A “coisa” agora vai!

Uma campanha que visa reforçar as virtudes cívicas e ético-militares, no seio das Forças Armadas Angolanas (FAA), vai ser implementada a partir do próximo ano, anunciou, em Luanda, o Chefe do Estado-Maior General, Egídio de Sousa Santos “Disciplina”.

“V irtudes cívicas e ético-militares”, no âmbito da educação patriótica, são de facto um pilar basilar que, pelos vistos, merece ser alimentado todos os dias, a bem da Nação…

Egídio de Sousa Santos acrescentou que a medida visa manter os valores patrióticos, de lealdade e camaradagem nas tropas, enquadrada nos ingentes esforços encetados para a moralização da sociedade.

Na ocasião, o general “Disciplina” chamou a atenção para a continuidade do trabalho para consolidar as conquistas e a eficiência na execução dos programas de preparação operativa, combativa e educativo-patriótica, melhorar a disciplina militar e a consciência jurídica e sanitária das tropas.

Durante o discurso de balanço das actividades desenvolvidas em 2018, o general Egídio de Sousa Santos prometeu trabalho contínuo no melhoramento das condições de vida das tropas, na elevação da qualidade da assistência médica e medicamentosa.

Destacou ainda o desempenho do contingente das FAA que integrou a Missão de Prevenção da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral – SADC – para o Reino do Lesotho (SAPMIL), de Novembro de 2017 a Novembro de 2018.

A contribuição direccionada às acções de apoio à Polícia Nacional, dentro da estratégia das “Operações Transparência e Resgate”, em curso no país, também foi realçada pelo Chefe do Estado-Maior General das FAA.

O general “Disciplina” lamentou o facto de não se ter executado, por causa da crise financeira, uma série de acções, nomeadamente, o programa de potenciação das FAA, o asseguramento de infra-estruturas de aquartelamento das tropas, o melhoramento da base material de estudo maior e menor.

Governar? Sim, um dia destes

O Presidente João Lourenço deu prioridade máxima aos “fuzilamentos” dos seus adversários do MPLA (são os únicos que existem) e mínima (ou quase nula) à governação de um país com 20 milhões de pobres e em que 86% das crianças apenas conseguem, patrioticamente, enganar a barriga. Tudo normal, portanto.

Em matéria de “disciplina” militar, a nomeação do general António Egídio de Sousa Santos para o lugar do general Geraldo Sachipengo Nunda como Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, foi a cereja no topo do bolo do domínio total da sociedade angolana.

A escolha do general “Disciplina” não poderia ser, de facto, mais emblemática. Pôr no comando das FAA o seu chefe do Estado-Maior General adjunto para a Educação Patriótica, reflectiu com exactidão o que João Lourenço quer dos militares para que estes o possam ajudar a “educar patrioticamente” todos aqueles que não são do MPLA e, ainda, todos aqueles que sendo do MPLA possam estar a pensar mudar de rumo para engrossar o “exército” de marimbondos.

Fará sentido, 43 anos depois da independência, 16 após a paz total, falar-se de “educação patriótica”? Ter um chefe do Estado-Maior General adjunto exactamente para a Educação Patriótica? Pelos visto faz, sobretudo como degrau que antecede a chefia das FAA. Se na Coreia do Norte faz sentido, em Angola também faz, considera certamente o MPLA.

Devido à sua posição geoestratégica e às suas potencialidades em recursos naturais, Angola tem sido alvo de várias tentativas de desestabilização através do incentivo – escreveu em tempos a Angop – “de reformas correntes à desobediência e desacatos às autoridades legalmente instituídas”.

O general fez estas afirmações quando, em 2015, discursava na abertura do 6º curso de estratégia e arte destinado a oficiais generais e almirantes das Forças Armadas Angolanas.

Será então de concluir, ou não tivesse sido o general Egídio de Sousa Santos “Disciplina” responsável pela “Educação Patriótica”, que por exemplo os nossos jovens activistas se inserem nessa monumental e poderosa tentativa de desestabilização, exactamente por ausência da… educação patriótica.

De acordo com o oficial general, neste “sentido deve-se prestar maior vigilância a estes cenários para não permitir que a paz duramente conquistada à custa do suor e sangue de muitos filhos da pátria seja perturbada”.

Está bem visto. Provavelmente os jovens activistas (e não só eles) estariam, para além de um golpe de Estado, a preparar-se para a guerra, pondo a paz, “duramente conquistada à custa do suor e sangue de muitos filhos da pátria”, em causa.

O curso de “de estratégia e arte” enquadra-se nas perspectivas e estratégias de formação definidas pelo comando superior das Forças Armadas Angolanas e materializadas pelo Estado-Maior General por intermédio dos seus órgãos de ensino militar.

“Esta formação marca uma etapa importante no âmbito da implementação da directiva do Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, José Eduardo dos Santos, que prevê um conjunto de tarefas concretas na perspectiva «Angola 2020», nas quais se destaca a formação contínua dos quadros a todos os níveis como premissa fundamental para a modernização da instituição castrense”, explicou na altura o general das FAA.

Hoje poderá dizer exactamente a mesma coisa. Só tem (como fizeram e fazem muitos outros ilustres políticos e militares) de substituir o nome de José Eduardo dos Santos pelo de João Lourenço. O resto aplica-se na íntegra.

“Todavia, o sucesso de qualquer formação depende em última instância do engajamento efectivo que cada discente tiver no estudo das matérias que forem ministradas, além do factor coabitação entre docentes, discentes, conteúdo, métodos de ensino e aprendizagem”, afirmou o general Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, justificando a cada vez maior necessidade de reeducar os angolanos.

Reeducar sobretudo, ou exclusivamente, os que teimam, que continuam a teimar, em pensar pela própria cabeça. É que estes, como revelou João Lourenço em Lisboa, estão a provocar um zunido “marimbondiano” incómodo para quem tem o rei na barriga e os escravos na mão.

Egídio de Sousa Santos “Disciplina” afirmou estar convicto de que as Forças Armadas Angolanas “estão no bom caminho no concernente à formação, produzindo valores que possam enobrecer as estruturas de ensino militar, a instituição castrense, e o país em geral no contexto interno e externo em última instância, o soldado que constitui a unidade de um todo que são as Forças Armadas Angolanas”.

Espera João Lourenço que todos bebamos os “Princípios fundamentais e bases ideológica do seu MPLA”, e nos inspiremos – por exemplo – nas vantagens do esclavagismo e no temor do que um novo 27 de Maio possa causar.

Assim sendo, “Educação Patriótica” é sinónimo do culto das personalidades afectas ao regime do MPLA, banindo da História de Angola qualquer outra figura que não se enquadre na cartilha do partido que, cada vez mais, não só se confunde com o país como obriga o país a confundir-se consigo.

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