O QUE É FEITO DO ACORDO ASSINADO COM A HUAWEI EM 2020?

Huawei vai construir centro de pesquisa e desenvolvimento em Angola até 2027. Objectivo será promover o acesso equitativo às novas tecnologias em Angola. Está ainda em fase de análise o local para a construção do centro e também por definir o valor do investimento. O que é feito do memorando de entendimento assinado com a Huawei em 9 de Setembro de… 2020?

Hover Gao, presidente da Huawei para a região da África subsaariana, fez a revelação quando falava à imprensa após ser recebido pelo chefe de Estado angolano, general João Lourenço, que se fez acompanhar pelo presidente do MPLA e do Titular do Poder Executivo.

Em declarações aos jornalistas, o director-geral da Huawei para os países lusófonos, António Hou, referiu que no encontro foram abordadas questões relativas aos projetos da multinacional em Angola, frisando que o novo centro faz parte do seu compromisso com a transformação digital e o acesso universal à tecnologia em Angola.

“Pensamos que a tecnologia não deve ser um privilégio para poucos. Vamos continuar a contribuir para que Angola atinja o acesso universal à internet e aos benefícios da transformação digital”, disse António Hou, citado pela Angop, agência de notícias do regime do MPLA.

O responsável disse ainda que, além de reforçar a inclusão digital, o centro vai acelerar o desenvolvimento de sectores estratégicos como a educação, saúde e conetividade, promovendo o acesso equitativo às novas tecnologias.

António Hou salientou que está em fase de análise o local para a construção do centro e também por definir o valor do investimento, mas a decisão para avançar com o projecto já está tomada. “Já inaugurámos este ano a sede regional da Huawei para toda a África e esta será a segunda grande iniciativa que implementaremos”, disse.

O projeto inclui, além da infra-estrutura tecnológica, parcerias com universidades angolanas para a formação de 7.000 talentos em áreas como inteligência artificial, conetividade e tecnologias emergentes, até 2027.

Melhor ensino com a Huawei

Recorde-se que, em 9 de Setembro de… 2020, a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola considerou que o memorando de entendimento assinado com a Huawei iria permitir a “melhoria do processo de ensino e aprendizagem” no sector que dirige. Maria do Rosário Sambo, que falava, em Luanda, na cerimónia de assinatura do memorando de entendimento com a multinacional de telecomunicações chinesa, classificou o momento como de grande importância.

O objectivo principal do memorando com a Huawei era o de “permitir, em última instância, a melhoria a nível da capacitação humana e infra-estrutural no subsistema do ensino superior”, disse.

O acordo assinado com a operadora chinesa está centrado, sobretudo na “formação de docentes e de funcionários” do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) no domínio das telecomunicações e tecnologias de informação.

Incide na “melhoria do processo de ensino, aprendizagem, não apenas de docentes, mas também do apetrechamento de estabelecimentos de ensino que tenham oferta formativa do domínio das tecnologias de informação e comunicação”, assinalou a ministra há cinco anos.

A governante explicou que o acordo previa também que a Huawei apoie o sector com equipamento e a consequente instalação, além da reparação dos já existentes, “para que os cursos das áreas das tecnologias possam ter uma acreditação plena”.

“Também está previsto, nesta mesma perspectiva de melhoria do ensino e aprendizagem, criarmos mecanismos junto da Huawei para a avaliação dos cursos da área das tecnologias de informação e comunicação no país”, observou.

Rubricaram o memorando, pelo MESCTI, a ministra do sector e, pela Huawei Technologies, o seu presidente rotativo, Eric Xu.

Maria do Rosário Sambo recordou, na sua intervenção, que a assinatura do memorando ocorre num período em que o mundo enfrenta a crise originada pela Covid-19 e o seu “brutal impacto na vida das pessoas e na Educação”.

“O que se vem fazendo a nível mundial e, concretamente em Angola, para que haja uma evolução nas metodologias de ensino com recurso às tecnologias de informação encontra agora uma razão de ser”, sublinhou.

Para a mesma responsável, o sucesso da utilização de recursos tecnológicos em instituições do ensino superior, agora indispensáveis em tempo da pandemia, “estará ligado à formação dos docentes e às infra-estruturas”.

“Esperamos que possamos ter um balanço positivo, dentro de um ano, no quadro desse memorando ora assinado e com resultados de que nos orgulhemos todos”, concluiu Maria do Rosário Sambo.

Recorde-se ainda que a ministra Maria do Rosário Sambo assumiu no dia 27 de Março de 2019 que o país tem “uma grande debilidade” de formação nas áreas de engenheira e tecnologias, apontando um “excedente de quadros subaproveitados” no domínio da informática.

“Infelizmente, o quadro formativo do país tem uma debilidade muito grande em áreas de engenharia e tecnologias. Considera-se, por exemplo, que os cursos ligados à informática têm algum excedente que não está a ser devidamente aproveitado pelo mercado de trabalho e é um problema sério”, afirmou a ministra.

Para a ministra, se o país está a formar quadros e não os aproveita, isso constitui um problema que o Governo terá de resolver na ligação com as empresas e outras acções de empreendedorismo. “Há um trabalho que já decorre entre o ministério e algumas empresas para solucionar essa situação”, referiu.

A governante falava à margem da Conferência sobre Tecnologias de Informação para o Sistema Financeiro Angolano, onde foi assumida a existência de um “excesso de consultores externos” em novas tecnologias na banca comercial.

Questionada sobre a preocupação do Banco Nacional de Angola em “reduzir o impacto” de consultores externos em benefício dos quadros angolanos, Maria do Rosário Sambo deu conta que estava em curso a preparação de uma “reforma curricular” para dar resposta às carências apontadas.

“Estamos a preparar as condições para isso nas diferentes áreas do saber. Vamos organizar debates com as empresas para conhecer melhor as necessidades reais da sociedade. Mas estamos aqui a falar, especificamente, das tecnologias de informação aplicadas ao sistema financeiro”, apontou.

“Temos aqui a oportunidade de contactar empresas nacionais que nos podem apoiar para definir o melhor perfil de formados para atender essa demanda e prepararmos a modificação no currículo, para que o diplomado possa estar em melhores condições de atender as necessidades” dos diferentes sectores, realçou.

A ministra do Ensino Superior de Angola recordou (isto foi em Março de 2019) ainda que o país conta com 25 instituições públicas de ensino superior e 55 privadas, referindo ainda que muitas soluções tecnológicas “não têm sido bem aproveitadas” pela comunidade académica.

“Pela experiência que temos vivido nas nossas instituições, nem sempre as soluções tecnológicas que são colocadas para facilitar a comunicação são bem aproveitadas pela comunidade académica”, frisou. E isso, acrescentou, “é um trabalho que as instituições de ensino têm que fazer para que haja essa melhoria”.

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