Lepra? Claro que sim!

As autoridades sanitárias angolanas registaram 180 casos de lepra no primeiro semestre deste ano só na província do Cuanza Sul, mais 28 do que em idêntico período de 2017. Tudo normal, não é Senhor Presidente João Lourenço?

Dados do departamento local de Saúde Pública e Controlo de Endemias referem que, entre o total de casos, 26 foram curados e 18 abandonaram o tratamento.

Segundo o supervisor provincial do Programa de Combate à Lepra, Antero Paulo, as dificuldades financeiras e logísticas têm sido as principais razões que os doentes apresentam para não continuarem os tratamentos.

O responsável, citado pela Angop, avançou que é necessário melhorar-se o abastecimento regular de medicamentos, actualizar os conhecimentos dos técnicos e aumentar o número de viaturas.

A lepra, doença infecciosa que causa danos severos aos nervos e à pele, afecta sobretudo as províncias de Luanda, Benguela, Bié e Huambo, estimando-se, de acordo com dados do programa de luta contra esta endemia, de 2016, que mais de 8% das pessoas afectadas apresentem deformações físicas decorrentes da enfermidade.

Em 2015, o então ministro da Saúde de Angola, José Van-Dúnem, manifestou (é claro!) preocupação com o aumento de casos de lepra no país desde 2010.

“Estou preocupado pelo facto de, após um período de diminuição de novos casos, abaixo do limite da eliminação da doença considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), uma em cada 10.000 pessoas, observamos um recrudescimento da lepra a partir de 2010”, disse na altura José Van-Dúnem.

“A lepra anda por aí”, escrevia o Folha 8 no dia 9 de Setembro de 2015:

«As autoridades sanitárias da província do Cuanza Sul registaram no primeiro semestre deste ano 62 casos de lepra, anunciou o supervisor do programa de luta contra a lepra.

Antero Paulo Carlitos, citado pela agência angolana Angop, indicou que os casos foram registados nos municípios da Cela, Cassongue, Seles, Sumbe e Conda, contabilizando-se um aumento de três casos, face ao primeiro semestre de 2014.

Ainda neste mesmo período, disse Antero Paulo Carlitos, 85 pessoas foram curadas e três outras abandonaram o tratamento.

O técnico sanitário defendeu que o tratamento da lepra seja incluído nos cuidados primários de saúde pública, para melhor acompanhamento dos doentes.

Recorde-se que 990 casos de lepra foram registados em 2014, depois de em 2013 serem notificados 900, de cordo com os dados revelados pelo médico João Pedro Brechet.

Falando, em Abril deste ano, à margem da II Assembleia Geral da Associação para a Reintegração das Pessoas Atingidas pela Lepra (ARPAL), o responsável frisou que mais de mil novos casos de lepra têm-se registado anualmente desde 2005.

Segundo o responsável, 9% dos doentes são crianças com menos de 14 anos, 10% são adultos com mais de 60 anos, acrescentando que 81 dos doentes são jovens em idade vida activa e que chegam ao tratamento com deformidades em cerca de 13% dos casos.

Referiu que 40% dos doentes são mulheres, lamentando o facto do aumento da doença que é visto como um grande desafio na sua erradicação.

“Se fizermos um diagnóstico precoce evitará com que elevados casos sejam registados em Angola”, disse João Pedro Brechet, acrescentando que os primeiros sinais da doença são a falta de sensibilidade nas mãos e nos pés e manchas sensíveis na pele, devendo o seu tratamento ser feito com uma multidroga Terapia (MDT), que é muito eficaz mas deve ser contínuo e não sendo interrompido.

João Pedro Brechet referiu haver poucos técnicos, pelo que há necessidade de serem actualizados, formados e reformados, sendo actualmente a sua maior preocupação.

“Segundo a orientação do titular da pasta do Ministério da Saúde, José Van-Dúnem, vamos agora trabalhar com agentes das comunidades para o acompanhamento das pessoas atingidas com a lepra”, frisou.

De acordo com médico esse trabalho requer dedicação e financiamento, explicando que no dispensário de Luanda são realizadas diariamente 50 consultas de doenças da pele e que dessas 10% são doentes com lepra.

João Pedro Brechet apelou à sociedade para não estigmatizar os doentes com lepra, reforçando que a mesma tem cura e não tem perigo de contágio após o tratamento.

A lepra é uma doença infecciosa crónica, causada por um micróbio conhecido como “bacilo de hansen” que ataca a pele e os nervos dos doentes.»

Daqui a alguns anos continuaremos a falar, entre outros casos (malária, cólera, tuberculose etc.), de lepra e das promessas de João Lourenço e do MPLA.

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