Haverá “Charlies” na Nigéria?

Haverá “Charlies” na Nigéria? - Folha 8

Um bispo nigeriano pediu hoje o mesmo nível de apoio internacional à Nigéria no combate ao Boko Haram que o dado à França depois dos ataques de radicais islâmicos da semana passada.

O arcebispo católico de Jos, Ignatius Kaigama, diz: “Vejo a resposta muito positiva do Governo francês para enfrentar a questão da violência religiosa depois do homicídio de cidadãos franceses. Precisamos que esse espírito se espalhe, não só quando acontece na Europa, (mas também) quando acontece na Nigéria, no Níger, nos Camarões e em muitos países pobres”.

“Precisamos de mobilizar os recursos internacionais para confrontar as pessoas que trazem esta tristeza a tantas famílias”, disse o bispo ao serviço de rádio BBC.

As declarações do responsável religioso foram feitas depois de um fim-de-semana especialmente violento na Nigéria, durante o qual duas raparigas, uma delas com cerca de 10 anos, se fizeram explodir num mercado no norte do país matando pelo menos 23 pessoas.

Dias antes, a 03 de Janeiro, o Boko Haram atacou por duas vezes a localidade de Baga, também no norte, matando milhares de pessoas.

A posição de Ignatius Kaigama é semelhante à manifestada pelo director do fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF), Anthony Lake, que no domingo considerou que os testemunhos impressionantes de sobreviventes dos ataques a Baga e o recurso a uma criança de 10 anos “deviam estar a pesar na consciência do mundo”.

“As imagens dos últimos dias e tudo o que implicam para o futuro da Nigéria deviam desencadear uma acção eficaz. Isto não pode continuar”, disse Anthony Lake.

O Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, criticado por não conseguir controlar a insurreição, emitiu um comunicado condenado os ataques de Paris, apesar de raramente se pronunciar sobre ataques no seu país.

Mais de 13.000 pessoas morreram desde 2009 em ataques do Boko Haram no nordeste da Nigéria.

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