As raposas do galinheiro

Ficámos finalmente a saber que os órgãos oficiais de informação e propaganda do MPLA, especialmente o Jornal de Angola, reconhecem que João Lourenço (qual malandro) é mentiroso. Chegámos a esta conclusão depois de lermos a opinião de que “o período eleitoral presta-se para muitas promessas, uma boa parte das quais sem sustentação face à crueza da realidade dos factos”.

Por Domingos Kambunji

Assim sendo, “a Califórnia já não vai para Benguela e o kimbóio da Lunda Sul continuará a ser ficção”, demagogicamente anunciada por João Lourenço durante a campanha eleitoral, entre muitas outras basófias.

No fim de contas a diferença entre o João e o Zéduardo não é grande. Ambos enveredaram pelas promessas demagógicas para engordarem e para engodarem emagrecendo o povo angolano, especialmente os mais pobres.

Uma das promessas eleitorais mais megafoneadas por João Lourenço foi o combate à corrupção. Todavia isso parece ser mais uma falácia porque Angola tem um Ministro da Propaganda e Educação Patriótica, o João “Goebbels” Melo, que está mais interessado em proteger os corruptos do que nas causas mais nobres para a melhoria social em geral.

O Goebbels do MPLA anda, numa enorme histeria, muito preocupado se o ex-vice-presidente Manuel Vicente irá ser julgado, ou não, em Portugal por crimes de corrupção, falsificação de documentos e branqueamento de capitais. O sofisma que utiliza para tentar convencer os ingénuos é de que ele poderá ser julgado em Angola, porque o sistema judicial angolano é competente para o fazer.

O caso dos Revus e a impunidade dos muitos assassinatos praticados em Angola demonstram exactamente o contrário. O que é que o sistema judicial de Angola fez com os casos de angolanos fuzilados nas Lundas e em outras regiões do país, pela Polícia Nacional e outros capangas do MPLA? Fez-se justiça ao mandar indemnizar, nalguns casos, as famílias com sacos de fuba e de feijão e oferecendo os caixões para os funerais?…

João “Goebbels” Melo é o capanga, Ministro da Propaganda e Educação Patriótica do MPLA, que protege a “acumulação primária de riqueza” (roubalheira) efectuada pelo Manuel Vicente e outros. Deveria estar mais vocacionado para proteger os direitos dos familiares, entre muitíssimos outros casos, do miúdo Rufino António, que foi fuzilado pelos cangaceiros ao serviço do MPLA que protegiam o derrube das barracas onde os pobres viviam; poderia contribuir para que se fizesse justiça no assassinato, cobarde, do jovem adulto Ganga; poderia desmascarar os dirigentes do MPLA que foram os principais responsáveis pelo desaparecimento e posterior fuzilamento dos jovens adultos Cassule e Camolingue; poderia contribuir para que se fizesse alguma justiça sobre os acontecimentos do 27 de Maior de 1977; poderia desmascarar os dirigentes do MPLA que decidiram iniciar a guerra civil em Angola…

Uma pergunta que desejaríamos colocar ao João Goebbels do MPLA é a seguinte: será que ele sabe o número exacto de angolanos que perderam a vida durante a guerra para que o MPLA tivesse a possibilidade de impor dirigentes como Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos e para que os generais do MPLA, incluindo o João Lourenço, possam ser multimilionários, quando existem 20 milhões de pobres em Angola?

A resposta a esta pergunta poderia desmascarar os grandes “acumuladores primários de riqueza” (ladrões) do MPLA. O João Goebbels não está, com toda a certeza, interessado em desmascarar, entre muitos outros, o seu patrão, o que cometeu o acto sinistro de o nomear para Ministro.

Os 20 milhões de pobres em Angola não assustam o João Goebbels porque ele sabe que as forças armadas e as forças “pulhiciais” estão bem equipadas com material de guerra letal.

O João “Goebbels” Melo é o autor da Teoria da Contra-Manifestação. Esta teoria foi muito propagandeada nos órgãos de informa(ta)ção do Re(i)gime, quando alguns angolanos pretendiam manifestar-se contra a ditadura, a injustiça social e o parasitismo obediente e incompetente do sistema judicial da Re(i)pública de Angola.

A Teoria da Contra-Manifestação ameaçava os angolanos, que defendiam a democracia, de que o MPLA tinha a possibilidade de manipular mentalidades para organizar manifestações de obediência e bajulação ao “Querido Líder” José Eduardo dos Santos, de quem o João “Goebbels” Melo era um obediente servente.

Tentar convencer as pessoas de que haverá grandes alterações na Re(i)pública, para a democratização do Re(i)gime, é um acto inglório. Os “renovadores” estão demasiadamente contaminados com os vícios do passado.

É por isso que o João “Goebbels” Melo anda tão preocupado em exercer a função de guarda-costas do Manuel Vicente. A condenação do Manuel Vicente no estrangeiro poderia (poderá) contribuir para identificar a matilha de raposas que continua a engordar do galinheiro.

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