O ministro português da Economia, Caldeira Cabral, preside na segunda-feira à inauguração da nova unidade industrial de mobilidade eléctrica da Efacec, na Maia (norte de Portugal), numa cerimónia que contará também com a presença da accionista maioritária Isabel dos Santos, anunciou hoje a empresa.
Construída no complexo fabril do grupo português na Maia, a nova unidade industrial vai permitir aumentar a capacidade anual de produção de carregadores rápidos para veículos eléctricos, segmento no qual a Efacec reclama a liderança mundial.
O objectivo da empresa liderada por Ângelo Ramalho é triplicar o peso da mobilidade eléctrica na actividade da Efacec, sendo a meta atingir os 100 milhões de euros em três anos e, em termos de emprego associado a este segmento, passar dos actuais 112 para cerca de 200 colaboradores entre o final deste ano e a primeira metade do próximo.
Detida em 66% pela Winterfell, sociedade que é controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos, a Efacec emprega actualmente cerca de 2.300 trabalhadores e, na área da mobilidade eléctrica, está presente em mais de 40 países dos cinco continentes.
A cerimónia de inauguração contará ainda com representantes de marcas automóveis e dos principais operadores europeus de mobilidade eléctrica, sendo seguida, à tarde, pela iniciativa “Plug in Talks”, um espaço de debate do futuro da mobilidade eléctrica.
Na semana passada, à margem do ‘warm up’ da Mobi Lisbon Summit, o Global Business Development Director (Director de desenvolvimento de negócio global) da Efacec recordou as inovações que a empresa tem realizado no sector da mobilidade eléctrica, como a carga ‘wireless’, com um sensor a permitir carregar, sem fios, as “baterias dentro do próprio carregador” e os carregadores para autocarros.
Actualmente, afirma Duarte Ferreira, a Efacec vende para empresas como a Porsche e a Eletrify America (um “projecto de electrificação de auto-estradas americanas”) e conta com uma “unidade em franco crescimento, com objectivos muito ambiciosos: ter a três anos 100 milhões de euros de facturação”.
“Estamos a falar de multiplicar por cinco o tamanho que temos hoje. É um por cinco. Estou certo de que com o ritmo de inovação que temos, com as novas armas que temos a nível fabril e com tudo o que tenho visto, a Efacec consegue ser um ‘player’ totalmente português pioneiro a nível nacional” na mobilidade, concluiu.
A Efacec designa o conjunto das empresas que hoje se constituem como a Efacec Power Solutions e foi criada em 1948, operando nos sectores da energia, da engenharia e da mobilidade.
Dúvidas da Comissão Europeia
Recorde-se que Comissão Europeia (CE) questionou em Fevereiro de 2016as autoridades portuguesas sobre a venda de 66,1% da Efacec a Isabel dos Santos, no âmbito da legislação europeia de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
Em 5 de Fevereiro de 2016 a comissária europeia Vera Jourova informou os eurodeputados do Intergrupo do Parlamento Europeu sobre Integridade e Transparência, Corrupção e Crime Organizado, que a Comissão questionou Portugal sobre “a conformidade da compra da empresa portuguesa Efacec por Isabel dos Santos, filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos”.
Em Outubro de 2015, os deputados enviaram para a Comissão Europeia, Autoridade Bancária Europeia (ABE) e Grupo de Acção Financeira (GAFI) uma carta a solicitar a investigação sobre a legalidade da compra da Efacec por Isabel dos Santos e dirigiram uma pergunta ao Banco de Portugal (BdP) a este propósito.
De acordo com as regras da União Europeia, as entidades portuguesas, nomeadamente, as instituições financeiras envolvidas na operação, “têm o dever legal de executar diligência reforçada sobre quaisquer operações que envolvam Pessoas Politicamente Expostas (PEP na sigla inglesa) – ou seja, o dever de estabelecer a origem dos fundos de PEP estrangeiros, ter uma imagem clara de como o PEP adquiriu a riqueza, de forma geral, ou para o negócio particular em que estão envolvidos”.
Os eurodeputados tinham pedido ao Banco Central Europeu (BCE), à Comissão Europeia e à ABE, enquanto agentes da supervisão da integridade do sistema financeiro europeu, para determinarem se o BdP – a autoridade de supervisão portuguesa – e as instituições financeiras em causa estariam a cumprir a legislação europeia no que respeita a esta aquisição, bem como a outras participações significativas de Isabel dos Santos em empresas em Portugal, particularmente, no sector de petróleo, através Galp, na banca, através do BPI e do BIC, e em telecomunicações, através do operador NOS, bem como em outros investimentos imobiliários.
No dia 28 de Dezembro de 2015, o BdP afirmou que, de acordo com a sua abordagem de supervisão e leis aplicáveis, não tem poderes para suspender ou bloquear a execução das operações financeiras concretas destinadas a adquirir ou aumentar a participação numa determinada empresa, salientando que a sua acção fiscalizadora “necessariamente consiste numa abordagem baseada no risco, cuja natureza periódica, corrente e preventiva é incompatível com o controlo ‘a priori’ de operações financeiras concretas”.
No que diz respeito à compra da Efacec, o regulador assinala, numa carta enviada a Bruxelas, “que tomou medidas de supervisão que entendeu convenientes para obter informações detalhadas sobre se os bancos que financiaram a operação cumpriram com as medidas preventivas prescritas no quadro da prevenção do branqueamento de capitais”, acrescentando que “procedeu à verificação da origem dos fundos próprios envolvidos nessa aquisição e de que o seu financiamento foi aprovado com base numa análise sólida e procedimentos de risco adequados”.
A venda de 66,1% da Efacec Power Solutions (EPS) pelos grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves a Isabel dos Santos foi concluída a 23 de Outubro de 2015.
Isabel dos Santos, indiferente à crise petrolífera do país onde o seu pai era rei, continuava (tal como continua hoje apesar de mudança de monarca) a não ter dificuldades em descobrir os ovos de ouro suficientes para comprar tudo o que dá na real gana.
Folha 8 com Lusa
Fofoca: Contaram-me que, na altura em que a Isabelina fez este negocio, uns orientais mais um angolano propuseram um grande projecto de energia fotovoltaica, placas solares, etc., etc., ao Ministerio da Energia ou Industria (a um desses Ministerios), porque o que nao falta em Angola eh a luz do Sol. Nem projecto nem negocio avancaram porque os bajus de servico nao quiseram melindrar a nova aquisicao e negociatas da Isabelinha. Quantos postes de energia electrica publicos (das novas avenidas de Nova Vida, Talatona, Luanda Sul, Vias expressas, Luanda-Viana, etc), quantos desses postes poderiam beneficiar de pequenas placas solares?