Fartura (de promessas)
enfarta (quem tem fome)

Sessenta e oito mil famílias angolanas vão beneficiar de dois projectos agrícolas, avaliados em 45,8 milhões de dólares (37,1 milhões de euros), lançados hoje, para recuperação agrícola em zonas afectadas pela seca e aumento da produção e comercialização.

Num dos projectos, de Recuperação da Agricultura (ARP), avaliado em 7,6 milhões de dólares (6,2 milhões de euros) vão beneficiar 8.000 famílias de agricultores e pastores de baixa renda, afectadas, desde 2011, pela seca.

O ARP é co-financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), com um empréstimo de cinco milhões de dólares e uma doação de um milhão de dólares (quatro milhões de euros), mas também pelo Governo de Angola, com 700 mil dólares (572 mil euros), e do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura (FAO), com 500 mil dólares (408 mil euros).

Na cerimónia de lançamento do referido projecto, realizada hoje em Luanda, o ministro da Agricultura e Florestas de Angola, Marcos Nhunga, sublinhou que a região sul do país tem sofrido secas recorrentes, que afectam sobretudo as províncias do Cunene, Huíla, Namibe e Benguela, regiões tradicionalmente agro-pastoris.

Marcos Nhunga referiu que as secas prolongadas resultaram em falta de pastagem adequada e menor disponibilidade de água, tendo aumentado a vulnerabilidade a doenças, sendo convicção que este projecto vai contribuir para a recuperação da agricultura, uma das prioridades do Governo angolano.

Com este projecto, as autoridades angolanas pretendem ainda reduzir a pobreza, aumentar a produção, melhorar a segurança alimentar e nutricional, diversificar as culturas e adquirir técnicas para se lidar com as alterações climáticas.

Relativamente a um outro Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Familiar e Comercialização nas províncias do Cuanza Sul e da Huíla (SADCP-C&H-SAMAP), avaliado em 38,2 milhões de dólares (31,2 milhões de euros), o governante angolano realçou que vão ser abrangidas 60.000 famílias, num total de 300 mil pessoas, de cinco municípios para cada uma das províncias beneficiárias.

O projecto, a ser executado pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) do Ministério da Agricultura e Florestas de Angola, tem a duração de sete anos e é financiado pelo FIDA, com 28,8 milhões de dólares (23,5 milhões de euros), e pelo Governo de Angola, com 8,2 milhões de dólares (6,7 milhões de euros), cabendo aos beneficiários comparticipara com 1,1 milhão de dólares (900 mil euros).

O objectivo é aumentar o poder de produção e comercialização dos pequenos agricultores, através do apoio técnico (6,5 milhões dólares) e de investimento (8,3 milhões de dólares), nomeadamente infra-estruturas, conservação de produtos.

Outra das componentes do projecto prevê a gestão, através de um investimento de 7,1 milhões de dólares (5,8 milhões de euros), bem como monitoria e avaliação, por 900 mil dólares (735 mil euros).

Segundo o coordenador de ambos os projectos, Augusto Nguimbi, as principais culturas deste projecto são o milho, feijão, batata rena e hortícolas diversas, esperando-se como resultados a criação de empregos, a melhoria de subsistência das 60.000 famílias, que deverão entre outros aspectos reduzir os custos de comercialização e perdas de pós colheita.

Na sua intervenção, o presidente do FIDA, Gilbert Houngbo, disse que ambos os projectos reflectem a tradicional cooperação existente com Angola, que remonta ao ano 1991, com um financiamento total superior a 150 milhões de dólares, que beneficiou mais de 300 mil famílias das zonas rurais.

Gilbert Houngbo salientou a importância de que estes dois projectos venham a alcançar a eficácia e eficiência dos objectivos traçados.

“Melhorar a capacidade institucional vai ajudar muito o nosso trabalho para colocarmos de forma melhor os recursos que são disponibilizados”, defendeu o responsável.

Desde 1991, o FIDA financiou o Projecto de Reabilitação do Sector de Agricultura Familiar de Malange, Projecto de Desenvolvimento das Culturas Alimentares da Região Norte (PRODECA), Programa de Desenvolvimento das Comunidades Piscatórias da Região Norte (PESNORTE), Projecto de Agricultura Familiar Orientado para o Mercado (MOSAP), Projecto de Aquicultura e pesca Artesanal (AFAP), Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Familiar e Comercialização (SAMAP) e Projecto de Recuperação da Agricultura (ARP).

Lusa

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