RECENTE VENDA DE DIAMANTES RENDEU 6,5 MILHÕES DE DÓLARES

A Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam) arrecadou 6,5 milhões de dólares (5,8 milhões de euros) com a venda de 226 quilates de diamantes, anunciou hoje a companhia estatal.

De acordo com um comunicado da Sodiam, nove pedras especiais de diamantes brutos das Sociedades Mineiras do Lulo, Kaixepa e Sangamina foram licitadas em leilão.

As sessões de avaliação decorreram entre segunda e quarta-feira, nas instalações da Sodiam E.P em Luanda, sendo que as licitações foram submetidas por via electrónica, tendo participado do leilão 18 empresas, representando as principais praças e centros diamantíferos mundiais.

Segundo o administrador executivo da Sodiam, José Silva, citado na nota, “este leilão ocorre do culminar de um ano negativo para toda indústria diamantífera mundial, em que os preços continuam com uma tendência descendente devido a uma acentuada quebra na demanda e elevados níveis de stock nas principais praças”.

José Silva sublinhou que as sociedades mineiras angolanas têm optado pela venda de pedras especiais na modalidade de leilões, por forma a poder tirar maior proveito das ofertas competitivas e assim poder fazer face à actual pressão sobre a sua tesouraria.

“Espera-se que para 2025 se comece a registar alguma ligeira recuperação na procura, face às perspectivas de recuperação da economia americana que vai apresentando nas últimas semanas”, frisou.

Em Outubro, o presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), José Ganga Júnior, disse que o sector diamantífero angolano continua a atravessar uma crise para comercializar os seus diamantes, havendo uma reserva de mais de três milhões de quilates à espera por “melhores dias”.

Recorde-se que, no dia 30 de Agosto, o Governo angolano disse que estava a comercializar os diamantes produzidos no país a metade do preço praticado há dois anos, devido ao contexto internacional, com impacto negativo nas empresas, economia e projectos sociais.

Nem os diamantes ajudam o Presidente João Lourenço a provar que o MPLA fez mais em 50 anos do que Portugal em 500!…

Na altura, falando a alguns jornalistas, o secretário de Estado dos Recursos Minerais, Jânio Correia Vítor, disse que “a nossa arrecadação de receitas está hoje pela metade e isso tem muito a ver com a situação internacional. Estamos a vender hoje (os diamantes) pela metade de preço do que vendíamos há dois anos”.

De acordo com governante, os preços praticados actualmente têm impacto negativo nas empresas produtoras do mineral, e também na economia do país e nos projectos sociais de desenvolvimento local, no âmbito da responsabilidade social.

Jânio Correia Vítor deu conta, por outro lado, que pelo menos nove milhões de quilates de diamantes foram já produzidos este ano e, sem avançar o volume de receitas, salientou que até Dezembro as autoridades esperam ultrapassar a barreira dos 10 milhões, sobretudo com a entrada em produção da mina do Luele.

Já no dia 7 de Agosto, a administração da ENDIAMA, revelou que os preços dos diamantes angolanos ficaram 30% a 55% abaixo do planificado no primeiro semestre de 2024.

O administrador executivo da ENDIAMA, Laureano Receado Paulo, disse que, “de facto, a situação do mercado dos diamantes não está muito satisfatória. Hoje temos, praticamente, vendas abaixo de 30% a 55% do preço planificado. Se se mantiverem os níveis actuais dos preços provavelmente vamos experimentar algumas dificuldades até o final do ano”.

O responsável, que falava na abertura do workshop de balanço semestral de produção de diamantes neste ano e perspectivas para o futuro, sinalizou também um conjunto de desafios que actualmente o subsector dos diamantes enfrenta.

De acordo com o gestor, o segmento da produção dos diamantes em Angola só poderá melhorar com o conhecimento geológico para a descoberta de novas minas, realçando que já decorrem trabalhos para a melhoria do sistema de desmonte, carregamento, transporte e tratamento de diamantes.

“Continuamos também a dar ênfase à questão relacionada com questões económicas, teremos de trabalhar sempre no sentido de reduzir os custos ambientais e também constitui para nós uma grande missão a questão da responsabilidade social”, frisou.

Laureano Receado Paulo apontou ainda a necessidade de aumentar a capacidade produtiva e investigativa a nível da mina de Catoca, uma das maiores minas do país, para a manutenção da sua produção até os próximos 20 anos, referindo que a mina do Luele estava em fase de consolidação.

“Neste momento temos em fase muito avançada dois projectos da ENDIAMA que é o Chambacanda e o Luaximba, que poderão, num futuro breve, aumentar o ciclo produtivo a nível do subsector dos diamantes”, concluiu.

Segundo o portal Minas de Angola, pelo menos 4,2 milhões de quilates de diamantes foram produzidos nos primeiros cinco meses de 2024 em Angola, período em que o país arrecadou 288 milhões de dólares.

As minas de Catoca e Luele produziram a maior parte dos diamantes neste período, nomeadamente 88% da produção retirados de depósitos primários e 12% dos depósitos secundários.

O ano passado, Angola apresentou as suas potencialidades mineiras na Conferência Mining INDABA 2023, na África do Sul, promovendo também os minerais necessários para a transição energética.

Segundo o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, que chefiou a delegação angolana ao evento, a divulgação do potencial mineiro do país visava atrair investidores para a prospecção e pesquisa desses minerais em solo angolano.

“Para esta conferência nós trazemos especificamente a promoção dos minerais que são necessários para a transição energética, não queremos com isso dizer que estamos apenas a preocuparmo-nos com os minerais importantes para a transição energética, mas divulgar o potencial que o país tem”, disse o ministro.

Em declarações à margem da conferência, que congregou vários operadores do sector mineiro do continente africano e não só, Diamantino Pedro Azevedo também destacou a presença de empresas angolanas no evento.

“Trazemos a parte institucional, onde damos a conhecer como as empresas podem obter os direitos mineiros para que possam desenvolver a sua actividade no nosso país, bem como as infra-estruturas que já possuímos de apoio à indústria mineira”, referiu.

As acções e potencialidades de Angola a nível da indústria mineira foram abordadas num painel especifico, tendo o ministro mantido contactos com dirigentes de várias empresas mundiais do sector e com instituições financeiras interessadas em financiar o sector mineiro angolano.

Folha 8 com Lusa

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