O chefe da bancada da Renamo, principal partido de oposição em Moçambique, na Assembleia Provincial de Sofala, centro do país, Juma Ramos, foi morto a tiro por desconhecidos no domingo, informou hoje a polícia.
Segundo o porta-voz do comando provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, Daniel Macuácuá, o deputado foi morto na sua “barraca”, como são chamadas no país pequenas mercearias informais que por vezes são construídas defronte das casas.
“Dirigiram-se à residência da vítima e assassinaram-na. Foram desdobradas forças no terreno, no sentido de esclarecer este caso”, afirmou Macuácuá.
Na noite de sábado, dois secretários de círculo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) no distrito de Dondo, província de Sofala, foram mortos e um ficou ferido numa acção que a polícia atribuiu ao braço armado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
Na última quinta-feira, um dirigente da Renamo em Gúruè, província da Zambézia, centro de Moçambique, foi morto a tiro na sua residência, uma acção atribuída pelo partido aos “silenciadores da democracia”, disse à Lusa fonte do movimento.
Um grupo armado disparou vários tiros que atingiram mortalmente Luciano Augusto, dirigente da Renamo, no quintal da sua residência, quando regressava do trabalho, disse Abdala Ibrahimo, delegado político provincial do maior partido da oposição.
Militantes dos dois principais partidos moçambicanos foram assassinados nos últimos meses no país, no contexto da actual violência militar entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da oposição.
Jeremias Pondeca, membro do Conselho de Estado pela Renamo, que integrava a equipa do partido nas negociações com o Governo para a paz no país, foi recentemente encontrado morto em Maputo com sinais de balas no corpo.
Na quarta-feira, a Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) acusaram no parlamento o Governo de ter criado esquadrões de morte contra membros da oposição, enquanto a bancada da Frelimo imputou ao braço armado do principal partido da oposição a autoria de assassínios dos seus militantes.
O ministro da Justiça de Moçambique, Isaque Chande, rejeitou as acusações de que o Governo instituiu esquadrões de morte contra militantes da oposição, assinalando que as autoridades perseguem apenas organizações criminosas.
As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos.
A Renamo, por sua vez, acusa as Forças de Defesa e Segurança de investidas militares contra posições do partido.
O maior partido de oposição exige governar em seis províncias onde reivindica vitória eleitoral nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo de ter cometido fraude no escrutínio.
Apesar dos casos de violência, o Governo moçambicano e a Renamo mantêm o diálogo em Maputo, na presença de mediadores internacionais.
Lusa