MAIS DO MESMO, SEIS POR MEIA DÚZIA

Diz o Governo que as províncias de Benguela, Namibe, Cuanza-Sul e Malanje receberam 12.615 turistas no último fim-de-semana prolongado, entre os dias 14 e 17 de Setembro. Consta que o número está errado porque uma das turistas estava grávida…

Benguela, com uma taxa de ocupação hoteleira de 99,9 por cento, acolheu 3.100 turistas, Namibe (99,8 por cento) 4.309, Cuanza-Sul (93,6 por cento) 1.653 e Malanje (94,3 por cento) acolheu 3.555, no período em referência, por ocasião do Dia do único Herói Nacional que o MPLA permite, o tal que mandou assassinar 80 mil angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977 e que dá pelo nome de Agostinho Neto.

Esta taxa de ocupação em hotéis e similares reflecte a tendência crescente que o sector do turismo tem registado nos últimos tempos. De Janeiro a Julho de 2024, notou-se um crescimento de 9,2 por cento, comparativamente a igual período de 2023.

Dados apreciados pela Equipa Económica do Executivo (do MPLA há 49 anos), indicam que os hotéis acolheram 847.971 visitantes nos primeiros sete meses do corrente ano, enquanto pensões e outros estabelecimentos registaram 334.605 hóspedes.

Nesse período, o país registou a entrada de 83.587 turistas, contra 75.675 no mesmo período de 2023.

Em Julho último, o número de camas ocupadas aumentou 40 por cento, em alinhamento com o crescimento do número de entradas de turistas, que se fixou em 13,8 por cento.

Esta dinâmica permitiu a criação de 2.494 empregos, contra 1. 535 no mesmo período do ano passado.

No passado dia 2 de Maio, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, apelou, na província da Huíla, a cada angolano a ser um “embaixador” do turismo nacional.

A realização de safaris nas lixeiras onde muitos dos 20 milhões de angolanos pobres procuram comida pode ser uma solução estratégica…

Discursando na abertura da VII edição da Bolsa Internacional do Turismo (BITUR) que a cidade do Lubango acolheu, referiu que os angolanos têm de ser os primeiros interessados em conhecer e explorar o potencial turístico do país. Ou seja, neste como em todos os outros, os cidadãos devem fazer o que cabe ao Estado fazer, isto – como é o caso de Angola – quando o Estado é sinónimo de MPLA.

Adão de Almeida argumentou que se o turismo interno for uma realidade vibrante, mais facilmente despontará o turismo estrangeiro. Esse contributo deve ser dado, em primeira linha – presume-se – pelos 20 milhões de angolanos pobres, com o apoio dos cinco milhões de criança que estão fora do sistema de ensino.

O ministro considerou que é nessa qualidade que a função primária do angolano é promover o país, a cultura, a história, a fauna, a flora e todos os outros activos turísticos. E, subentende-se, só depois disso devem preocupar-se em passar o tempo a procurar comida nas… lixeiras.

“O turismo global é cada vez mais competitivo e todos somos poucos para fazer do turismo angolano um sector capaz de competir com as outras nações. Se cada turista que vier a Angola sair com uma boa imagem da nossa hospitalidade é um potencial promotor do turismo lá onde for”, ressaltou. E tem razão. O que importa mostrar aos estrangeiros não o país real, mas sim o país dos dirigentes do MPLA.

Segundo Adão de Almeida, para tal é necessário uma “estratégia mais ousada e pragmática”, capaz de oferecer vantagens comparativas e, assim, incentivar os investidores a escolher Angola como destino do seu investimento. Será que, no âmbito dessa “estratégia mais ousada” o Governo está a pensar fazer safaris nas lixeiras?

Para o ministro, cada turista que não vem a Angola é uma oportunidade perdida para contribuir-se para o crescimento da economia, gerar emprego para a juventude, captar divisas e fazer o país prosperar.

Por isso, sugeriu ao Ministério do Turismo que trabalhe com o da Administração do Território, os governos provinciais e as administrações municipais, para despertar nos órgãos da administração local um maior engajamento no fomento do turismo local.

“Temos de colocar no mapa do turismo, cada província e cada município, desafiando-os a assumir a sua quota-parte no fomento e no desenvolvimento do turismo em Angola, desde logo, incentivando a elaboração de Planos Provinciais e Planos Municipais de Turismo”, exortou o dirigente.

Adão de Almeida destacou o interesse e a importância que o Executivo dá ao sector do turismo, como foi feito recentemente com a isenção de visto de turismo para cidadãos de 98 países e o trabalho para a melhoria do ambiente de negócios.

Ainda no quadro do fomento da actividade turística, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do maior perito em turismo no estrangeiro, João Lourenço, defendeu a necessidade de se trabalhar na preparação, aprovação e execução de um projecto de simplificação de procedimentos da Administração Pública voltado exclusivamente para o sector do turismo.

Sinalizou que um “simplifica – turismo” pode melhorar toda a cadeia de intervenção público-administrativa nos diferentes ramos, do nível local ao central, para que a relação Estado – sector privado “seja mais aprazível”.

Adão de Almeida disse ser importante continuar a trabalhar para melhorar a abordagem dos pólos turísticos, pois o modelo existente precisa de ser repensado, na medida em que cria sobreposição entre instituições públicas e gerar dúvidas nas competências, enfatizando, por isso, o papel do sector privado.

Para o governante, nesse segmento, o papel do sector público deve resumir-se à regulação, à promoção, ao incentivo e à eliminação de dificuldades.

Continuar a trabalhar para melhorar as infra-estruturas cruciais para a dinamização do turismo, como o Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, assim como em vários projectos diferentes e de dimensões distintas para a melhoria dos sistemas de abastecimento de energia e de água, de melhoria do saneamento das cidades, de aumento da oferta de transportes, são outros elementos a se ter em conta, segundo o dirigente.

Por outro lado, afirmou que os dados disponíveis revelam existir um défice de oferta formativa, pelo que é fundamental trabalhar-se para que a oferta formativa dos níveis secundário e de formação profissional afins estejam disponíveis em todas as províncias do país.

Nesse capítulo, exortou maior atenção aos funcionários das missões diplomáticas, Serviço de Migração e Estrangeiro, os taxistas, recepcionistas de hotéis, empregados de quarto, do cozinheiro, do gestor hoteleiro, do empregado de restaurante, do guia turístico e do próprio cidadão.

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