O cantor angolano Bonga vai receber uma distinção do Governo francês na área da Cultura, tendo lamentado, em declarações à Lusa, em Luanda, que Portugal não o tenha feito em mais de 40 anos de carreira. A verdade dói. Mas é bom conhecê-la.
De acordo com o artista, o prémio “Chevalier de l’Ordre des Arts et Lettres” (Ordem das Artes e das Letras), será atribuído pelo Ministério da Cultura de França, em cerimónia agendada para 10 de Dezembro, em Angola.
Hoje com 72 anos, mais de metade com uma carreira que passou em grande parte por Portugal, Bonga confessa que tem tido menos espectáculos no país, admitindo algum desconforto com a situação.
“Eu não quero forçar nada. Quero é que me chamem”, afirma. Admite que por “não entrar em cambalachos”, na área da promoção dos espectáculos, só “de vez em quando” actua agora em Portugal.
Autor e intérprete de música tradicional angolana, Bonga atingiu o topo da carreira internacional na década de 1980, e tornou-se no primeiro artista africano a actuar a solo, e em dois dias consecutivos, no Coliseu dos Recreios.
Agora, a distinção que vai receber de França, país que diz que lhe “abriu as portas” e língua em que lançou o primeiro trabalho em 1975, contrasta com algum esquecimento a que a “Mariquinha” ou a “Currumba” – temas popularizados e ícones da carreira de Bonga – ficaram votados em Portugal.
“Vou receber agora um dos maiores prémios da Cultura pelo Governo francês. Portugal nunca me deu nada”, desabafa, sem esconder o desalento por não actuar com “aquela assiduidade” no país.
“Mas o que tinha a fazer em Portugal já fiz”, afirma. E não foi pouco, acrescente-se.
O músico falava durante o II Angola Wine Festival, que termina hoje em Luanda, onde apresentou o vinho com o seu nome, fruto de uma parceria com a adega portuguesa de Palmela.
“Com quarenta e tal anos de carreira continuo na boa”, remata Bonga.