O Presidente angolano, João Lourenço, elogiou hoje as históricas relações com a Itália, apontando a necessidade de alargar a cooperação, já existente na área do petróleo e da defesa, a outros sectores económicos.
O chefe de Estado falava no palácio presidencial, em Luanda, em conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, que se tornou no primeiro chefe de governo de um país ocidental a ser recebido por João Lourenço, após a sua investidura como Presidente da República, em 26 de Setembro.
“Nós pretendemos aprofundar a cooperação económica entre Angola e Itália, em vários domínios, uma vez que de momento conhecemos algum avanço nos domínios energético, por causa dos petróleos, e também da defesa. E pretendemos corrigir essa situação, estender a cooperação a outros sectores importantes da nossa economia”, afirmou João Lourenço.
O Presidente recordou o apoio que organizações não-governamentais italianas prestaram aos então movimentos nacionalistas, durante o período da guerra colonial, e da própria sociedade italiana, que permitiu a Agostinho Neto (MPLA), Amílcar Cabral (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) e Marcelino dos Santos (FRELIMO) serem recebidos, em audiência, em 1970, pelo papa Paulo VI.
“Em 1975, quando o nosso país se tornou independente, a Itália foi o primeiro país europeu que reconheceu a independência de Angola. E, talvez por isso, não seja por acaso que também é o chefe do Governo italiano que efectua a primeira visita a Angola após a minha investidura”, enfatizou João Lourenço.
Na mesma intervenção, Paolo Gentiloni afirmou que esta visita a Angola serviu nomeadamente para “confirmar o apoio” do Governo italiano ao novo executivo angolano e ao “programa muito importante” em curso, de reconversão económica do país, ainda essencialmente dependente das exportações de petróleo.
O primeiro-ministro Paolo Gentiloni, que termina hoje esta visita de 24 horas a Luanda, transmitiu a disponibilidade de Itália para alargar a cooperação a outros níveis, tendo assistido à assinatura de acordos de cooperação entre as petrolíferas ENI e Sonangol, ao nível de produção de petróleo e gás, bem como de refinação.
Na área da defesa, a cooperação baseia-se essencialmente na aquisição a Itália de helicópteros e embarcações para as Forças Armadas Angolanas.
E como está a cooperação na agricultura?
Em Julho de 2015 foi divulgado que a Itália ia apoiar a pesquisa e formação agrícola em Angola no âmbito de um memorando de entendimento para desenvolver aquele sector, assinado no dia 22 desse mês, em Luanda, entre os dois governos, com a perspectiva de reforço dos investimentos privados italianos.
A informação foi transmitida aos jornalistas pelo ministro das Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais de Itália, Maurizio Martina, após a assinatura de um acordo que, explicou, representa um “um porto de partida” para o apoio italiano a Angola “nos próximos anos”.
“Vamos trabalhar em conjunto, em particular as nossas empresas, no campo da pesquisa e da formação agrícola. E unindo as nossas forças em novos projectos empresariais”, sublinhou o governante italiano.
Áreas como a mecânica agrícola e das tecnologias da irrigação, acrescentou Maurizio Martina, mereceram igualmente referência nos objectivos do memorando então assinado, que não foi tornado público.
Aquele ministro assumiu ainda que “projectos importantes” previstos para o sector agrícola em Angola “interessam” a grandes grupos empresariais italianos do sector agro-alimentar, os quais “querem investir” no nosso país.
“É do interesse italiano trazer a Angola o verdadeiro produto agro-alimentar de Itália”, assumiu Maurizio Martina, recordando a importância da indústria italiana no plano internacional.
De acordo com o então ministro da Agricultura de Angola, Afonso Pedro Canga, este memorando de entendimento com o Governo de Itália iria permitir “reforçar o apoio” na investigação científica, na formação de quadros, mecanização agrícola, genética ou cooperação empresarial no sector agro-alimentar.
“Há interesse das partes de reforçarmos a intervenção dos nossos empresários, de empresários italianos a investir em Angola e em associação com os seus colegas angolanos”, disse Afonso Pedro Canga, admitindo o desejo angolano de “tirar partido” da alta tecnologia e competitividade da agricultura italiana.
“Podemos aproveitar essa experiência e capacidade para desenvolver a nossa agricultura”, sublinhou o governante.
O ministro garantiu que este memorando de entendimento assinado com o congénere italiano é para implementar “imediatamente”, para rapidamente incrementar o investimento daquele país em Angola. “Temos todas as condições para começar a trabalhar”, enfatizou.
Os governos de Angola e de Itália tinha assinado, dias antes, em Roma, três instrumentos de cooperação bilateral, com destaque para o desenvolvimento da agricultura, durante a visita oficial do Presidente José Eduardo dos Santos.
Folha 8 com Lusa