O PS requereu a presença na comissão de inquérito à gestão do BES de Sikander Sattar enquanto presidente da administração da KPMG Angola, depois do mesmo responsável ter já sido ouvido como responsável máximo da auditora em Portugal.
N um conjunto de requerimentos endereçados ao presidente da comissão, Fernando Negrão, os socialistas portugueses reclamam também a presença no parlamento do ex-presidente do BES Angola (BESA), Rui Guerra.
O PS apresentou também um requerimento onde pede ao antigo presidente executivo do BESA, Álvaro Sobrinho, e ao ex-líder do BES, Ricardo Salgado, a revelação de actas de duas reuniões da instituição tidas em Outubro de 2013, já com Rui Guerra na presidência.
No texto, os socialistas reclamam a Álvaro Sobrinho que “enquanto accionista individual” revele as actas das reuniões dos accionistas do BESA de 3 e 21 de Outubro de 2013, e a Ricardo Salgado que faça o mesmo enquanto “accionista maioritário” da entidade em Outubro do ano passado.
Álvaro Sobrinho, que será ouvido na comissão parlamentar na quinta-feira, havia abandonado a presidência do BESA em 2012 mas esteve presente nas referidas reuniões enquanto accionista individual da entidade.
Ao próprio BESA, os deputados do PS pedem todas as actas das reuniões de accionistas a partir de Janeiro de 2011.
De Ricardo Salgado, os socialistas pretendem ainda a revelação de missivas enviadas pelo ex-banqueiro ao Presidente da República, Cavaco Silva, ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, à ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e ao antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
O PS apresentou também outros pedidos de documentação: a José Maria Ricciardi, presidente do BESI e ex-administrador do BES, pedem a correspondência trocada com o Banco de Portugal entre Janeiro de 2013 e Agosto de 2014, pedindo do banco central a mesma documentação enviada a Ricciardi.
As insuficiências de capital na entidade angolana, que levaram à criação de uma garantia estatal de Angola sobre 3,3 mil milhões de euros, têm sido um dos pontos centrais da comissão de inquérito.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos têm por intuito “apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades”.
A 03 de Agosto passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.