“VAMOS FUZILAR TODOS OS MILITARES ANGOLANOS”

“Vamos fuzilar todos os militares angolanos e enviar os corpos para Luanda caso venham a intervir nos conflitos existentes entre o M23 e a República Democrática do Congo”, ameaça o líder do movimento militar M23, Corneille Nangaa, que em discurso dirigido à comunidade internacional sobre a crise político-militar na RDC (República Democrática do Congo) considera o Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, cúmplice de Félix Tshisekedi e desvaloriza os Acordos de Luanda, considerando-as “fracassados e parciais”.

Por Geraldo José Letras

Em cumprimento da resolução saída da Cimeira Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral organizada em Harare, capital do Zimbabwe, em 31 de Janeiro deste ano, Angola poderá a partir da próxima semana enviar para a RDC um contingente de 500 militares para apoiar as FARDC – Forças Armadas Democráticas do Congo, que desde segunda-feira, 27 de Janeiro, estão a travar duros combates contra as forças rebeldes do movimento M23 em Goma, maior cidade da região Leste do país.

Em reacção ao anúncio do governo angolano, o líder do M23 teceu ameaças directas contra o Presidente de Angola, João Lourenço, se interferir nos conflitos internos da RDC. “Vamos fuzilar todos os militares angolanos e enviar os corpos para Luanda caso venham a intervir nos conflitos existentes entre o M23 e a República Democrática do Congo”, afirmou Corneille Nangaa.

“Sua Excelência, João Manuel Gonçalves Lourenço, tem-se mostrado parcial na mediação dos conflitos internos na República Democrática do Congo. Ele oculta os outros aspectos da crise congolesa, que justificam a nossa revolução constitucional. Como disseram Mahatma Gandhi e Nelson Mandela “Tudo que é feito para mim sem mim é contra mim”, disse o líder do M23, Corneille Nangaa, em crítica contra o facto do M23 nunca ter sido convocado para participar das negociações de paz e reconciliação nos Acordos de Luanda (Angola) e Nairobi (Quénia).

De domingo (26) a quinta-feira, 30 de Janeiro, os combates pelo controle da cidade de Goma já resultaram na morte de mais de 700 pessoas, deixando outras 2.800 feridas.

A contra-ofensiva das FARDC – Forças Armadas Democráticas do Congo em coordenação com forças aliadas do Burundi não estão a ser suficientes para travar o avanço dos rebeldes do M23 apoiados por pelo menos 2.300 militares do Ruanda em direcção ao sul da RDC, aproximando-se da cidade de Bukavu, na província de Kivu do Sul. A evolução dos combates no país preocupa a ONU, que teme um conflito regional.

As autoridades da província de Kivu do Sul anunciaram três dias de recrutamento de voluntários prontos para o combate.

Os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reuniram-se sexta-feira, 31 de Janeiro, em Harare, capital do Zimbabwe, em Cimeira Extraordinária para reafirmar o seu compromisso “inabalável em continuar a apoiar a RDC”.

Artigos Relacionados

Leave a Comment