“Panda” pede desculpa e agradece. Almeida critica

O ex-Comandante-Geral da Polícia Nacional de Angola, Alfredo Mingas “Panda”, pediu desculpa aos cidadãos por eventuais erros ou falhas que tenha cometido fora ou no exercício das suas funções. O seu sucessor, comissário-chefe Paulo Gaspar de Almeida, acusa “alguns” funcionários da PGR de conivência no processo que contra corre os seus trâmites no Tribunal Supremo.

João Lourenço parece estar com dificuldades em recrutar no seu quintal exclusivo, o MPLA, gente que não tenha rabos-de-palha. Como aqui escreveu o nosso colega Sedrick de Carvalho, o partido que nos desgoverna desde 1975 é “composto esmagadoramente por corruptos genuínos”.

Alfredo Mingas “Panda”, que falava na cerimónia de tomada de posse do seu substituto, Paulo de Almeida, esteve envolvido num acidente de viação, na semana passada, em Luanda, que resultou na morte de duas pessoas, quando o carro que conduzia embateu na viatura das vítimas.

Segundo o agora ex-Comandante-Geral da Polícia, que conseguiu manter-se no cargo oito meses, “só não erra, só não falha, quem não trabalha”.

Tem toda a razão. Se bem que, pelos exemplos que o MPLA nos tem dado ao longo de quase 43 anos, quem mais errar contra o Povo e, por isso, mais acertar a favor dos monarcas e similares do reino pode ir longe, muito longe.

O oficial da Polícia angolana agradeceu ao ministro o apoio prestado no exercício das suas funções, bem como a todos os efectivos “pela entrega, dedicação e espírito de sacrifício demonstrado” durante o período em que esteve em funções. Deu a cara, teve um discurso politicamente correcto, mostrou que sabia o que dizia embora, presume-se, não tenha dito tudo quanto sabe. Um bom trunfo na manga pode dar jeito em qualquer altura.

“Orgulha-me profundamente ter tido a oportunidade de servir o nosso país e a Polícia Nacional ao vosso lado”, frisou Alfredo Mingas “Panda”. Está, com certeza, a ser sincero. Isso não significa que o “nosso país” seja o mesmo de todos, tal como restam dúvidas em saber se a Polícia é mesmo Nacional ou é, como foi durante décadas, Polícia Nacional do MPLA.

Ao novo Comandante-Geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, “Panda” desejou êxitos, “na difícil, mas nobre missão que tem pela frente, de elevar os níveis de qualidade da Polícia Nacional, de modo a garantir uma maior eficácia e eficiência na segurança dos cidadãos, das instituições e na defesa dos direitos humanos, tal como ”exige” o Presidente João Lourenço.

Os agradecimentos foram igualmente extensivos à comunicação social pública e privada, “por toda a colaboração, pelas críticas e pela solidariedade institucional que demonstraram inclusive nos momentos mais complicados”.

Estes agradecimentos à comunicação social, sobretudo à privada, deve ter causado uma azia dos diabos à ERCA e ao ministro João Melo. Não deixa, contudo, de ser um ponto importante a favor da honorabilidade de Alfredo Mingas “Panda”.

Enquanto isso, o novo Comandante-Geral da Polícia Nacional, comissário-chefe Paulo Gaspar de Almeida, reconheceu estar a decorrer contra si um recurso junto do Tribunal Supremo, que vencera em primeira instância.

“Uma sentença passada em julgado a meu favor no tribunal civil, a justiça existe a procuradoria existe, os tribunais existem e estão a tratar deste caso, e não afecta em nada”, declarou Paulo Almeida à imprensa depois da sua posse, corroborando (não era preciso, mas está bem) que é uma “pessoa de bem” e que respeita os direitos dos outros.

Paulo Almeida explicou que o terreno que constitui o cerne do litígio em causa lhe foi atribuído e ao seu irmão em 1998 pelo Gabinete de Desenvolvimento Agrícola do Kikuxi e que existem documentos que comprovam.

“Depois de termos essa parcela houve um cortejo de invasores, um dos quais até me levou a tribunal”, disse o comandante da Polícia Nacional que acusou “oportunistas” de o levarem a tribunal “com conivência de alguns funcionários da Procuradoria-Geral da República”.

“Sou uma pessoa de linha, tenho educação, tenho formação, respeito a lei, respeito o próximo e respeito a dignidade humana”, concluiu Paulo Gaspar de Almeida.

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