Também na tuberculose estamos na liderança!

Moçambique, Angola e Brasil estão entre os 20 países com maior incidência de tuberculose no mundo, estimando-se que cada um tenha registado mais de 80 mil novos casos da doença em 2015, revela um relatório hoje divulgado.

O relatório global sobre a tuberculose, hoje publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que em 2015 tenham surgido 10,4 milhões de novos casos de tuberculose no mundo e alerta que, embora a incidência e a mortalidade estejam a cair, é preciso acelerar o ritmo para se alcançarem os objectivos da estratégia para a eliminação da doença.

Com base em dados recolhidos junto de 202 países e territórios, que representam mais de 99% da população mundial e dos casos globais de tuberculose, o relatório destaca os 20 países com maior número absoluto de novos casos, a que junta os dez países que, não estando na lista anterior, têm maior proporção de novos casos na sua população.

Entre os 20 primeiros surgem Moçambique, com 154 mil novos casos em 2015, Angola, com 93 mil novos casos, e o Brasil, com 84 mil novos casos.

A taxa de incidência, o número de novos casos em relação ao tamanho da população, é muito variável entre países, indo desde menos de 10 novos casos em cada 100 mil habitantes até mais de 500.

Entre os países com maior taxa de incidência está Moçambique, com 551 novos casos em cada 100 mil habitantes, taxa só superada pela República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte), com 561 novos casos por 100 mil habitantes, o Lesoto, com 788, e a África do Sul, com 834.

O relatório cruza a lista dos 30 países com alta incidência de tuberculose com duas outras listas: a dos 30 países com mais novos casos de tuberculose multirresistente e a dos 30 países com mais novos casos de tuberculose associada ao HIV.

Há 48 países que estão pelo menos numa das três listas e 14 países que surgem nas três listas, dois dos quais são de língua portuguesa: Moçambique e Angola.

O Brasil está em duas – grande incidência de tuberculose e grande incidência associada ao HIV – e há ainda outro lusófono que surge apenas na lista dos países com mais tuberculose ligada ao VIH: a Guiné-Bissau.

A OMS estima que a Guiné-Bissau tenha registado 6.600 novos casos de tuberculose em 2015 (369 em cada 100 mil habitantes), dos quais 40% (2.900) em pessoas com HIV positivo.

No total, cerca de mil pessoas seronegativas e 1.500 pessoas seropositivas morreram na Guiné-Bissau em 2015 por causa da tuberculose, taxas de mortalidade de 63 e 81 pessoas por cada 100 mil habitantes, respectivamente.

Em Angola, estimam-se 93 mil novos casos de tuberculose em 2015 (uma taxa de 370 em cada 100 mil), dos quais 28 mil são HIV positivos (30%) e 4.100 são casos de tuberculose multirresistente.

No mesmo ano morreram no país, por causa da tuberculose, 11 mil pessoas com HIV negativo (45 em 100 mil habitantes) e 7,2 com HIV positivo (29 em 100 mil habitantes).

O Brasil terá registado 84 mil novos casos de tuberculose em 2015: 52 mil homens, 24 mil mulheres e oito mil crianças, numa taxa de incidência de 41 novos casos em cada 100 mil habitantes. Destes, 13 mil (15%) são HIV positivo.

Em 2015, 5,5 mil pessoas sem VIH e 2,2 com HIV positivo morreram no Brasil devido à tuberculose.

Moçambique tem uma estimativa de 154 mil novos casos de tuberculose em 2015, dos quais 83 mil são homens, 56 mil são mulheres e 15 mil são crianças, com menos de 15 anos. Mais de metade dos novos casos (52%) são pessoas também infectadas com o HIV.

Estes números equivalem a uma taxa de incidência de 551 em 100 mil, uma das mais altas do mundo.

Em 2015, morreram em Moçambique 21 mil pessoas sem HIV e 34 mil pessoas com HIV.

A OMS alerta, no entanto, que os números estimados não correspondem necessariamente a casos notificados.

Dos 10,4 milhões de novos casos estimados, apenas 6,1 milhões foram detectados e oficialmente notificados em 2015, o que representa uma diferença de 4,3 milhões.

Esta diferença reflecte uma mistura de subnotificação de casos detectados (principalmente em países com grandes sectores privados) e de subdiagnóstico (especialmente nos países com maiores dificuldades de acesso aos serviços de saúde).

Dez países, incluindo Moçambique, representam 77% da diferença total entre as notificações e as estimativas.

Se, ao menos, o regime tivesse vergonha…

Angola aparece também na cauda da tabela da mortalidade infantil mundial e foi o país com a segunda mais baixa esperança de vida em 2015, diz a OMS.

Segundo o documento da OMS, por cada 1.000 nados vivos morrem em Angola 156,9 crianças até aos cinco anos, apresentando por isso a mais alta taxa de mortalidade mundial em 2015.

Além disso, em cada 100.000 nados vivos em Angola morrem 477 mães, neste caso distante da Serra Leoa, onde para a mesma proporção morrem 1.360 mulheres.

Aquela organização das Nações Unidas referiu igualmente que a esperança média de vida à nascença em Angola cifrou-se nos 52,4 anos, apenas à frente da Serra Leoa, com 50,1 anos.

Contudo, em Março passado, na apresentação dos resultados definitivos do recenseamento da população angolana, realizado em 2014, o Instituto Nacional de Estatística de Angola passou um atestado de menoridade intelectual a todos nós ao anunciar que a esperança média de vida no país passou a estar fixada em 60,2 anos.

Esse recenseamento concluiu que as mulheres angolanas aspiram agora a viver até aos 63 anos e os homens até aos 57,5 anos, num universo de 25,7 milhões de habitantes. O Governo de sua majestade está a abusar há 40 anos. O Povo é pobre, faminto, mas não é matumbo.

Já para a OMS, essa esperança de vida foi em 2015 de 54 anos nas mulheres e de 50,9 anos nos homens, para um universo de 25,022 milhões de habitantes.

Segundo o relatório estatístico da OMS, em Angola, a expectativa de uma vida saudável à nascença é de apenas 45,8 anos, igualmente uma das mais baixas do mundo.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris de crude por dia, o que representa mais de 95% do total das exportações. Por outras palavras, é um país rico que em vez de distribuir a riqueza pela população resolveu, desde a independência, distribui-la por ume elite de ladrões.

A OMS refere que perto de metade da população angolana (49%) tinha acesso a fontes de água potável em 2015, o segundo pior registo em 47 países africanos, enquanto o acesso a saneamento abrange 52%, a 11.ª posição no mesmo grupo.

O relatório estima ainda que cada angolano com mais de 15 anos terá consumido o equivalente a 7,6 litros de álcool em 2015. E acrescenta que a cada 1.000 angolanos infectadas por HIV, com idades entre os 15 e os 49 anos, surgiram em 2014 uma média de 2,1 novos casos da doença.

Folha 8 com Lusa

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