O risco político de fazer negócios em Angola “aumentou nos últimos meses” devido ao legado da intervenção governamental na economia e da fraqueza do Estado de direito, considera a consultora especializada em gestão de risco Aon.
I sto, é claro, num contexto em que não existe um Estado. O que existe é um reino liderado desde 1975 pelo mesmo partido, MPLA, e desde 1979 sob a autocracia do mesmo homem, José Eduardo dos Santos.
Na análise por país, que acompanha o relatório de Risco Político 2015, a consultora especializada em gestão de risco afirma-se que Angola está vulnerável à descida dos preços do petróleo e acrescenta que a economia não petrolífera, apesar de estar a expandir-se, continua de pequena dimensão, o que tem o “potencial para aumentar o risco de incumprimento soberano”.
O acesso ao capital “continua limitado e caro, e uma falta genérica de mão-de-obra especializada, corrupção, nepotismo e burocracia tornam o ambiente empresarial desafiante”, dizem estes consultores no texto dedicado a Angola, que contou com a colaboração da Roubini Global Economics.
No documento, a Aon reconhece que “Angola fez consideráveis progressos na sua infra-estrutura”, mas alerta que o país continua vulnerável a perturbações na distribuição, e a coesão social continua fraca devido às divisões étnicas e tribais”.
Na análise aos riscos do país, a Aon manteve no máximo o risco de interferência política nos negócios e o risco dos regulamentos e legislação, tendo aumentado o risco relativo à transferência de divisas, de 4 para 5, o nível máximo, o mesmo onde no ano passado o risco político do pais como um todo foi colocado.
A análise da Aon Risk Solutions é feita anualmente a 163 países, com a edição deste ano a registar uma degradação do risco político de fazer negócios em 12 países e uma melhoria noutros sete.
Os países que viram o Risco piorar foram Angola, República Centro-Africana, Burkina Faso, Gana, Guiné-Conacri, Haiti, Líbia, Moçambique, Omã, Paquistão, Serra Leoa e Uganda.
Os que melhoraram foram a República Dominicana, Equador, Geórgia, Laos, Panamá, Suazilândia e o Zimbabué.
A análise da Aon inclui uma colaboração especial da consultora Roubini Global Economics, recolhendo também a opinião de mais de 20 seguradoras na área do risco político, compilados pelo banco Loyds.
Cada país é avaliado em nove áreas: Transferência de Divisas, Regulamentos e Leis, Interferência Política, Violência Política, Incumprimento Soberano e Perturbações na Cadeia de Distribuição, a que se juntam os Riscos de Negócio, Vulnerabilidade do Sector Bancário e Riscos a Estímulos Orçamentais.
Com base na avaliação nestas nove áreas, é então definido a que categoria pertence o risco que os investidores assumem por investir nesse país, indo do Baixo até ao Muito Alto, passando pelo Médio Baixo, Médio, Médio Alto e Alto.