As autoridades provinciais da Lunda Norte recusaram hoje autorização para uma marcha contra o aumento do preço dos bilhetes pela companhia aérea angolana, TAAG, prevista para amanhã, sábado. Por estas bandas nem as moscas mudaram…
Em causa está a realização para este sábado de uma marcha, organizada por um grupo de cidadãos da província da Lunda Norte, para protestar contra o facto de a TAAG ter subido o preço dos bilhetes de passagem, a única via actualmente de ligação daquela circunscrição com o resto do país, tendo em conta o mau estado das estradas.
Como nota prévia, a carta do governo provincial da Lunda Norte (bem ao estilo do que foi praticado pelo anterior Presidente da República, José Eduardo dos Santos) refere que a problemática do aumento dos preços dos bilhetes de passagem aérea da TAAG foi já objecto de pronunciamento público dos responsáveis desta companhia, tendo ficado claro que vão ser desenvolvidos estudos de mercado com vista à sua revisão, como uma matéria de natureza conjuntural que se estende a todo o país.
Em declarações hoje à agência Lusa, Roberto da Conceição, funcionário público e promotor da marcha, referiu que foi comunicada, na quarta-feira, ao governo da província a realização do acto, que deveria culminar com a entrega de uma petição de repúdio à TAAG pelos altos preços praticados pela companhia.
O governo da província da Lunda Norte apresenta ainda como razão a omissão por parte dos promotores da marcha dos dados referentes à sua morada, o que contraria o estipulado por lei.
“Assim, o Governo Provincial da Lunda-Norte vem por este meio informar aos subscritores que a petição não reúne os requisitos exigidos, pois não foram supridas as insuficiências constantes no artigo 6º, nº 3, da lei em referência, pelo que recomendamos a observância rigorosa do que nesta se contém”, lê-se na carta.
Se ao menos fosse uma marcha de apoio ao MPLA…
Roberto da Conceição informou que, em função dessas anomalias, uma nova carta será remetida na segunda-feira, com as devidas correcções, ficando assim a marcha transferida para o sábado da próxima semana.
Segundo Roberto da Conceição, é bastante alto o preço agora estipulado para o bilhete de passagem, que mais do que duplicou, e não se coaduna com o nível de vida actual da população daquela província diamantífera angolana.
“De acordo com o estilo de vida que a população tem cá na província não ajuda muito essa subida dos preços, aliado ao facto de a empresa MACON (transportadora rodoviária) ter suspendido, temporariamente, as viagens para o leste do país, devido ao péssimo estado das vias. Isso dificultou de uma forma enorme o desenvolvimento da província”, lamentou.
O promotor da marcha referiu ainda que não há alternativas para se verem ligados à capital do país. “Somente a TAAG é que tem nos ajudado para transitar da Lunda Norte para Luanda, em questões de tratamento, férias, formação, compras”, referiu.
Acrescentou que a passagem, ida e volta, do Dundo para Luanda tem agora o custo de 84 mil kwanzas, contra os anteriores 34 mil kwanzas, apenas para uma viagem.
Na quinta-feira, o subdirector de vendas da TAAG, António Bartolomeu, referiu que a companhia está a fazer um estudo a pedido dos governos provinciais para baixar os preços, medida que visa responder às reclamações dos clientes.
As passagens nas rotas domésticas da companhia registaram um aumento no princípio do ano, devido à depreciação da moeda nacional, tendo o kwanza sofrido uma queda de 28%, o que obrigou ao reajuste dos preços.
Folha 8 com Lusa