JLo à descoberta de um
“ninho de marimbondos”

No actual imbróglio que caracteriza as relações entre o actual presidente da República e o ex-presidente, não sabemos que tipo de conselheiros este último tem, mas, em todo o caso, vê-se a olho nu e entende-se sem ser preciso falar que esses pretensos sábios e doutores não são capazes de interpretar os anseios e aspirações do povo de Angola!

Não acham que seria maior benefício para a salvaguarda da imagem do ex-líder e do próprio partido, se fosse dado um apoio ao actual presidente, fraquinho e manso, entremeado de conselhos de prudência, numa atitude que só daria crédito ao antigo regime JES/MPLA?

Nada disso, o que se sente é repúdio, indignação e, entretanto, o que se está a dar a entender ao povo é que, à coerência política do desempenho do actual presidente – JLo está, tanto quanto pode, a cumprir o que tinha prometido nos seus discursos de campanha eleitoral – se opõe o disco duro do MPLA, representado por um Comité Central muito prudente, que na realidade pouco menos é do que um aglomerado de “yes men” do camarada ex-presidente da República, e a vozeira de alguns dos principais arauto do defunto regime JES/MPLA, entre os quais já se destacaram o deputado João Pinto, a filha do ex-PR, Tchizé dos Santos, o actual governador do Cunene, Kudi Pahyama e o irredutível general Zé Maria.

Entretanto, JLo enviou para o vulgo “olho da rua” pessoas que, pelo menos, não lhe inspiravam confiança e foram substituídas por outras em quem ele pode confiar, o que é normal. O problema é que para o lugar dos exonerados foram optadas não só pessoas competentes, mas também alguns indivíduos um tanto ou quanto tão podres como os que foram apeados.

Pelo que foi dado a conhecer em vários órgãos de comunicação social, no processo que antecedeu a nomeação dos secretários de Estado, o titular das Finanças, Archer Mangueira, havia apresentado a proposta de três nomes para o cargo de secretário de Estado do Tesouro.

Segundo este ministro, as pessoas mais indicadas para exercer essas funções seriam Ciel de Aguiar da Conceição, Vera Esperança dos Santos Daves e Carlos Aires da Fonseca Panzo.

João Lourenço aceitou o nome de Vera Daves e aproveitou o nome de Carlos Panzo, com o intuito de o nomear para o cargo de secretário para os assuntos económicos do Gabinete Presidencial.

Pouca sorte, o recém-nomeado secretário foi enviado em missão à Suíça e quando regressou a Angola, cerca de uma semana depois da data da sua nomeação, foi exonerado “illico presto” por JLo, porque com ele, quase ao mesmo tempo, chegaram a Luanda notícias da justiça helvética segundo as quais o homem estava a ser investigado na Suíça por branqueamento de capitais.

Poucos dias depois deste desaire, aconteceu a exoneração de Isabel dos Santos, PCA da Sonangol. Para o seu lugar foi catapultado mais um dirigente que também está a ser objecto de investigação no estrangeiro por suspeita de branqueamento de capitais, um funcionário que já tinha alegadamente feito alguns desgastes na Sonangol, Luís Ferreira de Nascimento José Maria, que está, desde Agosto passado, associado a uma acusação feita pela Procuradoria da República Portuguesa.

Desde então foram levantadas interrogações quanto ao critério que o novo Presidente estaria a levar na avaliação da ficha dos seus nomeados, uma vez que estavam a propor-lhe nomes com cadastros comprometidos tais como aconteceu com Carlos Panzo e agora com Luís Ferreira de Nascimento José Maria.

Será realmente pouca sorte? Claro que não, pois se for nomeada mais gente que fez parte do cume da pirâmide da hierarquia na Sonangol, muita sorte seria encontrar um funcionário que não estivesse a ser investigado por prática de trafulhices. Enquanto JES esteve no poder, toda essa banda estava ao abrigo duma total impunidade como como prova o facto de a PGR de Angola ter anunciado em comunicado que estava ao corrente da existência de desde Março deste ano cerca da investigação que pesa sobre Panzo.

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