UNITA CLASSIFICA DE ABSURDO DISCURSO DE CHIVUKUVUKU

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, classificou nesta quinta-feira, 22 de Maio, aquando da saída da audiência com o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé – CEAST, que as palavras do seu homólogo Abel Epalanga Chivukuvuku como absurdas. Defendendo o trabalho da oposição, Costa Júnior sublinhou que as críticas não contribuem para a união necessária para o actual contexto político do país.

Por Berlantino Dário

Depois da audiência concedida pelo presidente da CEAST, dom José Manuel Imbamba, em Luanda, à imprensa, Adalberto salientou que as sociedades democráticas constroem-se com pluralidade e com sentido ético-moral, em reacção às recentes declarações de Abel Chivukuvuku, durante o discurso de encerramento do I Congresso Constitutivo do novo partido político PRA-JA Servir Angola do qual foi eleito primeiro presidente com 661 votos, e apenas 11 do seu oponente, Francisco Mateus Kanga, que não aceitou a vitória de Abel, denunciou ter havido fraude no conclave, num universo de 672 votos válidos.

“Como angolanos, isso é um absurdo, como é óbvio! Eu penso que as sociedades democráticas constroem-se com pluralidade e, dentro da pluralidade, com sentido ético. E, portanto, dentro de um quadro ético-moral”, considerou.

Segundo o líder dos maninhos, “a história de Angola existe, a participação dos partidos também. Impensável é, eu pensar que só existe o meu partido e, portanto, só eu é que sou importante. Não é por esse caminho. E nós temos efectivamente a necessidade de sermos exemplos de inclusão, exemplo de convivência, exemplo de diálogo, exemplo de pluralidade. E, portanto, eu penso que neste género de circunstâncias, um cidadão também pode fazer fiscalização”, afirmou ACJ, reagindo às declarações do seu homólogo, Abel Chivukuvuku que criticou o desempenho dos partidos na oposição angolana questionando o que já fizeram desde o tempo que lá se encontram.

Salientar que o presidente do PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, disse, quarta-feira, 21, que recebeu a responsabilidade do Congresso para preparar o partido para a necessidade de poder avançar para as eleições gerais de 2027 sozinhos, tendo em conta a participação do partido na Frente Patriótica Unida – FPU. Chivukuvuku afirmou que percebeu ter sido um dos grandes problemas na reunião da Comissão Política, mas exortou-os a não temerem nem invejarem o PRA-JA.

“Uma palavra aos nossos irmãos dos partidos da oposição – não tenham medo do PRA-JA! Não tenham inveja do PRA-JA! Nós somos os candengues do ponto de vista legal institucional da política angolana, eles são mais velhos!” “Estão lá há muito tempo, mas fizeram o quê? Agora, nós façamos trabalho! Mas, estamos abertos para as concertações. Eu percebi que, na Comissão Política, que reuniram ontem e hoje, um dos grandes problemas foi a FPU. Vamos nos atrapalhar com a FPU por quê?”, indagou Chivukuvuku ao confirmar que recebeu o mandato e a responsabilidade do Congresso para preparar o partido para a “necessidade de poder ter que avançar para as eleições sozinhos, mas, também, com a possibilidade de fazermos concertações” com outras forças políticas.

Recordar-se que Abel Chivukuvuku foi eleito na última segunda-feira, 19, como primeiro presidente do PRA-JA Servir Angola, coroando um longo percurso de resistência e mobilização política iniciado há mais de seis anos.

A escolha de Abel ocorreu durante o Congresso constitutivo do partido, realizado numa das unidades hoteleiras de Luanda, do qual obteve uma vitória esmagadora com 661 votos, contra apenas 11 do seu oponente, Francisco Mateus Kanga, num universo de 672 votos válidos.

O conclave, que marcou a formalização da mais recente força política do país, contou com a presença de cerca de 700 delegados oriundos das 21 províncias do país, além de convidados nacionais e internacionais, entre eles representantes de partidos políticos, do corpo diplomático, autoridades tradicionais e membros da sociedade civil.

CONGRESSO FRAUDULENTO?!

Por outro lado, o candidato derrotado do congresso constitutivo do Pra-Ja, Francisco Mateus Kanga, não aceitou a vitória de Abel Chivukuvuku, por considerar que, durante o acto, ter havido inúmeras irregularidades por conta da suposta exclusão de delegados do seu pelouro ao recinto do conclave.

“Fomos coartados da conferência. Afastados, excluídos da conferência provincial de Luanda. Portanto, isto é que está a acontecer no PRA-JA. isso é a realidade. Mano Abel vai fazer festa, mas enfim. Que me venham provar o contrário!”, desafiou.

“Acusaram o meu vice-presidente porque não está a militar há dois meses. Isso é uma clara mentira. Isso é falso! Com as tantas irregularidades que eu acabo aqui de contar, é sinal claro de que algo está mal porque em processos democráticos, limpos com lisura, isto não se admite”, considerou Mateus em declarações à imprensa que os seus delegados foram proibidos de participar das conferências provinciais e de exercerem o direito de voto.

“os meus dois vices, não votaram. O meu porta-voz, não votou. O meu mandatário, não votou. Todos aqueles que me apoiaram nas províncias foram escorraçados, ameaçados e nem vieram para Luanda. Os de Luanda, todos aqueles que foram identificados com o meu nome, também não foram permitidos a serem delegados nas conferências provinciais”, denunciou.

Apesar das irregularidades, Francisco Mateus Kanga considerou o congresso constitutivo que facilitou apenas um candidato como vicioso e ruim, porque não dignifica a honra, o bom nome e a categoria de Abel, garantiu que não vai impugnar o congresso o acto por motivos que, segundo afirma, o povo não vai compreender as razões da sua luta.

“Porque quero continuar a semear a semente da democracia interna no Pra-Ja Servir Angola. E, se eu impugnar, claramente que as pessoas não vão compreender por que é que eu impugnei. Quais são as razões da minha luta, quais são as razões da minha peleja. Logo, não vejo muita energia de poder impugnar este congresso.”

Entretanto, Francisco Mateus Kanga garante que quer dar sequência semeando e transmitindo a mensagem da democracia interna – “mas deixo aqui claro que, em 2030, não vamos admitir mais isto. E não vai ser mais deste jeito, porque vai ser um congresso electivo”, alertou.

Artigos Relacionados

Leave a Comment