A situação dos 51 activistas políticos ainda sob detenção em Cabinda é preocupante. As condições da detenção são difíceis, tendo diversas carências, como a sobrelotação, as celas abafadas, as instalações sanitárias degradados, a acumulação de lixo e sem água potável.
Por José Marcos Mavungo (*)
Também, são insuportáveis as picadas dos mosquitos neste tempo chuvoso. Além disso, a fome é um perigo permanente, o país encontrando-se neste momento em período de vacas magras e muitos familiares dos reclusos estando no desemprego.
Os visitantes destas últimas duas semanas constataram o agravamento do estado de saúde da maioria dos reclusos. Falam de reclusos que passam dias sem banhar, muitos estão com sinais de sarna, e vários problemas de saúde, nomeadamente malária, tosse, gripe, hipertensão, vómitos, dores de estômago, questões pulmonares, febre tifóide e dores de cabeça. Estão misturados em celas com vários jovens toxicodependentes que muitas vezes exercem violência sobre eles.
Diante desta tortura psicológica, e da prevaricação dos órgãos de administração da Justiça, os nossos reclusos entraram em greve de fome desde 14 do corrente. Ontem, 16 de Março, às 22 horas, um deles desmaiou e os Serviços Prisionais negaram-se a prestar-lhe assistência, conduzindo-o ao Hospital. Em suma, os nossos reclusos estão em perigo de vida.
É inadmissível continuarmos a observar a criminalização das manifestações, as detenções arbitrárias, o espancamento e a tortura psicológica de activistas sociais por delito de opinião. Continuamos a ser governados por déspotas, mentirosos e manipuladores sem vontade manifesta de mudanças.
Concluímos com este trágico processo político-jurídico dos activistas afectos ao Movimento Independentista de Cabinda (MIC) as instituições democráticas continuam a funcionar num meio sociopolítico hostil. Que Angola é uma anedota, muito mal contada, e entregue a governantes que só pensam no cano da arma e nem sequer servem para estabelecer a ordem pública, assegurar a justiça e a paz social.
(*) Activista dos Direitos Humanos