Indiferentes ao facto de Cuba estar sem electricidade há vários dias, os colaboradores cubanos continuarão a apoiar Angola no domínio da saúde e outros, independentemente da crise económica.
Este compromisso foi expresso pelo ministro da Saúde Cubano, José Angel Portal Miranda, durante a inauguração do Hospital Geral do Cuanza Sul, em homenagem ao Comandante cubano Raúl Díaz Arguelles (só podia, é claro!), que prestou importantes serviços à população angolana durante o conflito armado, nomeadamente ajudando os angolanos do MPLA a matar os angolanos da UNITA. E, naturalmente, o MPLA não esquece esses altos serviços prestados à sua nação.
“Ao longo dos anos, temos partilhado desafios, mas também vitórias. Cada vitória na saúde é uma vitória para a vida e o futuro dos nossos povos”, afirmou.
José Miranda recordou a longa história de colaboração entre Cuba e Angola, que se estendeu a várias áreas, além da saúde, como educação, cultura e agricultura. Desde 1976, o país da América Central e Caribe tem contribuído para a formação de recursos humanos e prestação de serviços médicos em diversas regiões de Angola.
Actualmente, 1.243 colaboradores cubanos estão a trabalhar na área da saúde em Angola, contribuindo para a formação de profissionais angolanos. Desde o início da cooperação, mais de 16.500 colaboradores já passaram pelo país, incluindo 1.646 formados em universidades cubanas.
“Estou certo de que, sob a orientação dos ministérios da saúde de ambos os países, continuaremos a avançar para um futuro de prosperidade partilhada neste sector”, acrescentou.
O ministro expressou ainda a sua gratidão pelo apoio de Angola na luta contra o bloqueio imposto a Cuba, por alegadamente ser um dos países patrocinador do terrorismo.
Enquanto isso, o Presidente cubano tinha anunciado que a ilha se encontrava em “emergência energética” devido às dificuldades em comprar o combustível necessário para alimentar as centrais eléctricas, em consequência do agravamento do embargo de Washington. De acordo com Miguel Díaz-Canel, alguns residentes saíram à rua para causar “distúrbios” em plena crise
Cuba vai “actuar severamente” contra quem “perturbar a ordem” durante o corte de electricidade que há vários dias afecta o país, advertiu o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
Vestido com um uniforme militar, Díaz-Canel disse, no domingo, no programa noticioso da televisão cubana, que alguns residentes tinham saído à rua numa tentativa de “provocar a desordem pública”.
O Governo disse esperar restaurar a electricidade na noite desta segunda-feira. “Entre segunda-feira de manhã, à tarde ou à noite”, o serviço será restabelecido para a maioria dos cubanos, disse o Ministro da Energia e Minas, Vicente de la O Levy.
Algumas centenas de milhares de cubanos puderam beneficiar de algumas horas de energia no domingo, antes de todo o sistema eléctrico ser novamente paralisado, de acordo com a companhia de electricidade cubana.
Na quinta-feira, na véspera do apagão, o Presidente cubano tinha anunciado que a ilha se encontrava numa “emergência energética” devido às dificuldades em comprar o combustível necessário para alimentar as centrais eléctricas, em consequência do agravamento do embargo que Washington impõe à ilha desde 1962.
Nos últimos três meses, os cubanos têm sofrido cortes de energia cada vez mais frequentes, com um défice energético em todo o país de 30%. Na quinta-feira, este défice atingiu os 50%. Nas últimas semanas, os cortes de electricidade duraram mais de 20 horas por dia em várias províncias.
A electricidade em Cuba é produzida por oito centrais termoeléctricas obsoletas, algumas das quais avariadas ou em manutenção, bem como por várias centrais flutuantes alugadas a empresas turcas e por geradores.
Os cortes de energia desencadearam as manifestações históricas de 11 de Julho de 2021. Em Setembro de 2022, Cuba já tinha sofrido um apagão generalizado depois de o furacão “Ian” ter atingido a parte ocidental da ilha. O restabelecimento total da electricidade demorou vários dias na capital e várias semanas em todo o país.
Mesmo às escuras, recordemos que no dia 9 de Junho de 2020 o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Pedro Sebastião, disse em Luanda que eram os médicos cubanos que tinham assegurado nas zonas mais recônditas do país, os serviços de saúde. Mais um atestado de imbecilidade aos nossos médicos em particular, e a todos os angolanos em geral.
Pedro Sebastião respondia na Assembleia Nacional aos comentários levantados por deputados relativamente ao Relatório das Actividades Realizadas para o Controlo da Pandemia da Covid-19, apresentado no Parlamento.
A vinda de médicos cubanos e as condições salariais para os mesmos tinha sido alvo de críticas sobretudo da classe médica angolana, tendo o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola considerado mesmo a hipótese da paralisação dos serviços em protesto.
Segundo Pedro Sebastião, o Governo considerava essa reclamação um não problema, porque está “habituado a viver essas situações”.
“E se nós olharmos para o país real que nós somos, olharmos ali onde o sol mais castiga, quem são os médicos que lá estão? Com todo o respeito que temos da classe, mas nós vamos encontrar aí, em municípios que todos nós conhecemos, esses médicos a emprestarem todo o seu profissionalismo, toda a sua entrega, dedicação, para minimizar os problemas por que nós vivemos hoje, com dificuldades de colocar profissionais da saúde em quantidade e qualidade nesses pontos”, frisou o general num manifesto, inequívoco e arrasador atestado de incompetência e falta de patriotismo aos nossos médicos.
Face ao quadro que descreveu, Pedro Sebastião considerou que a situação “por si só dispensa comentários”.