Peritos europeus de férias
darão (boa) ajuda ao MPLA

Aí está o mais recente contributo da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola para o anedotário nacional. Ou seja, manifestou hoje total disponibilidade para apoiar o trabalho, certamente árduo e extenuante, da enorme missão da União Europeia que vai “acompanhar” as eleições(?) do dia 23 e que é constituída por… cinco (5) peritos.

Por Orlando Castro (*)

A informação foi avançada à imprensa pela porta-voz daquele órgão eleitoral do MPLA, Júlia Ferreira, no final da audiência concedida pelo presidente da CNE, André da Silva Neto, ao enorme, e de elevado gabarito, grupo de peritos da União Europeia que em gozo de férias se encontra em Luanda.

Júlia Ferreira sublinhou que, “embora com este figurino” – e não com uma equipa de observadores como chegou a ser abordado -, a CNE aplaudiu a presença da União Europeia nas eleições gerais angolanas, garantindo total colaboração para facilitar a sua missão.

Sim. Não tenhamos dúvidas que a CNE vai dar todo o apoio para facilitar a missão dos peritos que decorrerá nas nossas excelentes praias ou nas não menos excelentes piscinas, entre uma belas lagostas e vinho da mais alta qualidade mundial.

“A CNE realizou hoje um encontro com esta missão da União Europeia, que nos veio dizer de viva voz que não irão fazer a indicação de observadores para participarem nas eleições gerais do dia 23 de Agosto, mas irão participar neste processo na qualidade de peritos”, referiu Júlia Ferreira.

Ou seja, irão participar na qualidade de turistas.

Por sua vez, a encarregada de negócios da delegação da União Europeia em Angola, Joana Fisher (na foto), disse que o encontro serviu para apresentar à CNE a equipa de cinco peritos que vão acompanhar o processo eleitoral em Angola. De facto, acompanhar a partir de Europa é muito diferente do que acompanhar “in loco”… em gozo de férias e com todas as mordomias que o regime sempre reserva aos convidados que, logo à partida, garantem que pouco mais são do que cegos, surdos e mudos.

Joana Fisher disse que no encontro foi realçada a parceria “muito frutífera” entre a União Europeia e Angola, e reiterado o seu empenho e contribuição para este processo eleitoral. Palhaçada completa. Fisher aceita não só atribuir a si própria e aos peritos europeus o papel de palhaços, como se vangloria de querer passar-nos um atestado de matumbez. É mesmo caso para dizer: é fartar vilanagem.

“E por isso quisemos vir aqui apresentar os nossos peritos, mostrar qual é a nossa metodologia, como vamos funcionar e também pedir à CNE que nos dê o melhor enquadramento legal de como é que as coisas funcionam em Angola, para sabermos responder também ao quadro legislativo angolano”, salientou, mostrando-se receptiva a aceitar tudo o que a CNE quiser, como seja levar uma escada para colher abacaxi ou subir a uma palmeira para colher loengos.

Joana Fisher disse que os cinco peritos vão ter contactos com vários actores relevantes do processo eleitoral e fazer uma análise qualitativa do processo, bem como tentar compreender como é que as coisas têm avançado desde os outros actos eleitorais, em que também participou, em 2008 e 2012.

“Esperamos assim também contribuir para que Angola tenha a nossa avaliação enquanto peritos e a análise técnica que fazemos com base na nossa perícia”, frisou.

A equipa de peritos, que já está em Luanda, vai recolher informações sobre o processo eleitoral, avaliar a condução das eleições, bem como fornecer uma avaliação do quadro legal e eleitoral, de acordo com os padrões internacionais e regionais para eleições democráticas, mas sem qualquer declaração pública sobre a votação.

E assim serão todos felizes, pouco importando que os mortos também votem, que apareçam mais votos do que eleitores, que Angola seja um dos países mais corruptos do mundo, que lidere o “ranking” mundial da mortalidade infantil, que tenha 20 milhões de pobres…

(*) Com Lusa

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