O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, reuniu-se hoje com o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que anunciou o fim de um ciclo de mal entendidos entre os dois países.
R ui Machete, feliz e não escondendo o alívio, afirmou ainda no Palácio Presidencial, em Luanda, que “o senhor Presidente disse algo que eu fiquei particularmente grato. Ele acentuou que se encerrava um ciclo em que tinha havido um ou outro mal entendido e que agora as coisas estavam naturalmente límpidas e caminhando muito bem”.
Embora o ministro português não seja propriamente uma fonte fidedigna quando reproduz o que, supostamente, ouve, é de crer que este beija-mão do governo de Lisboa tenha tocado bem fundo no coração de alguém que está no poder há 35 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito.
O governante português iniciou hoje uma visita de dois dias a Angola, a primeira que realiza enquanto ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, assumindo o propósito encontrar “soluções cada vez melhores” nas relações entre os dois países.
Mesmo que nada mais consiga, o importante desta missão de bajulação está assente… enquanto o regime de José Eduardo dos Santos não resolver mostrar que, afinal, é ele quem manda.
Tudo indica que esta renovada lua-de-mel se manterá por bastante tempo até porque, de facto, Angola precisa da ajuda de Portugal enquanto membro do Conselho dos Direitos Humanos da ONU para branquear o que por cá se passa nessa matéria.
Esta visita de Rui Machete tinha em pano de fundo o anúncio, feito a 15 de Outubro de 2013 pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, do abandono do estabelecimento de uma parceria estratégica com Portugal.
Na altura estava agendada, para Fevereiro de 2014, uma cimeira entre os dois países, que já não se realizou e que continua sem qualquer data prevista.
“Isso aí é um problema que não é da minha competência, pronunciar-me sobre isso”, disse ainda Rui Machete no seu erudito português, questionado pelos jornalistas sobre um eventualmente reagendamento da cimeira.