O Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), general Geraldo Sachipengo Nunda, afirmou que os militares têm sempre mais deveres do que direitos, porque realizam uma missão muito particular – a defesa da pátria – e “devem estar prontos a morrer se for necessário”.
Por Norberto Hossi
E o que á a pátria? Em alguma democracia séria, em algum Estado de Direito, se vê o Chefe do Estado Maior das Forças Armadas dizer, em plena campanha eleitoral, que um dos candidatos – mesmo que seja o actual presidente da República – marcou a sua postura “por momentos de sacrifício e glória”, permitindo “a Angola preservar a independência e soberania nacionais, a consolidação da paz, o aprofundamento da democracia, a unidade e reconciliação entre os angolanos, a reconstrução do país, bem como a estabilidade em África e em particular nas regiões Austral e Central do continente”?
Não. Nas democracias seria impossível o Chefe do Estado Maior das Forças Armadas ter manifestações públicas deste género, tomando partido por um dos candidatos. Em democracia, os militares são apartidários. Mas na tal pátria de que fala o general Geraldo Sachipengo Nunda isso é possível.
E tanto é possível que o Chefe Estado Maior das Forças Armadas, general Geraldo Sachipengo Nunda, fez isso mesmo, campanha em prol de um dos candidatos, no caso – obviamente – José Eduardo dos Santos.
Geraldo Sachipengo Nunda fez ontem essas patrióticas afirmações na cidade do Menongue, quando se dirigia às tropas na 50ª Brigada de Infantaria e Motorizada do Soba Matias, no âmbito da visita de trabalho de dois dias àquela região.
O Chefe de Estado-Maior General das FAA realçou que os militares devem olhar para o futuro com confiança, porque o Estado (queria certamente dizer o regime/MPLA) tem rumo e presente traçado, mesmo que haja dificuldades relativas à contínua baixa do preço do petróleo no mercado internacional.
“Significa que as possibilidades serão menores, mas nós (os angolanos) já passamos muitas dificuldades, pelo que é mais um problema por enfrentar e que nunca vai superar a vontade de se realizar a grande causa de fazer dos angolanos pessoas felizes, baixar os índices de pobreza e aumentar o bem-estar do povo.”, sublinhou o general Nunda.
Descobrindo a pólvora, ou não fosse um militar, o Chefe de Estado-Maior General das FAA informou que os militares são uma parte dos cidadãos do país e os problemas que os civis têm eles também têm, garantindo que estas dificuldades serão superadas para que as tropas cumpram a sua missão, contando contudo com o apoio da direcção do Estado angolano.
Para se suplantar as dificuldades, defendeu que é necessário que os militares se orientem pelos grandes valores da pátria angolana que estão inscritos na Constituição da República, sendo o maior valor, segundo o general, o serviço militar, a defesa da pátria e do povo, um dever e direito de qualquer cidadão.
O Chefe de Estado-Maior General das FAA advogou que aquele que teve a oportunidade de ser militar deve sentir-se honrado e também deve ser fiel a esse dever, para poder cumprir bem a sua missão. Seriam enquadráveis nessa definição de militar os seus antigos companheiros das FALA?
O general Nunda disse também que o militar tem de ser um homem leal, sem vacilar, sendo deste modo leal à Constituição, ao Comandante em Chefe, ao povo angolano, às Forças Armadas Angolanas, ao seu ramo, à sua unidade, aos seus superiores, subordinados, entre outros, no espírito de mais união.
Ou seja, em síntese, tem de ser leal a José Eduardo dos Santos.