ERRADICAR A POBREZA, DISSE ELE NA ONU

O Presidente de Angola, general João Lourenço, defendeu hoje, na Cimeira do Futuro, em Nova Iorque, a importância da erradicação de todas as formas de pobreza e a necessidades de consensos sobre uma reforma da arquitectura financeira e da dívida soberana mundial. No que à pobreza respeita, os 20 milhões de angolanos pobres exultaram até ao êxtase com vivas ao presidente…

Neste evento de dois dias promovido pelas Nações Unidas, João Lourenço disse que, “na nossa investida em torno da construção de um futuro sustentável para todos devemos também colocar como ponto importante o incremento da luta a favor da erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema”.

Para o chefe de Estado angolano, também presidente do partido que está no Poder há 49 anos, esta luta é “o maior desafio global” da actualidade e “um requisito indispensável para alcançar o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar, o acesso à energia, a conectividade digital, a educação, o emprego e a protecção social”.

Segundo o Presidente angolano (não nominalmente eleito), não se podem realizar as ambições comuns para o futuro sem colocar “as pessoas mais pobres e vulneráveis” no centro das acções e garantir, desta forma, que “nenhum ser humano ou país fiquem para trás”.

Já no domínio da paz e segurança, João Lourenço defendeu ser necessário que se evolua “para uma arquitectura de paz em que o princípio da segurança partilhada seja defendido e protegido por todos, de modo que nenhum cidadão, Estado, região ou zona geográfica, se sinta protegida à custa da insegurança de outros”.

Angola (o MPLA, mais exactamente) considera que não é possível construir-se um mundo equilibrado, seguro e sustentável “em que a dignidade e o acesso às oportunidades sejam um benefício exclusivo de um pequeno grupo de privilegiados, em detrimento da maioria da população mundial”, frisou.

O general João Lourenço, que é também Titular do Poder Executivo, defendeu “igualmente a necessidade de se alcançarem consensos sobre a reforma da arquitectura financeira mundial e da arquitectura da dívida soberana mundial”, o que considerou “crucial” para a existência de “um sistema financeiro internacional mais justo e capaz de servir também os interesses dos países em desenvolvimento”.

Para o Presidente de Angola, “a adopção do ‘Pacto para o Futuro’ representa, sem sombra de dúvida, um verdadeiro ponto de viragem para uma abordagem mais dinâmica, mais comprometida, mais engajada e assertiva de questões importantes para a Humanidade”.

A Cimeira do Futuro, que se iniciou domingo na sede da ONU, incluiu a adopção de três acordos históricos que visam construir um futuro melhor para a humanidade: “Pacto para o Futuro”, “Pacto Digital Global” e a “Declaração sobre as Gerações Futuras”.

O encontro antecedeu o início do debate anual da Assembleia-Geral da ONU, que arrancará na terça-feira e terá como pano de fundo conflitos como os da Ucrânia, Gaza ou Sudão, mas também os atrasos nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a crise climática.

Embora não contribua para reduzir o número de pobres em Angola, nem o das crianças (certa de cinco milhões) que estão fora do sistema de ensino, ou das que continuam a ser geradas com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois com… fome, reproduzimos na íntegra o discurso do general Presidente:

«Tenho a honra de tomar a palavra nesta importante Cimeira, que considero crucial para examinarmos em conjunto as melhores estratégias que nos ajudem a revigorar e renovar o sistema multilateral, para estarmos melhor preparados para enfrentar os novos desafios mundiais e riscos emergentes.

Saúdo Sua Excelência António Guterres, expressando-lhe as minhas mais calorosas felicitações por ter lançado o repto da realização da Cimeira do Futuro.

Aproveito a ocasião para destacar, com satisfação, o trabalho exemplar desenvolvido pela República da Namíbia e pela República Federal da Alemanha, que na condição de co-facilitadores do processo negocial para a adopção do “Pacto para o Futuro”.

Esperamos que com a realização desta Cimeira possamos, em conjunto, encontrar mais facilmente as “Soluções Multilaterais para um Amanhã Melhor”.

A adopção do “Pacto para o Futuro” representa, sem sombra de dúvida, um verdadeiro ponto de viragem para uma abordagem mais dinâmica, mais comprometida, mais engajada e assertiva de questões importantes para a Humanidade.

É nossa convicção que o compromisso político que assumimos aqui contribuirá decisivamente para que o mundo consiga reunir os recursos necessários ao financiamento para o desenvolvimento sustentável e aos esforços de construção de uma nova arquitectura de paz, tendo sempre no centro da nossa abordagem a defesa dos direitos humanos, da igualdade do género e do “imperativo de não se deixar ninguém para trás”.

Na implementação deste roteiro global não podemos deixar de fora a juventude e as mulheres, que são motores vitais de transformação e modernização da Humanidade. Como todos nós podemos verificar, o Pacto para o Futuro oferece uma oportunidade para uma participação mais activa, significativa e actuante dos jovens e das mulheres na tomada de decisões a todos os níveis.

Na nossa investida em torno da construção de um futuro sustentável para todos devemos também colocar como ponto importante o incremento da luta a favor da erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, que é o maior desafio global do nosso tempo e um requisito indispensável para alcançar o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar, o acesso à energia, a conectividade digital, a educação, o emprego e a protecção social.

Não podemos realizar as nossas ambições comuns para o futuro e enfrentarmos este grande desafio sem colocarmos as pessoas mais pobres e vulneráveis no centro das nossas acções e garantirmos, desta forma, que nenhum ser humano ou país fiquem para trás.

No domínio da paz e segurança é necessário que evoluamos para uma arquitectura de paz em que o princípio da segurança partilhada seja defendido e protegido por todos, de modo que nenhum cidadão, Estado, região ou zona geográfica, se sinta protegida à custa da insegurança de outros.

A República de Angola defende que não é possível construir-se um mundo equilibrado, seguro e sustentável, em que a dignidade e o acesso às oportunidades sejam um benefício exclusivo de um pequeno grupo de privilegiados, em detrimento da maioria da população mundial.

Defendemos igualmente a necessidade de se alcançarem consensos sobre a reforma da arquitectura financeira mundial e da arquitectura da dívida soberana mundial, sendo isso crucial para que tenhamos um sistema financeiro internacional mais justo e capaz de servir também os interesses dos países em desenvolvimento.

Angola tem feito, nos últimos tempos, uma aposta decisiva e responsável na questão da transição da economia, para a digitalização de todos os processos que a envolvem.

Estamos convencidos de que, ao darmos este passo, colocaremos as nossas populações e instituições mais próximas e vinculadas aos mecanismos mais modernos de interconexão global da economia e do comércio, reduzindo assim as barreiras geográficas que a economia tradicional impõe.

Gostaria de terminar manifestando a esperança de que a Cimeira do Futuro contribua para que haja uma maior coordenação na governação económica global, tendo em vista a redução das desigualdades entre os Estados e a promoção de um desenvolvimento sustentável e sustentado, que resolva os problemas da pobreza, da fome, da desnutrição, da insegurança e de outros males que afectam a sobrevivência das populações mais vulneráveis em todo o mundo.»

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