Jovens, negar os feitos dos guerrilheiros destes movimentos (MPLA, UNITA e FNLA), é ser ingratos, e demonstra falta de humildade e reconhecimento de nossa parte. Nenhum erro destes guerrilheiros irá sobrepor os seus feitos.
Por Tomás Alberto
Destemidos/as, corajosos/as, bravos/as, entrega total. Num contexto de guerra, era liberdade ou morte (estas eram as duas únicas saídas), com objectivo único, independência de Angola, de modos a melhor a vida social e económica de seu povo.
É bem verdade que eles lutaram com o mesmo propósito, mas não lutaram juntos e unidos. Na altura, segundo o que imagino, havia coisas que transcendiam as suas motivações, pois para além das razões da independência, havia o interesse de quem capacitou e financiou. Como sempre, eles estão sempre lá, o mal necessário.
Os lobos com pele de cordeiro, que nunca dizem quais são os seus interesses, mas estão sempre presentes para “ajudar”. Ainda assim, não há erros ou falhas que retiram o mérito aos nossos libertadores.
Jovens que ocupam cargos públicos, nós não vivemos na primeira pessoa tudo aquilo que os mais velhos viveram, que aos poucos vão se reconciliando. Pois não é fácil apagar da memória tudo aquilo que eles passaram. Mas ainda assim, como irmão e filhos desta terra, agora em paz, paz esta que eles próprios conquistaram, convivem pacificamente na polícia, forças armadas, tribunais, parlamento…
Nós não devemos envolver-nos nisso. Pois percebo que não é isso que os nossos mais velhos querem. Eles colocaram-vos aí esperando que vós continuem a solidificar aquilo que foi o propósito da luta de libertação nacional.
Esta luta é contínua, e cada geração tem o compromisso de fazer a sua parte de modo a atingirmos juntos e unidos o propósito da luta. Pois ela ainda não terminou.
Jovens da sociedade civil, durante muito tempo, foi-se gizando várias estratégias de manifestação e por aí a fora. É altura de se fazer um balanço dos resultados destas manifestações. Nós não devemos insistentemente fazer uma coisa que não está a dar resultados.
Me parece que, o que se está a fazer, está agudizando cada vez mais a situação.
Muitos pensam que despertaram porque criticam o governo, viajam pela Europa, aderem a manifestações e desobedecem às autoridades.
Caiam em si jovens, isso não é sinónimo de despertar, porque se assim fosse, não teríamos os mesmos problemas de falta de emprego, produção de bens e serviços… Caiam em si, despertar não é abrir a boca para criticar, conhecer leis, mas produzir para se alimentar e inovar…
A Oposição, dada a apresentação das peças no tabuleiro, estava nítido que tinha chegado o momento da oposição. Para quem sabe fazer leitura do jogo, notou que haviam duas peças chaves no tabuleiro que movimentam os peões. Mas que a mudança do rei, comprometeu tudo.
Existem certos jogos, em que a confiança é indispensável para começar.
Pela pressa ao se fazer as coisas, estava claro que algumas pessoas da oposição sabiam das duas peças-chaves. Mas, puseram os seus interesses acima dos interesses nacionais.
Uma vez comentei com alguém, para se ocupar um cargo de tamanha responsabilidade, não basta ser apenas inteligente e bonito. Tem que se ter maturidade política, ser ponderado, estar comprometido com o país e seu povo.
Por vezes acredito que um grupo da oposição não tem interesse no bem-estar do povo, mas de si mesmos, na ânsia de alcançar o poder a todo custo.
As instituições são compostas por seres humanos, os seres humanos agem, e reagem automaticamente. O que quero dizer, quando há uma pressão, o cérebro fica na defensiva. Um ser humano na defensiva, não tem tempo para pensar, o cérebro processa um estímulo de cada vez. Daí que, quem está na defensiva, apenas reage com objectivos de se defender. Deixá-los relaxados e dar o benefício da dúvida, é a melhor coisa que se pode fazer.
Proposta:
Aos deputados da oposição, juntam-se à proposta do partido que governa, de modos a surgir uma aproximação, e reduzir a pressão.
Talvez esta situação os deixe mais relaxados para dedicarem mais tempo ao trabalho, sem ter que se preocupar com as críticas da oposição. Pós que, em ambiente de disputas, o ser humano não tolera quem o critica.
Estamos numa fase em que não nos interessa mais saber quem é o mais inteligente, bonito ou sabe mais. Discursos bonitos não enchem barriga. Estamos numa fase em que queremos comida na mesa. Até porque, por mais que votem contra, argumentam muito bem, a proposta de lei, na mesma passa.
Nós todos sabemos das regras, quem tem maioria dos deputados é quem governa e aprova leis.
As discussões fazem-se na especialidade, na hora da aprovação votam a favor. Talvez este gesto possa ser recíproco.
Proposta à sociedade civil, sobretudo os jovens, para os que têm feito manifestações, que pelo menos fiquem 3 anos sem fazer manifestações de contrariedade, façam de apoio ao governo. É apenas uma possibilidade, talvez algo mude, será menos um assunto com o qual o governo terá que se preocupar.
Aos que não fazem manifestações, mas estão sempre a criticar, deixam de fazer críticas. Neste período de 3 anos, vamos deixar os nossos governantes trabalharem sem pressão. Talvez precisem de espaço para trabalhar sem pressão, e sem críticas.
Se neste período os resultados não forem bons, aí sim, talvez os governantes caiem em si, e percebam que precisamos andar juntos e unidos na mesma causa, a causa do povo Angolano. Coisa que faltou na luta de libertação nacional (andar juntos e unidos na mesma causa).
Antes mesmo que alguém diga, este é o papel da oposição, gostaria de perguntar, desde 1992, se resultou alguma coisa para além deles serem deputados e terem regalias? A causa da luta é para o povo. Mas o beneficiário não tem sido o povo.
Não é mais altura de viver dos papéis, ou formalidades, queremos comida, emprego, auto-emprego, oportunidades para os jovens… Queremos coisas práticas que mudam nossas vidas para melhor…