Parceria estratégica entre Cabo Verde e Angola

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Ulisses Correia e Silva, perspectivou hoje um novo ciclo nas relações entre Angola e Cabo Verde, que passam a estar nível de uma parceria estratégica.

O governante falava aos jornalistas, no aeroporto internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, no final de uma visita oficial a Angola que iniciou no sábado e que envolveu, na segunda-feira, conversações oficiais entre os dois governos, no palácio presidencial.

“Faço um balanço muito positivo. Nós tínhamos a intenção de elevar o nosso nível de relações com Angola, colocando-o ao nível de uma parceria estratégica, quer dizer ir além daquilo que tem sido a cooperação tradicional. Isto reflectiu-se em algumas decisões importantes”, disse José Ulisses Correia e Silva.

“Há aqui uma perspectiva futura muito boa. Nós acreditamos que Angola tem um futuro promissor e queremos reforçar estas boas relações”, enfatizou.

Desde logo, os dois governos acertaram na segunda-feira a isenção, reciproca, de vistos em passaportes ordinários de cidadãos dos dois países, anunciou o chefe da Diplomacia angolana, sem adiantar mais pormenores, no final das conversações entre as delegações dois países, lideradas pelo Presidente angolano, João Lourenço, e pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva.

“As duas partes têm também a honra de anunciar a efectivação da isenção de vistos para os cidadãos dos dois países nos respectivos passaportes ordinários”, anunciou o ministro angolano, na leitura das conclusões da reunião bilateral.

“Será em breve. Isto será seguramente através de decreto presidencial. Mas, ao mais alto nível, o Presidente da Republica, este compromisso está assumido”, afirmou hoje, por sua vez, José Ulisses Correia e Silva, questionado sobre os prazos para a entrada em vigor da isenção de vistos em passaportes ordinários.

O governante cabo-verdiano sublinhou igualmente que os entendimentos alcançados com Angola visam captar o interesse dos empresários angolanos para o arquipélago: “Desde a cooperação empresarial para investimentos, que nós queremos incentivar, estimular, para além daquilo que já existe hoje. Há um conjunto de oportunidade que queremos apresentar aos empresários investidores angolanos”.

Nesse sentido, “brevemente” deverá chegar a Luanda o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, para uma visita de trabalho, liderando uma equipa técnica e empresarial.

A visita do primeiro-ministro a Luanda permitiu acertar que as transportadoras aéreas estatais de Angola e Cabo Verde, TAAG e TACV, deverão retomar este ano as ligações aéreas entre os dois países, interrompidas desde finais de 2016, através de uma exploração conjunta em moldes a definir.

“Tivemos também indicações muito claras de que vamos avançar no sentido de criarmos complementaridades no sector aéreo, entre a TACV e a TAAG”, disse hoje o governante cabo-verdiano.

As conversações realizadas na segunda-feira entre os dois governos levaram à assinatura de um protocolo de cooperação no domínio da administração autárquica, prevendo a formação técnica nesta área, numa altura em que as primeiras eleições autárquicas angolanas estão previstas para 2020.

O protocolo foi assinado pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, e pelo homólogo cabo-verdiano, Luís Filipe Tavares.

Desde 1992, Cabo Verde já realizou sete eleições autárquicas, enquanto em Angola foi apontado pelo Presidente da República, João Lourenço, o ano de 2020 para a realização das primeiras eleições do género, mas de forma faseada, não abrangendo todo o território nacional.

“Cabo Verde tem uma experiência boa. Desde 1991 conseguimos montar um sistema de gestão autárquica que tem tido efeitos ao nível do desenvolvimento dos concelhos e também no impulso ao desenvolvimento do país”, explicou o primeiro-ministro.

José Ulisses Correia e Silva explicou que a colaboração de Cabo Verde será sobretudo no apoio técnico a Angola.

“Troca de experiência, formação. Nós temos um sistema de formação que envolve as universidades e institutos que dão formação desde a liderança até questões que têm a ver com a gestão administrativa, financeira e jurídica, mas toda a arquitectura que conseguimos montar relativamente às autárquicas”, disse.

Lusa

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