O jornal norte-americano The New York Times venceu três prémios Pulitzer, dois dos quais pela cobertura sobre a propagação do vírus Ébola em África, foi hoje anunciado. E então o Jornal de Angola?
Por Orlando Castro
O jornal dos EUA conquistou o Pulitzer de “melhor cobertura internacional” com o noticiário sobre o vírus Ébola e o de “melhor reportagem fotográfica” para o repórter Daniel Berehulak, precisamente sobre o mesmo assunto.
O de “melhor reportagem de investigação” foi para o jornalista Eric Lipton, daquele jornal, sobre a influência de grupos de pressão (‘lobbies’) junto de decisores políticos e judiciais.
Além de Eric Lipton, o Pulitzer foi atribuído também ao jornal The Wall Street Journal Staff, pelo trabalho ‘Medicare Unmasked’ que revelou práticas e condutas das seguradoras de saúde norte-americanas.
O Pulitzer de ‘Serviço Público’ foi atribuído ao jornal The Post and Courier, de Cahrleston, na Carolina do Sul.
A equipa de fotojornalistas do jornal St Louis Dispatch recebeu o Pulitzer ‘Breaking News’ pela cobertura dos eventos que se seguiram à morte de um homem afro-americano, por disparos de um polícia, em Ferguson, no verão passado.
A par dos prémios de excelência para a imprensa, os prestigiados Pulitzer são ainda atribuídos nas áreas da literatura e música. Entre eles contam-se o de poesia para Gregory Pardlo (‘Digest’), o de drama para Stephen Adly Guirgis (‘Between Riverside and Crazy’), e biografia, para David I. Kertzer (‘The Pope and Mussolini’).
Julia Wolfe venceu o Pulitzer na música com ‘Anthracite Fields’.
Em 2016, a organização do Pulitzer inicia as celebrações do centenário destes prémios, criados no início do século XX por Joseph Pulitzer juntamente com uma escola de jornalismo na Columbia University.
Lamentavelmente a organização deste prémio volta a esquecer-se daquele que é o mais impoluto, honorável e por aí fora jornal de todo o mundo – o Jornal de Angola (JA). É uma verdadeira cabala, ou complô, contra Angola. Já não bastava terem-se esquecido de Eduardo dos Santos para um qualquer Prémio Nobel…
Porque todos os dias o JA publica textos dignos do Pulitzer, por regra da autoria de José Ribeiro e Artur Queiroz (os dois melhores jornalistas do mundo e arredores), é difícil seleccionar um que ilustre toda a classe do jornal. Mesmo assim, arriscamos em escolher um.
No escolhido, dizia o JA que os órgãos de informação privados nada mais são do que um “Cavalo de Tróia que vomitava do seu seio a subversão dos mais elementares valores que regem o jornalismo.”
Dando como adquirido que tal como José Eduardo dos Santos está para os angolanos (e não só) como Deus está para os cristãos, e que o JA está para o jornalismo como o MPLA está para Eduardo dos Santos, todos os jornalistas do mundo são obrigados a aceitar a superioridade moral, ética, deontológica e o que mais por aí houver deste legítimo filho do Pravda, o principal jornal da União Soviética e órgão oficial do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética entre 1918 e 1991.
Diz o JA que no seu reino, e certamente com o beneplácito do Comité Central do MPLA, que em Angola “a liberdade de imprensa convive com abusos repugnantes e os novos jornais até começaram a servir para crimes de chantagem e extorsão”, para além de que ”quase sempre são palcos de intrigas, veículos de ataques pessoais, mananciais de insultos, calúnias e difamações.”
Cremos que um desses crimes tem a ver com o 27 de Maio de 1977, uma purga que os jornais privados dizem ter sacrificado milhares de angolanos mas que, na verdade e certamente segundo a análise do JA, nem sequer existiu.
Diz o JA que “o Presidente da República é o alvo privilegiado dos jornais privados. Há entre eles uma competição estranha que consiste em ver qual deles fere mais a honra e o bom-nome de José Eduardo dos Santos. O mais alto magistrado da Nação é tratado como um pária ante a indiferença dos órgãos de Justiça, das organizações dos jornalistas, das associações patronais e, pasme-se, do Conselho Nacional da Comunicação Social.”
