A Direcção Política da Frente de Libertação do Estado de Cabinda- FLEC-FAC, coligiu e analisou na sua recente reunião, todas as reverências históricas que, se podem reter, sobre os factos políticos relevantes na História da luta de Cabinda, no mês de Agosto, até aos dias de hoje, com gostos e desgostos.
Por Emmanuel Nzita (*)
1- A luta de resistência, no contexto do Movimento de Libertação em Cabinda, completa hoje, dia 2.08.023, sessenta anos, a realização do “Congresso dos Cabindas” que no Congo Brazzaville, dois dias depois, fundou a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda-FLEC, fusão do Movimento de Libertação do Enclave de Cabinda -MLEC, Comité de Acção para União Nacional Cabindesa-CAUNC e Aliança do Mayombe-ALIAMA, dos patriotas, Luís Gonzaga Ranque Franque, Nzita Henriques Tiago e Eduardo Sozinho: Presidente, Vice-presidente e Secretário Geral, respectivamente.
O maior desgosto a assinalar, foi a acção da Polícia Secreta Portuguesa, a PIDE que em defesa do Estado, fez com que uns fugissem para o exílio, enquanto Nzita Tiago e outros tantos, parassem nas cadeias de São Nicolau, durante anos, donde os sobreviventes foram libertados em 1974.
2- A FLEC, fundada em Agosto de 1963, deu gosto na emancipação da política cabindesa, pois na História Colonial Portuguesa de Cabinda, as efemérides eram respeitadas com pompas e circunstâncias.
3- Com a descoberta, exploração e exportação do petróleo a partir de 1968, Cabinda conheceu um nível de desenvolvimento socioeconómico substantivo que permitiu um fluxo migratório assentado, de angolanos, cabo-verdianos, santomenses, zairenses e congoleses, cujos ascendentes, conformam hoje parte da demografia da nossa população.
4- Com o bum do petróleo, a partir de 1968/69, minimizou-se o problema de desemprego e, em Cabinda era visível a construção de alguns edifícios de dois à seis andares, graças aos Planos, FURUC – Fórum Urbano e Rural de Cabinda, CALABUBE-Cabinda, Lândana, Buco-Zau e Belize e PGPRC – Promoção Global das Populações Rurais de Cabinda, este último, fomentado e apoiado pelo Estado, cuja força do trabalho, era a juventude estudantil, rotativamente e, remunerada.
5- Com a proclamação do 25 de Abril de 1974, os preparativos do MPLA, para a ocupação ilegal de Cabinda, recomendaram à sua direcção, a proclamar o dia 1 de Agosto de 1974, como dia das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola -FAPLA, como forma de nunca permitir que o povo de Cabinda, comemorasse de 2 a 4 de Agosto a fundação da FLEC.
6- O Agosto, fez gosto ao povo de Cabinda, quando na ânsia de ofuscar o macabro plano político do MPLA, no dia 1 de Agosto de 1975, embora ocupada pelo MPLA desde Novembro de 1974, em plena Cimeira da OUA em Kampala no Uganda, o Presidente da FLEC – Luís Ranque Franque, proclamava a independência de Cabinda, reconhecida por muitos países africanos, mas ofuscada, pela então URSS, através do seu embaixador em Brazzaville, que presente na Cimeira e que jogou um papel em defesa do MPLA que, não sendo um Estado, nunca teria voz. Porém, a URSS, a quem o MPLA “alugou” o verbo, era (é) Membro Permanente do Conselho de Segurança da ONU, estandarte da Guerra-Fria, com os EUA.
7- Porém, os gostos e desgostos político, continuaram em disputa, quando o MPLA, nas vestes de Partido/Estado em Angola, teve outra vez o 1° de Agosto eleito, não apenas como nome da sua agremiação desportiva militar, para garantir comemorações a levar o povo de Cabinda ao esquecimento de tudo quanto regista sobre a data, levou o Fórum Cabindês para o Diálogo – FCD, à assinatura de um dito memorando de entendimento sobre a paz e a reconciliação e de Cabinda, que se “edifica” sobre areia, com pernas de barro – Mat. 7:24,29.
8- À Comunidade Internacional, Direcção Política da FLEC-FAC, incute as suas responsabilidades com o respeito à Carta das Nações Unidas, na letra e no espírito. Sobre o “status quo” de Cabinda, a ONU, a UE e a UA, não obstante os interesses em volta, pela paz, justiça e democracia dos povos, não podem nem devem falar em silêncio. Devem sim, independentemente dos interesses económicos, está a defesa do interesse mais sagrado: a vida. O MPLA/Angola, não se preocupa nem se inibe em levar o terrorismo de estado à Cabinda, para matar, roubar e destruir.
Diz matar, os que pensam diferente e manifestam o desgosto contra o seu regime. Todavia, está num território, onde não se define, se é cão ou é rato.
9- A FLEC-FAC, quer uma vez mais, apelar Portugal, onde as sucessivas autoridades da Soberana, desde 1974 aos dias de hoje, familiarizados aos parasitismo político que os permite gerir a sua economia com o dinheiro do petróleo de Cabinda, esqueceu-se de reaver com honra, os símbolos da sua ditosa Pátria que, o povo de Cabinda ainda conserva. Pode ser histórico, o abandono dos símbolos da soberana portuguesa em Cabinda, mas vergonhoso para a colonização europeia que a história de África e do mundo, jamais perdoará.
10- A FLEC-FAC, não vê um outro momento senão o actual, em que o Secretário-Geral da ONU, é português.
Portugal, deveria redimir-se do caudalismo angolano e da corrupção e, humilde e publicamente desculpar-me ao povo de Cabinda, tal como fê-lo o Santo Padre, sobre a Igreja Católica, pois colocar o Timor numa condição política diferente de Cabinda, é mesmo que “semear milho e, colher soja”.
11- Se alguma justiça existe, fora da vontade dos homens, essa será feita e Cabinda será o que o seu povo deseja há sessenta anos, pois a força da razão é superior à razão da força.
12- O povo de Cabinda, não exige tanto, nem pretende que o aconselham pedir menos que a sua autodeterminação.
(*) Presidente da FLEC-FAC
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