Onde param os dólares?

A injecção semanal de divisas na banca comercial angolana desceu na última semana quase 7%, para 260,1 milhões de dólares, de acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA).

S egundo o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, as vendas de divisas entre 27 e 31 de Julho foram concretizadas a uma taxa média de 126,402 kwanzas por cada dólar, uma ligeira desvalorização semanal da moeda nacional.

Desde Outubro, quando um dólar valia cerca de 99 kwanzas, a moeda nacional já se depreciou, face à norte-americana, utilizada nas compras ao estrangeiro, mais de 27%, devido aos efeitos da crise da cotação internacional do barril de crude que reduziu a entrada de divisas no país.

A venda de divisas pelo BNA à banca comercial angolana cifrou-se na semana anterior em 278,4 milhões de dólares, representando por isso uma quebra de 6,6%.

Desde o final de Maio que o BNA tem em curso um programa para enfrentar a actual crise cambial no país. Contudo, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, apesar de no mercado paralelo, de rua, a taxa de câmbio estar aparentemente em queda, ainda segue acima dos 160 kwanzas por cada dólar, para comprar a moeda estrangeira.

“A procura [de divisas, na banca comercial] não diminuiu. O problema é que eu, pessoalmente, acredito que nem toda a procura de divisas é legítima. Portanto, quando nós pudermos ter uma procura legítima, de certeza que não vai haver falta de divisas”, afirmou a 25 de Julho o governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior.

A situação continua a dificultar, nomeadamente, as necessidades de moeda estrangeira que Angola tem para garantir as importações de alimentos a matéria-prima e máquinas.

O governador revelou que o banco central está a ultimar um novo “quadro operacional” de procedimentos nesta matéria, a validar ainda pelo executivo angolano, a implementar “nas próximas semanas”, mas sem revelar mais pormenores.

O BNA anunciou no final de Maio que aquela instituição passou a ter “elementos para flexibilizar” a gestão do mercado cambial, nomeadamente através do aumento de dois para três leilões de divisas (vendas aos bancos) semanais, para regularizar o fluxo de divisas.

Essas vendas de divisas à banca comercial caíram, entre Janeiro e Maio, 30%, face ao mesmo período de 2014.

Entretanto, para reduzir a pressão junto dos bancos comerciais, o BNA começou a vender directamente às casas de câmbio, semanalmente, cerca de 20 milhões de dólares de divisas.

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