Com a corda no pescoço

A linha de crédito de 500 milhões de euros para reforçar a tesouraria das empresas portuguesas que exportam para Angola já está a ser utilizada por 300 empresários, anunciou hoje, em Luanda, o ministro da Economia.

“H á mais de 300 empresas que estão a recorrer a esta linha de crédito e nós no Governo, em concreto no Ministério da Economia, estamos atentos porque se for necessário ampliar esses 500 milhões assim o faremos, ou proporemos em Conselho de Ministros”, disse António Pires de Lima.

O ministro português falava após se reunir com o congénere angolano, Abraão Gourgel, no âmbito da visita de dois dias à capital angolana, onde vai presidir à criação do Observatório dos investimentos angolanos em Portugal e portugueses em Angola.

De acordo com António Pires de Lima, esta linha de financiamento, operacional desde Abril, serve também para apoiar as cerca de 5.000 empresas portuguesas que têm Angola como único destino das exportações.

Esta actividade está a ser afectada pela crise económica em Angola, decorrente da forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo, com as vendas de Portugal a caírem 25% no primeiro trimestre do ano, o que levou o ministro português a assumir o “conselho” aos empresários nacionais para diversificarem os destinos de exportação.

“É muito importante que a economia angolana diversifique fontes [de receita], e esse é um objectivo dos responsáveis angolanos, assim como é importante que as empresas portuguesas diversifiquem os seus mercados”, apontou o governante português.

A crise da cotação do petróleo no mercado internacional obrigou o Governo angolano a rever, em Março, o Orçamento Geral do Estado para 2015, estimando agora um défice nas contas públicas de 7% e um crescimento do Produto Interno Bruto de 6,6%, mas as dificuldades não se ficaram pelos cofres públicos e alastraram para a economia real, nomeadamente pela falta de divisas estrangeiras.

Várias empresas estrangeiras queixaram-se da dificuldade em obter dólares para conseguir não só pagar aos fornecedores, mas também aos próprios funcionários, que geralmente recebem uma parte do salário na moeda de origem e outra parte na moeda local.

O ministro Pires de Lima sublinhou aos jornalistas o “forte compromisso de Portugal com Angola”, ao nível das empresas e do poder político.

“Nós estamos em Angola nos momentos de maior crescimento, mas também nos momentos de maior exigência”, disse, após a reunião com o congénere angolano.

Na terça-feira, os ministros da Economia dos dois países formalizam a criação do observatório dos investimentos de Portugal e Angola, no âmbito do programa do primeiro Fórum Empresarial Angola-Portugal, que o Governo angolano refere ser uma iniciativa para “promover as oportunidades de negócios”.

Na terça-feira, o fórum propriamente dito vai reunir em Luanda cerca de 600 empresários dos dois países para discutir investimentos comuns em Angola e Portugal.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, Portugal foi destronado no primeiro trimestre deste ano da liderança dos fornecedores de Angola pela China e pela Coreia do Sul.

Após vários anos a liderar, Portugal figurou entre Janeiro e Março no terceiro lugar das origens das importações por Angola, com uma quota de 10,9% e 70.033 milhões de kwanzas (526,6 milhões de euros) de produtos vendidos, traduzindo-se numa quebra homóloga de 2,1%.

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