A falta de docentes na UAN
põe em risco vários cursos

A Universidade Agostinho Neto (UAN), em Angola, tem problemas “sérios” ao nível das infra-estruturas e a falta de quadros docentes pode colocar em risco a abertura de vagas em 2019, disse hoje o seu reitor, Pedro Magalhães.

“F altam docentes nos cursos de matemáticas e física. E o curso de Engenharia de Petróleo está em risco de não abrir vagas no próximo ano”, adiantou Pedro Magalhães (foto) durante um debate em Macau, no âmbito da 1.ª edição do Fórum dos Reitores das Instituições do Ensino Superior da China e dos Países da Língua Portuguesa.

O responsável da maior e mais antiga universidade angolana no pós-independência, afirmou que “existem problemas sérios com as infra-estruturas”, lembrando que “a Faculdade de Medicina nunca teve instalações próprias” e que “o campus universitário ainda está por concluir”.

Apesar das “dificuldades ao nível da mobilidade” de professores e estudantes que se fazem sentir na instituição, Pedro Magalhães assegurou que a universidade “está disponível para cooperar com a China e países da língua portuguesa”.

Antes, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro sublinhou que a internacionalização é actualmente um dos grandes desafios para o ensino superior em Portugal.

António Fernandes defendeu ainda que este evento em Macau permitiu perceber um dos objectivos comuns das instituições que podem e devem passar pela cooperação: “formar talentos bilingues nas áreas estratégicas que tenham impacto no desenvolvimento económico dos países”.

Mais de 70 entidades ligadas ao ensino superior dos países lusófonos e da China assinaram hoje uma declaração conjunta na qual se comprometem a promover a cooperação na mobilidade e no apoio às indústrias inovadoras e criativas.

A declaração conjunta marcou o encerramento da iniciativa organizada pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior de Macau, a Universidade de Macau e a Universidade de São José.

Os responsáveis acordam em “incentivar a cooperação das indústrias inovadoras e criativas”, tanto na China continental e nas regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong, como nos países lusófonos.

A intenção, pode ler-se na declaração final, passa por acelerar “os processos de cooperação comercial global entre os mercados emergentes dos países/regiões envolvidos”.

Entre os países de língua portuguesa, o compromisso foi assinado por representantes de universidades e politécnicos de Portugal, Angola, Moçambique, Timor-Leste e Brasil.

A história da UAN

A UAN é herdeira dos Estudos Gerais Universitários (EGU) de Angola e Moçambique, criados pelo poder colonial português, através do Decreto-Lei nº 44.530, de 21 de Agosto de 1962, que viriam a ser inaugurados em Luanda, a 6 de Outubro de 1963 pelo então Presidente da República portuguesa , Contra-Almirante Américo Thomaz.

O surgimento de uma universidade em Angola ocorreu numa complicada conjuntura de pressões internas e externas sobre Portugal. Ao nível interno, a burguesia (colonial e autóctone) desejava que os seus filhos continuassem os estudos superiores sem terem de abandonar o território, por um lado. Por outro lado, a eclosão e a evolução da luta armada de libertação nacional, impunham uma tomada de medidas que ajudassem a manter o controlo político-administrativo da colónia e contribuíssem para melhorar a situação nos domínios socioeconómico e cultural.

Inicialmente, os EGU não tinham uma Reitoria fixada em Angola ou em Moçambique, pois dependiam da Universidade Portuguesa, e não conferiam quaisquer graus académicos, implicando o termo da formação na metrópole, ou seja, em Portugal. Os EGU asseguravam os cursos de Médico-Cirúrgico, Engenharia, Agronomia e Silvicultura, Medicina Veterinária e Ciências Pedagógicas.

O primeiro Reitor dos EGUA – Estudos gerais Universitários de Angola foi o Professor Catedrático André Francisco Navarro, engenheiro agrónomo e director do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.

Em 1965, a Reitoria fixa-se em Luanda e os cursos de Medicina Veterinária, Agronomia e Silvicultura são transferidos para a então cidade de Nova Lisboa, hoje Cidade e Província do Huambo, e o de Ciências Pedagógicas para Sá da Bandeira, actual Lubango, província da Huíla.

O primeiro Reitor da Universidade de Luanda foi o Professor Doutor Ivo Ferreira Soares que tomara posse a 31 de Março de 1966, substituindo no cargo o Professor Doutor António de Mendonça, ainda no quadro da vigência dos EGUA.

