Hospital do Moxico entrega remédios fora da validade

Funcionários do Hospital Municipal do Moxico, localizado no bairro Sawambo, têm entregado aos doentes medicamentos com prazo de validade expirado, segundo denúncias feitas por habitantes daquela localidade.

Júlia Maria, residente no Lwena, é uma das pessoas que recebeu os fármacos expirados. Devido às febres altas que tem tido frequentemente, a senhora foi ao hospital na semana passada, onde foi diagnosticado paludismo. Para além de paracetamol e amoxicilina, Júlia Maria tem de ingerir também três frascos de xarope Coartem, medicamentos todos dados no hospital, o que para a doente constituía alívio por não ter dinheiro para comprar os mesmos em farmácias ou em mercados informais.

Em casa e prestes a começar o tratamento, Júlia é advertida pelo cunhado de que as três garrafas de xarope Coartem tinham expirado exactamente no mês em curso, Fevereiro, pelo que, por precaução, a doente decidiu não tomar o xarope.

Com dois filhos menores por sustentar, Júlia não tem recursos financeiros para adquirir os frascos de xarope, tanto em farmácias como nos mercados informais para onde são desviados os medicamentos destinados aos hospitais com propósito de entrega gratuita aos doentes. O cunhado de Júlia conseguiu comprar uma garrafa de xarope por mil Kwanzas. Júlia iniciou a medicação, mas falta comprar duas garrafas.

Os munícipes garantem que a entrega de medicamentos fora do prazo de validade tem sido feita desde Janeiro, e que, por falta de dinheiro para comprar nas praças e também por confiarem nos técnicos de saúde do hospital, a maioria dos doentes recebe e consome os fármacos regularmente.

Os poucos munícipes que se preocuparam em pedir esclarecimento à direcção do hospital pelos medicamentos expirados, dentre eles o cunhado de Júlia, não tiveram respostas.

Inaugurado em 2014, o hospital foi referenciado como “altamente equipado com tecnologia avançada” na imprensa estatal. Para além da falta de medicamentos, não os expirados, que há bastante, a “unidade sanitária de referência” carece de médicos de várias especialidades.

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