“Presidente Eduardo dos Santos, deixe os cargos partidários”

O líder da UNITA, Isaías Samakuva, “convidou” hoje o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a deixar a liderança do MPLA para servir o país de “forma apartidária”, à semelhança da decisão sobre o Governo da Província de Luanda.

O presidente do maior partido da oposição em Angola falava em conferência de imprensa, convocada para abordar as medidas administrativas anunciadas pelo Presidente angolano para a gestão da província de Luanda.

Entre outras medidas de “desconcentração administrativa” na província capital, o titular do poder Executivo angolano anunciou, na segunda-feira, o fim da “acumulação do cargo do governador provincial com o de primeiro secretário do Comité Provincial do MPLA [partido no poder desde 1975, presidido por José Eduardo dos Santos]”.

“É pena que o senhor Presidente da República tenha reconhecido só agora que um governador ou administrador de uma grande cidade não deve acumular essas funções com o cargo de primeiro secretário do MPLA. Convidamos o senhor Presidente a alargar esta medida para todo o país”, disse Isaías Samakuva.

O Governo Provincial de Luanda é liderado há uma semana por Graciano Francisco Domingos, designado para as funções por José Eduardo dos Santos, tendo, por sua vez, nomeado novos administradores municipais para toda a província.

José Eduardo dos Santos está no poder em Angola há 35 anos, o mesmo tempo em que lidera o MPLA, logo após da morte do primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto. Foi eleito de forma indirecta em 2012, pela última vez, para um mandato que termina dentro de três anos.

Para o líder da UNITA, enquanto se aguarda que a Assembleia Nacional aprove a Lei das Autarquias Locais, os governadores provinciais devem concentrar-se “apenas em questões de governação”.

“Que governem para todos os cidadãos e deixem de actuar como agentes promotores da intolerância e da exclusão”, defendeu Samakuva, para lançar o mesmo repto ao chefe de Estado, que acusou de “dar meio passo” com as mudanças em Luanda.

“E, não seria de mais sugerir, que este exemplo venha de cima. Convidamos por isso o senhor Presidente da República a libertar-se também das funções partidárias para servir o país de forma apartidária e como presidente de todos os angolanos”, rematou o líder da UNITA.

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