Dizia o antigo ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria… do MPLA, Kundi Paihama, que a história de Angola é rica em exemplos e actos indeléveis de heroísmo e valentia protagonizados por milhares de patriotas angolanos, de Cabinda ao Cunene, e pelo sacrifício dos melhores filhos desta pátria.
Por Orlando Castro
Sim, é o mesmo Kundi Paihama que disse: “Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”. E por que não vai para os pobres?, perguntam vocês, eu também, tal como os milhões que todos os dias passam fome. Não vai porque não há pobres em Angola. E se não há pobres, mas há cães…
Sim, é o mesmo Kundi Paihama que afirmou: “Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”.
Quanto aos angolanos, aos outros angolanos, citando de novo Kundi Paihama, que comam farelo porque “os porcos também comem e não morrem”.
Ao falar então no acto central do 51º aniversário do início da luta armada de libertação nacional, em representação do então “querido líder” José Eduardo dos Santos, Kundi Paihama disse que “é graças a este heroísmo que celebramos hoje o início da luta armada de libertação nacional contra o regime colonial português e comemoramo-lo sob o lema “Honremos a memória dos nossos heróis preservando a paz e democracia”.
De acordo com o então ministro do farelo, foi a partir da inspiração e coragem e determinação desta acção que se considerou que a via armada era a única solução para derrubar o regime colonial, generalizando-se aos poucos em todo o território nacional, gerando um amplo movimento de libertação nacional.
Não sei se foi a partir dessa inspiração que o MPLA também resolveu matar milhares e milhares de outros angolanos. Provavelmente foi. O MPLA nunca aceitou substituir a razão da força pela força da razão.
Num outro massacre em Luanda, perpetrado pelas forças militares e de defesa civil do MPLA, visando o aniquilamento da UNITA e de cidadãos Ovimbundus e Bakongos, foram mortos mais de 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.
No massacre do Pica-Pau, a 4 de Junho de 1975, perto de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram assassinados e os seus corpos mutilados pelo MPLA, no Comité de Paz da UNITA em Luanda.
No massacre da Ponte do rio Kwanza, no dia 12 de Julho de 1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados pelo MPLA, perto do Dondo (Província do Kwanza Norte), perante a passividade das forças militares portuguesas que garantiam a sua protecção.
Mais, muito mais, de 40.000 angolanos foram torturados e assassinados pelo MPLA em todo o país, depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.
Entre 1978 e 1986, centenas de angolanos foram fuzilados publicamente pelo MPLA, nas praças e estádios das cidades de Angola, uma prática iniciada no dia 3 de Dezembro de 1978 na Praça da Revolução no Lobito, com o fuzilamento de 5 patriotas e que teve o seu auge a 25 de Agosto de 1980, com o fuzilamento de 15 angolanos no Campo da Revolução em Luanda.
No dia 29 de Setembro de 1991, o MPLA assassinou em Malange o secretário Provincial da UNITA naquela Província, Lourenço Pedro Makanga, a que se seguiram muitos outros na mesma cidade.
Nos dias 22 e 23 de Janeiro de 1993, o MPLA desencadeou em Luanda a perseguição aos cidadãos angolanos Bakongos, tendo assassinato perto de 300 civis.
Em Junho de 1994, a aviação do MPLA bombardeou e destruiu a Escola de Waku Kungo (Província do Kwanza Sul), tendo morto mais de 150 crianças e professores.
Entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994, a aviação do MPLA bombardeou indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão Evangélica do Kaluquembe e a Missão Católica do Kuvango, tendo morto mais de 3.000 civis.
Entre Abril de 1997 e Outubro de 1998, na extensão da Administração ao abrigo do protocolo de Lusaka, o MPLA assassinou mais de 1.200 responsáveis e dirigentes dos órgãos de Base da UNITA em todo o país.
Por alguma razão, no dia 24 de Fevereiro de 2002 alguém disse: “sekulu wafa, kalye wendi k’ondalatu! v’ukanoli o café k’imbo lyamale!” (morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados.)
Sekulu esse que também dizia: «Ise okufa, etombo livala» (Prefiro antes a morte, do que a escravatura).
Não sei se ter memória é, nos tempos que correm, uma qualidade. Creio que não. Alguém disse que quem estiver sempre a falar do passado deve perder um olho. No entanto, acrescentou que quem o esquecer deve perder os dois…
Em 2018, dados governamentais davam conta que Angola tinha uma taxa de desnutrição crónica na ordem dos 38 por cento, com metade das províncias do país em situação de “extrema gravidade de desnutrição”, onde se destacava o Bié, com 51%.
As províncias do Bié com 51%, Cuanza Sul com 49%, Cuanza Norte com 45% e o Huambo com 44% foram apontadas pela chefe do Programa Nacional de Nutrição, Maria Futi Tati, como as que apresentavam maiores indicadores de desnutrição.
“São cerca de nove províncias que estão em situação de extrema gravidade de desnutrição, sete províncias em situação de prevalência elevada e duas províncias em situação de prevalência média”, apontou Maria Futi Tati, em Junho de 2018.
Um recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) indicava que, em Angola, 23,9% da população passa fome. No relatório de 2018, a FAO refere que cerca de 821 milhões de pessoas no mundo passam fome, o que se traduz num aumento quando comparado com os dados de há dez anos.
Em Angola, segundo a FAO, “23,9% da população passa fome”, o que equivale a que “6,9 milhões de angolanos não tenham acesso mínimo a alimentos”.
Reparou Presidente João Lourenço? São, pelo menos, 6,9 milhões.
Kundi Paihama gosta mais dos seus caes q eu das minhas cadelas… dizem que as pessoas q amam animais não podem ser más pessoas…