É “vergonhoso” país continuar a importar bens da cesta básica

ANGOLA. O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, considerou hoje “insustentável” o Governo angolano suportar 32 ministérios, afirmando ser “vergonhoso” o país “continuar a importar bens da cesta básica”, pressionando as Reservas Internacionais Líquidas (RIL).

“Não é mais sustentável ter um Governo com 32 ministérios. Impossível e, por isso, a vossa área [Ministério das Finanças] precisa de pagar a dívida interna. Estamos sem dinheiro, as empresas fecham, consumidores sem dinheiro”, disse José Severino, em Luanda, durante uma conferência sobre Sustentabilidade das Reservas Internacionais.

“E esperamos que depois de 15 de Junho [7.º Congresso Extraordinário do MPLA, partido no poder], o Governo tenha a coragem de atacar isso porque, a montante da nossa produtividade, estão a saúde e a educação e estas áreas estão muito mal. A nossa taxa de mortalidade é uma dor”, adiantou.

As RIL de Angola estão estimadas em 10.000 milhões de dólares (cerca de nove mil milhões de euros) e as brutas em cerca de 16.000 milhões de dólares (na ordem dos 14 mil milhões de euros), conforme anunciou hoje o Banco Nacional de Angola, que realizou esta conferência.

Segundo José Severino, que intervinha na sessão dos debates, a AIA “reconhece o grande esforço que o Governo angolano está a fazer”, mas se depois a “nível macro não se tomarem essas medidas”, o país não vai “sair da crise”.

Em relação à importação de bens da cesta básica, onde o Governo angolano gasta grande parte das suas RIL, o líder associativo também considerou “insustentável”, afirmando mesmo ser “uma vergonha o que está a acontecer no país”.

“Não pode continuar, não é sustentável. Tivemos guerra e já lá vão 15 anos. Por isso, entendemos que os senhores importadores têm de orientar a sua procura para o mercado interno”, frisou.

“Meus senhores, é tempo. Não é sustentável a continuação desta importação, em 10 anos foram 40.000 milhões de dólares (cerca de 35 mil milhões de euros). Não temos infra-estruturas, não temos dinheiro para comprar máquinas e equipamentos”, observou o presidente da Associação Industrial de Angola.

Lusa

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