Mais um ponto a favor do Pravda. Perdão, do Jornal de Angola. Estão todos conluiados para denegrir a imagem do impoluto Presidente da República, não compreendendo que estar há 36 anos no poder sem nunca ter sido nominalmente eleito é a mais sublime prova da vitalidade democrática do regime angolano.
Da brilhante (como sempre) análise do JA resulta que “de 2008 para cá as coisas melhoraram”. Isto é, “os jornais privados que mais se destacavam na calúnia e no insulto ao Chefe de Estado abandonaram esse caminho. Mas em compensação outros redobraram os crimes de abuso de liberdade de imprensa. Sabe-se agora porquê.”
O jornal não explica, certamente no cumprimento das mais puras e transparentes regras éticas e deontológica, a razão pela qual alguns jornais abandonaram esse caminho. Também não precisa de explicar. Todos sabem que foram comprados e/ou silenciados pelo regime.
Escreve o JA que “o “Folha 8” é o órgão oficial da CASA-CE e dá uma mão à UNITA, nas suas investidas contra o Estado Democrático e de Direito. O “Novo Jornal” é o suporte de “manifestantes” que têm uma única mensagem à sociedade: insultos grosseiros ao Presidente da República e o objectivo de derrubá-lo.”
Em cheio. Não há dúvida. Nenhum jornal no mundo bate o Jornal de Angola. É que não só analisa como dá notícias em primeiríssima mão. Então não é que Angola é um Estado Democrático e de Direito? Ora tomem!
Ao fim e ao cabo, todos os jornais “se encarregam de fazer alastrar a mancha da calúnia e do insulto. Com mais ou menos competência. Mas seguramente com resultados catastróficos para o jornalismo angolano.” Valha-nos ao menos a existência desse paradigma de nobreza e altruísmo, verdadeira catedral do jornalismo, que dá pelo nome de Jornal de Angola.
O JA insurge-se contra algo que os políticos aprenderam com o MPLA e com o seu Pravda, mas que – obviamente – só deve ser aplicado em relação aos outros. Então não é que “com um sorriso próprio dos porcos”, os dirigentes do PRS “chamam aos membros do Executivo mafiosos e ladrões” e “acusam instituições do Estado de envenenarem e assassinarem cidadãos”?
Francamente. Os políticos, mesmo em campanha eleitoral, deveriam saber que há verdades que não devem ser ditas.
“A UNITA segue o mesmo caminho mas com um pouco mais de compostura. Tem como mentor um qualquer Rafael Marques. A CASA-CE faz dos tempos de antena sucursais do “Folha 8” mas um pouco mais primários. São violentíssimos ataques à inteligência dos eleitores e golpes fatais contra a ética política. Se não havia ética no “jornalismo” que faziam, muito menos existe agora, quando vivemos num período em que os salteadores da política agem como se valesse tudo menos tirar olhos”, escreve o JA.
Ficamos também a saber, graças – corrobore-se – à honorabilidade do JA, que os leitores têm inteligência e que Rafael Marques e William Tonet estão a desgraçar o país e cometer crimes contra tudo, nomeadamente contra a segurança do Estado. E estão mesmo, reconheçamos. É que eles pensam que Angola é mesmo um Estado de Direito Democrático. E como não é, todos os que teimam em pensar de forma diferente são culpados de tudo.
Para o Comité Central do MPLA, via Jornal de Angola, “é muito claro que a aposta destes concorrentes é na subversão das regras democráticas. Por isso estão a criar um clima muito parecido com o das eleições de 1992, quando a intimidação e a violência verbal faziam parte do quotidiano da disputa política. De tal forma que tudo acabou numa longa guerra que destruiu Angola.”
Pois é. E o Jornal de Angola ainda vai um dia destes divulgar que a UNITA, a CASA-CE, o PRS, Rafael Marques e William Tonet tem verdadeiros arsenais bélicos debaixo da cama e até disfarçados no disco duro dos computadores.
Num dos mais dignos exemplos de imparcialidade, ética e deontologia o Jornal de Angola diz que “cabe aos angolanos dar a resposta adequada. Savimbismo, nunca mais!.”
Perante tudo isto, os angolanos têm de lançar uma petição, um amplo movimento mundial, para que Nobel da Paz seja atribuído a Eduardo dos Santos e o Pulitzer ao Pravda do regime, em português “Jornal de Angola”.