que o MPLA sugere há quase 44 anos. Ou seja, o aumento do investimento na economia, para melhorar a oferta de emprego, sobretudo no sector privado.

Ao discursar no acto de abertura do Fórum Empresarial, o Chefe de Estado reconheceu que os níveis de desemprego subiram, como consequência da recessão registada nos últimos anos, o que parece ser uma novidade com a qual ninguém contava…

“Trata-se de um problema que deve preocupar a todos e que só será resolvido com o aumento do investimento na economia, sobretudo do investimento privado”, declarou o Presidente perante o espanto da audiência, visivelmente sensibilizada com esta descoberta.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes a 2018, indicam que a taxa de desemprego em Angola se situa em 28,8 por cento (cerca de três milhões de habitantes) e atinge, maioritariamente, jovens de ambos os sexos.

Para combater o desemprego, o Executivo aposta na criação de 250 mil postos de trabalho (dos 500 mil prometidos em 2017) em diferentes áreas, nos próximos três anos, no âmbito do Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade (PAPE).

O programa, cujo valor de execução está avaliado em 21 mil milhões de Kwanzas, foi aprovado recentemente pelo Presidente da República, em Decreto 113/19, de 16 deste mês, e inclui 10 mil microcréditos e a distribuição de 42 mil kits profissionais.

Além dos beneficiários directos, pretende-se, com a distribuição dos kits profissionais, promover o associativismo e beneficiar, indirectamente, 250 mil cidadãos.

Para João Lourenço, só com o aumento do investimento, Angola poderá voltar a crescer do ponto de vista económico, criar mais postos de trabalho e proporcionar aos angolanos, em particular à juventude, melhores rendimentos e, por esta via, aumentar o seu bem-estar e das suas famílias. Foi bom o Presidente ter feito este esclarecimento. É que, fazendo fá nos últimos 44 anos, todos pensávamos que se poderiam criar empregos sem que a economia… crescesse.

O Presidente exortou os empresários a investirem mais na indústria pecuária, das pescas, do turismo e em outros ramos da economia nacional, usufruindo do aumento da oferta de energia e águas no país, sobretudo após a interligação do Sistema Nacional de Electricidade, através das redes de transporte de energia eléctrica no Norte ao Centro do país e com a perspectiva de se ligar para o Sul e para o Leste.

O Chefe de Estado também saudou e homenageou os empresários que, mesmo passando por vários sacrifícios, conseguiram manter-se activos todos estes anos, enfrentando a difícil crise de valores e as dificuldades causadas pela profunda crise económica e financeira que o país ainda vive.

O reconhecimento, disse João Lourenço, tem a ver com o empenho, pelo seu profundo patriotismo e, sobretudo, pela capacidade de empreender em momentos e circunstâncias tão difíceis. “Devem manter-se firmes, porque o compromisso do Executivo para mudar a situação é igualmente firme. As reformas que estão a ser implementadas vão, efectivamente, dar os frutos desejados para alavancar a economia angolana”, afirmou João Lourenço.

Quando é que darão frutos? Isso o Presidente não pode prometer. Mas, contas feitas, é de crer que quando o MPLA comemorar os 100 anos de governação ininterrupta, o que será daqui a 56 anos, a “árvore” estará repleta de frutos e os angolanos estarão todos no paraíso.

Para a criação de riquezas e empregos, João Lourenço disse ser necessária a construção de uma sociedade na qual os bens, serviços e recursos gerados pelas empresas sirvam as maiorias. Teria ficado bem que o Presidente falasse dessa maioria que inclui 20 milhões de pessoas que, todos os dias, continuam a tentar viver sem comer.

O Chefe de Estado afirmou ser neste quadro que estão a ser tomadas medidas para combater a concorrência desleal e o branqueamento de capitais. Tem tudo a ver, obviamente. Se não tem passa a ter.

Uma destas medidas, apontou João Lourenço, é o repatriamento de capitais e a recuperação de activos, através da perda alargada de bens, um processo em curso, cujos resultados passarão a ser, periodicamente, dados a conhecer à sociedade pelas instâncias competentes. É só esperar para ver.

O Presidente adiantou que, no âmbito da remoção dos constrangimentos que se colocam ao desenvolvimento da actividade privada, e por ser um fardo enorme imposto aos empresários, está o combate firme contra o ADN do MPLA, ou seja a corrupção e a impunidade, por serem fenómenos que distorcem os princípios básicos da transparência e da justiça.

A seu ver, esses fenómenos desvalorizam a procura do mérito e da eficácia e colocam os menos capazes, os menos competentes a vingarem e a prosperarem na sociedade em detrimento dos que têm como principal capital a dedicação, o trabalho árduo e o respeito das regras da concorrência. Neste caso, todos sabemos que se aplica a máxima de “olhai para o que digo e não para o que eu faço”.

Ainda no quadro da remoção ou redução dos constrangimentos ao investimento privados, afirmou que estão a ser tomadas medidas no domínio fiscal, cambial, medidas de apoio à produção nacional, medidas de atracção e captação do investimento privado, medidas de apoio de acesso ao crédito, para tornar mais atractivas as condições para o investimento dos empresários nacionais e estrangeiros em Angola.

Folha 8 com Angop

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