O testa-de-ferro que o presidente José Eduardo dos Santos confiou para a realização do processo de Registo Eleitoral, o Ministério da Administração e do Território (MAT), chefiado por Bornito de Sousa, demonstrou graves sinais de incompetência logo no primeiro dia do exercício de cidadania.
Por Pedrowski Teca
Um pequeno “brain-storm” feito pelo jornal Folha 8 em volta dos prazos e outros cálculos feitos para a concretização do Registo Eleitoral, demonstra que tudo está atabalhoado.
Primeiramente, as declarações que atestaram a incompetência do MAT de Bornito de Sousa, foram proferidas no balanço do primeiro dia do processo de Registo Eleitoral, pelo seu secretário para os Assuntos Institucionais e Eleitorais, Adão de Almeida.
O mesmo revelou que somente 500 operadores, num total previsto de 4500 compareceram no primeiro dia de trabalho, o que reflectiu e influenciou negativamente a meta traçada de actualização de registo eleitoral diário de 50 mil pessoas.
Os 500 operadores que compareceram conseguiram actualizar apenas 13 mil pessoas no primeiro dia.
“Presente” é a palavra mágica que o MAT de Bornito de Sousa está a usar em campanha para convencer e mobilizar os angolanos para o Registo Eleitoral, mas fica-se perplexo para o povo, quando os próprios operadores do Registo Eleitoral se negaram a afirmar tal verbo.
Que razões levaram a não comparência de 4 mil, do total de 4500 operadores, no primeiro dia de trabalho?
Obviamente, o “marketeiro” e secretário para os Assuntos Institucionais e Eleitorais do MAT, Adão de Almeida, não revelou os motivos da grotesca ausência dos operadores, mas optou por tapar o sol com a peneira, afirmando que o primeiro dia “correu muito bem” e que o processo “está no bom caminho”.
Num país sério, onde os funcionários públicos realmente prestam contas e as cabeças rolam na ocorrência de graves erros de incompetência, o ministro Bornito de Sousa seria o número um à frente das câmaras da média, justificando a sua incompetência ao povo.
Até os cálculos não batem bem!
Oficialmente, o Registo Eleitoral está agendado para decorrer de 25 de Agosto a 20 de Dezembro de 2016.
A primeira fase, decorrendo de 25 de Agosto a 15 de Outubro está reservada à prova de vida e actualização de dados dos cerca de 9.800.000 eleitores registados em 2007 e 2011.
Na segunda fase, de 16 de Outubro a 20 de Dezembro, o MAT procederá ao registo de cerca de 1,5 milhões de novos eleitores, constituído por cidadãos que completaram 18 anos de idade este ano, e para aqueles já registados em 2007 e 2011, mas que tiveram os seus cartões de eleitor extraviados.
No final do processo, a nova Base de Dados dos Cidadãos Maiores, contando pelos dados do censo populacional de 2014, prevê registar cerca de 12 milhões de cidadãos, que é a estimativa da população eleitoral viva.
Portanto, digamos hipoteticamente que essa incompetência persiste, e o MAT continue a actualizar somente 13 mil cidadãos por dia. Quanto tempo poderá durar o processo de Registo Eleitoral? Obviamente que já estão a haver sérios atropelamentos à agenda traçada.
A primeira fase, decorrendo de 25 de Agosto a 15 de Outubro, tem o total de 52 dias, enquanto a segunda fase, de 16 de Outubro a 20 de Dezembro, contem 66 dias.
Quem são os incompetentes “pensólogos”, ou matemáticos, ou estrategas que auxiliaram o ministro Bornito de Sousa na concepção desta agenda de Registo Eleitoral?
Como se explica a atribuição de somente 52 dias para a prova de vida e actualização de dados dos esmagadores 9.800.000 de eleitores registados em 2007 e 2011, enquanto se concebeu mais tempo, isto é, 66 dias para registar somente os estimados 1,5 milhões de novos eleitores e emissão de cartões extraviados?
Recorde-se que o “marketeiro” e secretário para os Assuntos Institucionais e Eleitorais do MAT, Adão de Almeida, revelou que a meta traçada de actualização de registo eleitoral diária é de 50 mil eleitores.
Vejamos que, tendo 9.800.000 (nove milhões e oitocentos mil) eleitores, cujos registos têm de ser actualizados em 52 dias, as contas ficam ainda mais complicadas, porque fazendo 50 mil registos diários, com os 4.500 operadores em funcionamento, multiplicados por 52 dias, resultarão em 2.600.000 eleitores. Como ficarão os restantes 7.200.000 eleitores ao fim da primeira fase?
Pela tamanha incompetência e surrealismo em cálculos, está claro que o tempo agendado para o processo de Registo Eleitoral Oficioso será prolongado.
Mas continuando com os cálculos, se num dia, incompetentemente continuarem a registar somente 13 mil cidadãos, em 10 dias registarão 130 mil, e em 300 dias actualizarão somente 3.900.000, querendo dizer que se vai precisar de 10 meses para se actualizar os dados de somente 3.900.000 eleitores, dos mais de 9 milhões já registados em 2007 e 2011.
Podemos concluir que os cálculos foram mal feitos
Outrossim, Adão de Almeida adicionou sal à ferida da incompetência do seu ministro da Administração e do Território, Bornito de Sousa, ao revelar que até ao primeiro dia do processo de Registo Eleitoral, somente 2600 dos 4000 fiscais dos diferentes partidos políticos da oposição foram credenciados. Sem fiscais, ninguém monitora o processo e põe-se automaticamente em causa a justeza do Registo Eleitoral.
É deste jeito que o Executivo de José Eduardo dos Santos afirmou que tinha tudo preparado para o Registo Eleitoral? Não cremos!