ESTELIONATO POLÍTICO E BURLA IDEOLÓGICA ÀS POPULAÇÕES AUTÓCTONES

A elite dominante, há 49 anos, em Angola, é tão complexada e assimilada, que adopta os valores ocidentais descurando os valores, culturas, tradições e línguas umbilicais dos povos, tribos e micronações autóctones, cujas secundinas estão enterradas neste imenso e secular território, pertença dos vários reinos.

Por William Tonet

A histeria, nos últimos dias, tomou conta de certos dirigentes e governantes do MPLA, com a vaidade umbilical a subir ao topo da pirâmide, face à notícia (“breaknews” ou “fake news”), da Reuters sobre uma eventual viagem, que seria a primeira a África e a Angola do presidente americano, Joe Biden, antes de Novembro de 2024, termo do seu mandato.

Sem ainda haver confirmação do Departamento de Estado, o “fumus”, alegadamente, já levou à abertura de várias garrafas do caro champanhe, Moet Chandon (com o qual um dos secretários de João Lourenço tempera a sua comida), nos corredores do Palácio Presidencial e dos demais órgãos do poder, ao ponto de considerarem ser a maior vitória diplomática do consulado e, até, um verdadeiro antídoto capaz de acelerar a melhoria do estado de saúde do Presidente da República, acometido a um leito hospitalar, no Reino de Espanha, face a uma “doença secreta”…

Mas, alguns analistas acreditam tratar-se de um astucioso embuste encomendado, milionariamente pago ao jornal britânico, com dinheiro público, para induzir e enganar os angolanos, sobre uma grande parceria: Biden X Lourenço, quando a finalidade é a de encobrir o enriquecimento ilícito e a obtenção de vantagem sobre o património público, sem escrutínio, através de contratação simplificada (ajuste directo), para compensar os EUA, na vantagem que China e árabes levam já, na divisão do país, no consulado de João Lourenço.

A ser verdade, estaremos diante de uma burla ideológica, visando branquear a imagem bastante desgastada do actual inquilino do Palácio da Cidade Alta e da neoliberal política económica.

Diante do descalabro político, fruto da arrogância, intolerância, incapacidade de fazer pontes e dialogar com os seus camaradas, criaram-se alas tão antagónicas, ao ponto de desembocar numa boçal manifestação (MPLA versus MPLA), com a ala presidencial a atacar e vilipendiar, em hasta pública, Dino Matross, Nandó, Higino Carneiro, Boavida Neto.

As reacções sobre o “matumbismo ideológico” de tentar tapar o Sol com a peneira de responsabilizar os que advogam múltiplas candidaturas e a implantação da democracia interna no MPLA, foram tão negativas, que era necessário a criação de um facto político novo. Ei-lo!

Biden em Angola?

Provável. Mas improvável, também…

A Reuters, mãe da criança, baseou a notícia em fontes credíveis ou não?

Nesta fase de elevada tensão, com as eleições na América, seria uma espécie de “heresia política”, o presidente americano trocar Israel e Ucrânia por Angola…

Mas, para João Lourenço, a concretizar-se, seria (será?) a cereja no topo do bolo e a peça que falta(va), para legitimar, a extensão do seu poder, sob a capa de apoio incondicional norte-americano.

Um conflito, por incrível que pareça, neste momento, favorece mais os intentos do Titular do Poder Executivo, que o aproveitará para lançar âncora ao art.º 58.º (Limitação ou suspensão dos direitos, liberdades e garantias) da Constituição, instaurando o estado de sítio.

A justificativa a evocar será “de agressão efectiva ou iminente por forças estrangeiras, de grave ameaça ou perturbação da ordem constitucional democrática ou de calamidade pública”.

E, com isso, os “bajuterroristas” do regime, poderão ver uma porta aberta, a continuidade do Presidente João Lourenço, sem necessidade de “garimpar” os 2/3 exigidos pela Constituição, para um terceiro mandato em 2027, impondo desde logo, a restrição das liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos, a proibição dos direitos de reunião e manifestação, o fim da liberdade de imprensa, a suspensão de órgãos independentes e o adiamento “sine die” das actividades dos partidos políticos e das eleições.

Obviamente, o Ocidente, qual ave de rapina, ficará calado, emitirá comunicados evasivos, porque cúmplice da instabilidade.

Mas vindo ou não para Angola, Biden reforçará, em prol das empresas americanas, a concessão do Corredor do Lobito, obtendo ainda uma carta-branca, para sem controlo, explorarem as grandes riquezas minerais, ao longo de todo corredor do Leste e das inúmeras minas virgens de lítio, cobalto, manganês, ouro além de madeiras.

Esta estratégia é um autêntico estelionato político com os quatro condimentos caracterizadores, pois visa a obtenção de vantagem ilícita; causar prejuízo aos cidadãos; usar de artimanha, enganar as populações, levando-as a errar, por acreditar que o projecto do Corredor do Lobito e Joe Biden, em final de mandato, em África só tem João Lourenço como líder confiável de uma hipotética potência regional.

PROTECÇÃO POR ENTREGA DE PATRIMÓNIO

A entrega de minas e terras férteis angolanas, contrariando os artigos 95.º e 98.º da Constituição, por protecção americana, a ser verdade, não pode ser desvalorizada, nos tempos que correm, quando a Líbia, Iraque, Síria e Cabo Delgado (Moçambique), desestabilizados por forças mercenárias ocidentais e guerrilheiras fundamentalistas, estão à mão de semear.

A desestabilização destes países garante o escoamento de riquezas baratas, à luz do dia, para o Ocidente, permitindo-lhes, sustentar as centrais nucleares, que lhes garante energia eléctrica, o fornecimento de matérias-primas para os componentes da indústria electrónica e espacial…

Nas margens da fronteira leste de Angola, ocorrem dois fenómenos que não devem ser minimizados; primeiro, o contínuo fornecimento de armas aos rebeldes do M23 da República Democrática do Congo, protegidos pelo Ruanda e Ocidente, que ganha com a instabilidade; segundo criação de movimentos fundamentalistas islâmicos, para causar a instabilidade regional, através de guerrilha subversiva.

O Leste de Angola (Lundas, Moxico) é uma granada desencavilhada, dado não só o enorme potencial mineralógico, muitos raros e inexplorados, localizados por satélite americano, numa longa extensão até o interior da Zâmbia, como, também, a existência de uma numerosa legião de imigrantes ilegais, muitos com formação militar de guerrilha subversiva, mas disfarçados de comerciantes, estabelecidos com dinheiro de sangue das máfias especuladoras ocidentais e fundamentalistas islâmicas, que controlam, completamente, a economia alimentar, cambial, de materiais de construção, de peças e sobressalentes de viaturas, da compra e venda de diamantes, de panificação, águas e bebidas, etc..

Um sério atentado à integridade da soberania do país, dolosamente menosprezada pelo regime “entregacionista” de extrema-direita do MPLA, indiciando uma cumplicidade espúria, para secretamente, serem exploradas minas não declaradas, à pala da concessão do Corredor do Lobito.

A política de rapina numa terra rica, discriminando os autóctones Tchokwes, votados a fome e miséria, com o aumento da ostentação de riqueza pelos imigrantes, protegidos, ostensivamente, pela polícia, FAA e tribunais, determinará a grande explosão social de pobres (da terra) contra os ricos (estrangeiros).

A reacção será imprevisível, dado os vários batalhões de fundamentalistas islâmicos, com formação militar e armados, disfarçados de comerciantes e garimpeiros, prontos para atender ao chamamento religioso, que lhes garante um Estado muçulmanizado em Angola, com capital messiânica na Lunda…

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