Versão recauchutada da saga o “escolhido de deus”

Os angolanos (a maioria) assistem, impávidos e serenos ao desnorte do governo, perdão, a Constituição no art.º 120.º exclui esta figura, elegendo a de Titular do Poder Executivo, qual semelhança com as monarquias absolutas, de triste memória. É o dono exclusivo do reino, da verdade, da inteligência, das ideias e das leis ditatoriais e discriminatórias. O representante de deus numa terra partidocrata.

Por William Tonet

Os “homens da vez” (bajús), consideram estar o actual ciclo executivo no início e, de o longevo consulado de Dos Santos, ter deixado marcas profundas no tecido sócio-político e económico do país, difíceis de serem desmontadas, em tão pouco tempo, por João Manuel Gonçalves Lourenço.

Outros, numa visão, raiando ao complexo saloio, evocam a inacção programática actual, ao facto de “sermos africanos e sabes, como é a nossa África. O outro deixou muitas teias de aranha e não se pode agir, no imediato”. Masoquista visão! Porque, para delapidar o Estado, instaurar a ditadura e institucionalizar a corrupção, não evocam o africanismo, nem tempo curto. Logo, a ladainha matreira emerge quando se lhes exige transparência, boa governação, democracia e liberdade de imprensa.

Neste momento, depois do show off, previsível e inicial, de exonerações dos filhos do anterior Presidente da República, sem fundamentação, que ajudaria a dissipar, a não pessoalização, o Titular do Poder Executivo, destapando uma certa incompetência programática, da equipa económica, torna desnecessário a pergunta: “têm programa de desenvolvimento?”

Seguramente, Não!

Quem com competência incompetente, não apresenta gráficos e contas de SOMAR, para aumentar o consumo da população, base fundamental para alavancar a produção agro-industrial e liberal; DIMINUIR, para reduzir as despesas do Estado e dos seus agentes; MULTIPLICAR, para uma correcta política de fomento da produção petrolífera e com esta, adoptar uma correcta distribuição dos royalites, visando multiplicar escolas primárias, escolas sócio-profissionais, institutos técnicos, postos médicos, dispensários, hospitais, etc..

Inexistindo estas formas, uma equipa económica, com cajado de filosofia, não tem capacidade para instaurar quadros diferentes, dos da inflação, do desemprego, da desconfiança do investidor estrangeiro e da mortalidade do pequeno empreendedor.

E o mais preocupante, neste desvario é o alegado lençol de solidariedade, do Titular do Poder Executivo, a um programa considerado débil e ineficaz, para contornar a apatia do mercado.

Como investir, num país sem uma forte política bancária, bancos sob supervisão e facilidade na expatriação dos lucros?

Como investir num país onde os hotéis são caros, as redes viárias ruins, a electricidade quase inexistente, os combustíveis elevados, a água péssima, os hospitais e clínicas maus, etc.?

Convidar é fácil, mas daí, sermos levados a sério, vai uma grande mensagem. Considerar que a França, com uma agricultura industrializada era o país certo, para o relançamento da produção agro-pecuária angolana, raia a um total desconhecimento do país.

Angola poderia aportar em países mais baratos e eficazes, como o Vietname, a China, o Zimbabwe e a África do Sul, o contrário é a eterna megalomania da incapacidade.

Tanto assim é, que na recente viagem presidencial ao ocidente, a exibição, o despesismo e a petulância de subdesenvolvido, foram a tónica dominante.

O TPE foi acusado de para além de levar um séquito de mais de 200 pessoas (na paranóia da segurança) viajando, os grupos de avanço militar, antecipadamente, em aviões de carreira, outros (ministros e secretários presidenciais, em jactos privados) e o próprio Presidente João Lourenço, alugou uma aeronave luxuosa, cujo aluguer por 12 dias, custou aos cofres do Estado, mais de 12 milhões de dólares, a juntar as despesas globais, tudo rondou, dizem as fontes, em cerca de 38 milhões de dólares.

É muita despesa, muitos milhões de dólares, seguramente, sem retorno, quando mais de 20 milhões de angolanos, vegetam na indigência e pobreza extrema.

O TPE e a equipa económica não conseguem justificar, daí a incredulidade da comunidade internacional, a atribuição de 52% do OGE (Orçamento Geral do Estado), de 2018, para pagamento do serviço da dívida pública quando, na realidade, a maior parte da fatia, vai beneficiar “camaradas” do partido do poder, na lógica da “acumulação primitiva do capital”.

Igualmente estranho é o de Angola figurar entre os 10 (dez) piores países do mundo, com alta taxa de mortalidade, analfabetismo, assistência médica e medicamentosa, economia paralisada e mão estendida a caridade mundial, ande e viva como “nababo”, quando o potencial financiador viaja, na maioria das vezes, em avião de carreira comercial, sem “cama King size”.

Daí a indignação de Emmanuel Macron, presidente francês, ao questionar um assessor, “se João Lourenço e Angola já estavam na órbita do crude da Total?”

A resposta é complicada, por fazer parte do segredo de Estado, existindo apenas a mesma chacota, nos corredores do Palácio do Eliseu, face ao triste papel, de líderes africanos, indiferentes ao sofrimento dos seus povos, que se vestem de fatos de mais de 3 mil euros, pulseiras de ouro, quando o anfitrião, veste um fato de 200 euros euros…

Por tudo isso, no “end”, se as linhas da política económica, são incapazes, em 6 (seis) meses, de lançar as sementes, para uma verdadeira revolução de desenvolvimento, nem dão alento ao agricultor é o mesmo que acreditar ser possível o Ali Babá ser substituído por alguém, estranho aos 40 ladrões…

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