CONVERSA EXCLUSIVA & EXPLOSIVA ENTRE JL e ACJ

João Lourenço (JL):
Adalberto, nunca ocupaste um cargo governamental, nunca assinaste um orçamento, nunca tiveste de gerir um país, mas queres dar aulas de governação ao MPLA? Isso é como alguém que nunca conduziu um carro querer ensinar a conduzir quem já conduz há décadas.

Adalberto da Costa Júnior (ACJ):
Governar Angola não é só segurar o volante, é saber para onde levar o povo. E até agora, parece que no MPLA ninguém tem um mapa certo! Presidente, o problema não é eu nunca ter conduzido… O problema é que o senhor e o seu partido já conduzem há quase 50 anos, e Angola continua na oficina! Sempre a prometerem arranjar o carro, mas o motor está gripado, os pneus furados e o povo é que paga o conserto!

O problema, Presidente, é que o seu partido passou 50 anos no poder e agora quer convencer-nos de que virou polícia. É como um ladrão reformado a querer ser guarda-nocturno! Ele passa os dias a dormir e a noite a vigiar… Não me faça rir! O MPLA passou tanto tempo a roubar o povo, agora quer aparecer como o justiceiro!

JL: Se o MPLA é “um ladrão reformado”, como dizes, é porque assumiu os seus erros e está a trabalhar para os corrigir. Não se esqueça que no seu discurso de oposição, a única coisa que consegue fazer é acusar o passado, mas nunca apresentar soluções concretas para o futuro. Agora, sobre ser “polícia” ou “justiceiro”… Bom, prefiro ser polícia e corrigir os erros do que ser cúmplice daqueles que só sabem falar de corrupção, mas nunca provam nada. E se me permites, a acusação de “ladrão” é muito fácil quando se olha do lado oposto, sem nunca ter tido o peso de governar um país e lidar com as suas complexidades. O MPLA não é um partido perfeito, mas tem a coragem de enfrentar os seus erros e de corrigir os caminhos. E ao contrário do que dizes, o povo não se ilude com discursos vazios, eles sabem reconhecer quem realmente está a lutar por Angola, e quem só está a brincar de oposição.

ACJ: Quando se tenta corrigir o passado sem consertar o presente, a viagem para o futuro vai ser mais longa do que se imagina! Quando o capitão não sabe para onde vai, é melhor abandonar o navio, porque, no fim, quem paga o preço da viagem é o povo! O MPLA está a navegar com o senhor à frente, mas, sinceramente, é como um capitão que anda a tentar comandar um barco à deriva.

O problema é que, enquanto o barco afunda, o senhor está lá em cima, a olhar para o horizonte e a gritar: “Sigam-me, estamos a caminho do sucesso!” Mas, presidente, a única coisa que estamos a ver é a água a entrar pelo convés e as velas a rasgar-se ao vento da incerteza. O senhor diz que está a corrigir os erros do passado, mas a verdade é que o barco já está cheio de buracos e o senhor anda a tapá-los com palavras vazias!

Está a tentar consertar o que já afundou, sem perceber que o maior erro de todos é não ter feito a manutenção a tempo! É como estar no meio de uma tempestade e dizer: “Não se preocupem, esta onda vai passar!” Se o senhor quer mesmo ser o capitão, Presidente, então comece a olhar para o mar, e não para as promessas que fez, porque o povo já não vê mais estrelas no seu céu… Vê só nevoeiro. E se este barco afundar nas próximas eleições, não venha com desculpas, porque todos sabemos que o verdadeiro icebergue não está no mar… está nas promessas não cumpridas e nas mentiras que foram vendidas!

O senhor fala de ser “polícia”, mas com a quantidade de crimes contra o povo que vemos, eu diria que o MPLA é mais um “detective amador” – tentando encontrar os erros no passado, mas sempre falhando nas soluções para o futuro. Não dá para corrigir um erro se você continua a cometer os mesmos todos os dias, Presidente! E sobre essa história de “ladrão reformado”, o senhor realmente tem um talento para transformar tudo em metáforas, mas, no final, quem vai pagar a conta da reforma?

JL: (olha para Adalberto com um sorriso irónico, cruzando os braços)
Quem não tem coragem de reclamar quando é beneficiada, também não tem moral para se queixar quando o resultado não lhes agrada. A UNITA é igual àquela equipa de futebol que só sabe reclamar do árbitro quando perde ou sente que é prejudicada – mas, olha só, fica completamente em silêncio quando são beneficiados ou favorecidos pelo árbitro. E a oposição quer governar, mas nem consegue governar um discurso sem se contradizer! Primeiro dizem que não há democracia, mas depois reclamam quando perdem as eleições. Em que é que ficamos?

Será que a democracia só existe quando vocês ganham? O país não se constrói com reclamações vazias e acusações sem fundamento; constrói-se com trabalho, transparência e, sim, com a coragem de aceitar que o resultado das eleições reflete a vontade do povo – e não a vossa imaginação.

ACJ: Que bom ouvir o MPLA a falar de democracia! Agora é que a coisa ficou interessante! O senhor está a falar de contradizer discursos? Quando dizemos que queremos mais espaço para falar, aí sim, o senhor chama-nos de “desordeiros”! Como é que ficamos? É democracia só quando o MPLA diz que é? Ou vamos ter uma democracia à la carte, onde só quem está no poder é que pode opinar?

A verdadeira democracia não é só uma vitória nas urnas, mas a coragem de aceitar a crítica e construir um país melhor com a participação de todos. Não se preocupe presidente, a UNITA sabe como funciona esse jogo. O problema é que, enquanto vocês jogam no “campo inclinado”, a gente, na oposição, está aqui a tentar dar uma “lição de fair-play” político.

O povo está cansado! A economia está de rastos! Os jovens estão a fugir do país como se Angola fosse um autocarro sem travões! Vocês não têm solução! A única coisa que sabem fazer é prometer que “amanhã vai ser melhor” — mas quem acredita nisso, Presidente? Até os turistas já sabem que se chegarem a Angola vão precisar de um seguro contra o risco de serem enganados!

JL: Tu achas que com a UNITA seria diferente? Se a oposição se contenta em apontar as falhas sem oferecer alternativas, talvez seja melhor aprender a conduzir, em vez de reclamar do percurso! Se fosse pela vossa oposição, Angola estava a caminho da estrada da falência antes mesmo de vocês pegarem no volante! O povo não se alimenta de gritos e acusações; o povo quer ver resultados práticos. Agora, quanto à vossa suposta ‘lição de fair-play’ político, deixa-me ser directo: se a democracia funcionasse à tua maneira – só existindo quando se ganha – então o teu bilhete para o jogo está marcado como “inválido”. A democracia não se mede pela quantidade de críticas, mas pela coragem de assumir os erros, ajustar os travões e repensar a rota para levar Angola a um futuro melhor. Olhe, Adalberto, vocês da oposição parecem ter uma crença infundada numa suposta exclusividade moral: acham que só o MPLA é corrupto, como se a corrupção fosse uma marca exclusiva do MPLA. A vossa acusação é um exemplo claro de dualidade de critérios: por um lado, gritam que o MPLA é corrupto, e por outro, ignoram os vossos próprios deslizes. É pura duplicidade de argumentos. A UNITA se recusa a reconhecer que o jogo sujo é praticado por todos.

Continua no próximo sábado.

Artigos Relacionados

Leave a Comment