Narcisismo matumbo

Nos últimos meses temos assistido à reciclagem das hipérboles laudatórias com que os órgãos oficiais de informação beatificavam José Eduardo dos Santos, adaptando-as na tentativa de caírem nas boas graças do novo dono da Re(i)pública da Angola do MPLA, João Lourenço.

Por Domingos Kambunji

O jornal da Angola do MPLA, parasita do Orçamento Geral do Estado e, por essa via, do bolso dos angolanos, é um forte exemplo disso. Multiplica-se em iniciativas no sentido de “harmonizar os interesses jornalísticos” para promover um só partido.

É por isso que não deixa de ser hilariante ler uma opinião de Caetano Júnior, publicada no jornal da Angola do MPLA, criticando a ética do The New York Times. Este jornal dos Estados Unidos não parasita os dinheiros públicos e não tem uma postura de defesa de um só partido, como faz o jornal da Angola do MPLA.

O New York times publicou, há alguns dias, a opinião de um membro da administração Trump, criticando o presidente dos Estados Unidos. Esse ou essa pessoa teve essa iniciativa sob anonimato. Este assunto foi mais do que debatido por jornalistas a sério e todos eles opinaram que este tipo de publicações deve revelar a autoria.

Todavia, a crítica não foi muito incisiva porque a opinião era apenas uma afirmação que corroborava opiniões anteriores publicadas por jornalistas de elevado prestígio e de outros autores que observam de perto a presidência Trump. Não era uma grande novidade, excepto o facto de ser uma constatação publicada por um membro da própria Administração dos Estados Unidos.

O Caetano Júnior do jornal de Angola do MPLA decidiu opinar sobre o tipo de publicação chegando a uma conclusão a que muitos já tinham chegado havia muito tempo. Quer isto dizer que a opinião do director-adjunto do jornal da Angola do MPLA, quando nasceu, já veio completamente recheada de bolor. É normal este órgão oficial de informação e propaganda do MPLA funcionar ao retardador, o que, diga-se de passagem, é muito mau jornalismo.

Qual é a autoridade moral do Caetano Júnior, como membro de um jornal que é fértil na publicação de mentiras, para acusar e tentar vilipendiar a deontologia do New York Times?

A tradição do jornal da Angola do MPLA publicar mentiras é por demais conhecida. É por demais vergonhosa a “deontologia” do jornal da Angola do MPLA a obedecer a “ordens superiores”, mesmo que estas sejam falácias demasiado infantis e pategas.

Foi o jornal de Angola do MPLA quem informou que a Malária estava em vias de extinção. Foi este o jornal que informou que Angola tinha as melhores e mais seguras estradas do Mundo. Foi este boletim de propaganda que disse que num comício do MPLA num estádio com capacidade para 55 mil espectadores estiveram presentes, a apoiar o partido, um milhão de angolanos.

Foi este jornal que disse aos angolanos, quando os países mais desenvolvidos estavam em crise, que a economia angolana estava muito saudável porque o governo do MPLA diversificou a economia atempadamente. Depois, porque esta mentira não pegou, avançou com a mentira que que Angola não entraria em crise porque a venda de diamantes compensaria os desequilíbrios. Depois avançou muitas mais mentiras para disfarçar a miséria.

A realidade é que em Angola continuam a morrer pessoas com fome, como foi recentemente noticiado no Bié e camuflando as vítimas noutras províncias. Os indicadores internacionais indicam que o nosso país está, em qualidade de vida, entre os países mais atrasados do mundo e o Caetano Júnior, do jornal da Angola do MPLA, desperdiça o seu tempo e a paciência dos angolanos a tentar abandalhar o The New York Times…

O The New York Times tem jornalistas vencedores d Prémio Pulitzer, que se destina a homenagear os melhores jornalistas do mundo. Quantos prémios “cabeça de maboque” foram atribuídos a jornalistas do jornal da Angola do MPLA?

Que se saiba, o jornalista de investigação angolano, que recebeu prémios internacionais de elevado prestigio, não faz parte dos quadros do jornal da Angola do MPLA e até já foi acusado de traidor neste órgão de propaganda do MPLA. Em Angola dizer a verdade é traição, porque não respeita a cumplicidade e subserviência necessárias para se ser protegido pelo partido dominante, com exageros gritantes em corrupção.

O The New York Times dedica-se ao jornalismo de investigação e não tem receio de investigar o presidente dos Estados Unidos. Já imaginaram o que aconteceria aos moços de recados, que ocupam as posições de director e de director-adjunto do jornal de Angola do MPLA, se decidissem investigar o enriquecimento de João Lourenço e de outros dos seus kapangas do MPLA?

O The New York Times, através do jornalista Nicholas Kristof, mostrou ao mundo “provas esmagadoras de como a corrupção ao extremo” do governo do MPLA, do qual João Lourenço fazia parte, “está a matar crianças em Angola”. Nessa ocasião João Lourenço, Ministro da Defesa “dos angolanos”, não teve argumentos para desmentir as acusações sérias deste jornalista de elevado prestígio mundial. O jornal da Angola do MPLA meteu o rabo entre as pernas…

Agora este órgão de propaganda do MPLA tenta publicar notícias para culpar José Eduardo dos Santos pelo atraso que se verifica, como se não fosse o mesmo partido e os mesmos dirigentes mandadores das “ordens superiores” anteriores que continuam empoleirados no sistema.

O Caetano Júnior acusa a informação das redes sociais de apresentar um jornalismo baixo. Deve estar a referir-se ao jornal da Angola do MPLA, que também tem uma publicação online. Ele não se deve estar a referir aos melhores órgãos de comunicação social dos países mais desenvolvidos, em que os jornalistas não são serventes obedientes do governo, como acontece com os órgãos oficiais de informação e propaganda de Angola.

O Huffinghton Post, jornal online de elevado prestigio mundial, foi contemplado com um prémio Pulitzer pela elevada qualidade no jornalismo. O jornal da Angola do MPLA e os seus director e director-adjunto, conhecido internacionalmente pela obediência ao partido do poder, poderão ter a certeza de que brevemente serão homenageados com o prémio do Narcisismo Matumbo.

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