A 23 de Dezembro de 1968, como corolário do seu desenvolvimento, os Estudos Gerais Universitários de Angola e Moçambique adquiriram o estatuto de universidades por força do Decreto-Lei nº 48.790, adoptando as designações de Universidade de Luanda e Universidade de Lourenço Marques (actual Maputo), respectivamente, conferindo os graus de licenciado, doutor e agregado.

Data dessa altura, para o caso de Angola, a criação das licenciaturas em Matemáticas Puras e Aplicadas, Física, Química, Geologia e Biologia, que se juntam às de Medicina, Engenharia Civil, de Minas, Mecânica, Electrotécnica e Químico-Industrial, ministrados em Luanda. Na Huíla onde funcionavam já os cursos de Ciências Pedagógicas e a Formação de Professores do 8º e 11º grupos do Ensino Técnico, passam a ministrar-se também as licenciaturas em História, Geografia e Filologia Romana.

A Universidade de Luanda estava assim distribuída por três cidades de Angola (Luanda, Huambo , ex-Nova Lisboa, e Lubango, ex-Sá da Bandeira, actual Lubango, Província da Huíla).

Com a reconquista da soberania nacional, a 11 de Novembro de 1975, a Universidade de Luanda ganha estatuto de universidade nacional e passa a designar-se Universidade de Angola, com a promulgação da portaria nº 77-A/76, de 28 de Setembro, do primeiro Governo de Angola Independente.

O Presidente da República e primeiro Reitor, António Agostinho Neto, definia assim a missão da Universidade de Angola:

“(…) estar ao serviço da revolução e constituir um dos factores de combate às sequelas do colonialismo e para a implantação de uma sociedade justa e progressista em Angola. A universidade deve gerar os quadros nacionais com uma nova mentalidade, capazes de funcionar como artífices de uma nova sociedade visando o triunfo da democracia popular” (discurso proferido no dia 12 de Setembro de 1977, por ocasião da tomada de posse do vice-reitor).

A 24 de Janeiro de 1985, por força da Resolução 1/85, do Conselho de Defesa e Segurança (DR 9-1ª Série, 28/1/1985) a Universidade de Angola passou a designar-se Universidade Agostinho Neto, abreviadamente UAN, em homenagem ao primeiro Presidente da República Popular de Angola e seu primeiro Reitor após a independência (1976 a 1979).

Desta forma, a UAN torna-se a primeira Instituição de Ensino Superior pública em Angola, vocacionada para a formação de quadros de excelência, a nível de graduação, especialização e pós graduação, desiderato que dezenas de anos depois ainda está muito longe de ser alcançado.

Até 2009 era a única instituição de Ensino Superior em Angola, com Centros Universitários em 7 das 18 províncias de Angola. Depois do seu redimensionamento nesse ano, a UAN passou a pertencer à Região Académica I, que abrange as províncias do Bengo e de Luanda.

Até Novembro de 2011, a Reitoria funcionou no 2º andar do edifício do Hotel Presidente Meridien, na marginal de Luanda, em regime de arrendamento e as distintas Unidades Orgânicas funcionavam, de forma dispersa, no casco urbano de Luanda.

A 14 de Novembro de 2011, o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, inaugurou a 1ª fase das obras do Campus Universitário, situado na zona de Camama, município de Belas. Desde essa data, a Reitoria e a maior parte dos cursos das Faculdades de Ciências e de Engenharia passaram a funcionar nesse espaço, ficando, grosso modo, inalterados os endereços das demais Unidades Orgânicas.

A UAN encontra-se estruturada em nove Unidades orgânicas, designadamente: 7 Faculdades, 1 Instituto Superior e 1 Escola Superior, que ministram 45 cursos de graduação, 13 de especialização, 31 de mestrado e 7 de Doutoramento.

As Unidades Orgânicas estão estruturadas em Departamentos de Ensino e Investigação, onde são ministrados os cursos que compõem a oferta formativa da UAN, ora referida.

A Universidade Agostinho Neto, à luz do seu Estatuto Orgânico, garante a liberdade de criação científica, cultural e tecnológica, numa perspectiva de respeito e promoção da pessoa humana, da comunidade e do meio ambiente. Para além disso, assegura a pluralidade de opiniões e sua livre expressão; promove a participação de todos os corpos universitários na vida académica comum e garante métodos de gestão democráticos, através do exercício da eleição directa de membros para os órgãos representativos – Senado Universitário e da Assembleia da Universidade.

Em Junho 2014, a UAN foi distinguida, em Roma, Itália, pela Associação “OMAC” Otherways Management Association Club-Paris, com o Prémio “New Era Award for Technology, Innovation & Quality”.

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One Thought to “A falta de docentes na UAN
põe em risco vários cursos”

  1. Carlos Pinho

    É simples! Contratem mais cubanos.

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